Há uns tempos vi um filme em que uma mulher era convidada para apresentadora de um concurso de talentos infantil.
Primeiro, porque era uma mulher famosa. Depois, porque tinha imenso jeito a lidar com as crianças.
E ela, inocentemente, convencida de que aquele concurso seria uma boa experiência para os miúdos, que haveria oportunidades para eles, e que seriam apoiados nos seus talentos, aceitou o convite.
Só que, a determinado momento, percebeu que, ao contrário do que a fizeram acreditar, o vencedor do programa estava decidido ainda antes de ele começar.
Que o público que, ingenuamente, votava para escolher os seus favoritos, estava a ser enganado.
E que ali todos acabavam por ser meros figurantes. Peões de um jogo. Actores, cada um com o seu guião a cumprir, sem questionar.
Tudo para o show. Para as audiências.
Tudo ilusão.
Da ficção para a realidade, cada vez mais os reality shows a que assistimos mostram que são verdadeiros "mestres da ilusão"!
Mas só nos iludem até um determinado ponto.
Porque, tal como qualquer ilusionista, há sempre algo do truque que escapa.
E chega a um momento em que os próprios ilusionistas percebem que o segredo do truque já foi descoberto optando, ainda assim, por continuar a fazê-lo, mas à descarada.
O público?
Esse, sabe que está a assistir a uma fraude. Mas também ele continua. Na esperança de que, sabe-se lá como, ainda haja algo de verdadeiro, no meio de tanta ilusão. Algo genuíno, e sem truques.
Ontem estava a ver o Triângulo.
A minutos da primeira expulsão, com 3 concorrentes em risco - Moisés, Isa e Lara, a Cristina diz que, naquela noite ainda iria falar com o Moisés, na casa.
Que é o mesmo que dizer: ele não vai ser expulso!
E, lá estava, minutos depois, o gráfico, a mostrar a Isa expulsa.
Ora, se ainda nem sequer tinham mostrado o gráfico, com as percentagens, e a quem pertenciam, como é que ela já sabia?
É fácil acreditar que alguém da produção lhe deu essa informação naqueles instantes.
Mas é mais certo pensar que todo o alinhamento da gala já estava planeado, e aquelas conversas também. Logo, já estaria decidido que era "x" pessoa a sair, e não outra.
Se as coisas estão definidas à partida, ou se vão mudando ao sabor do vento, que é como quem diz, consoante as audiências e interesses da produção, não sei.
Mas que muito do que vemos (senão tudo) é ilusão, lá isso é.