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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Da aplicação StayAway Covid

e porque ainda não a instalei

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Quando foi disponiblizada a aplicação StayAway Covid, e o primeiro ministro afirmou que todos deveriam instalar, por uma questão de civismo, foram várias as pessoas que a instalaram de imediato, por si, e pelos outros.

 

A ideia em si, é boa. É mais uma forma de prevenção. De informação. De contenção.

Mas peca, por falta de informação e esclarecimentos, quanto à forma como deve ser utilizada, quais os procedimentos a tomar por quem a usa, e as implicações de não lhe dar o uso devido.

E se, por um lado, ainda existem resistentes que optam por não a instalar, por questões de privacidade ou segurança, parece-me que a preocupação deveria ser outra.

 


Se uma pessoa ficar infectada e inserir esses dados na aplicação, cumpriu o seu dever. Até aí, muito simples.
Mas, e se a pessoa estiver do outro lado? Se for a pessoa que recebe o alerta de que esteve próximo de alguém infectado? O que deve fazer? Quais são os seus deveres, e como ficam protegidos os seus direitos?
Se ignorar, e se vier a verificar que até está infectado e, entretanto, andou a infectar outros, o que lhe acontece? Afinal, ele foi avisado! Tem implicações legais? Pode ser alvo de processo disciplinar no trabalho? Ou de um processo em tribunal?


Se, por outro lado, decide ficar logo em isolamento, que justificação tem para faltar ao trabalho? Quem lhe fornece essa justificação?

Se decidir ir ao médico, para que lhe passe uma credencial para fazer o teste, o que faz nesse tempo entre o aviso recebido, e o resultado do teste?
E se, no espaço de uma semana, a pessoa receber dois ou três alertas? Tem que fazer o mesmo número de testes? Quem paga esses testes?

 


Acho que estas seriam as principais dúvidas a ser esclarecidas, antes de instalar a aplicação.

Porque, à falta destas informações, e sem saber muito bem o que fazer, é preferível não ter a aplicação instalada.

 

 

Imagem: decoproteste

 

A vida que temos é, em parte, resultado das opções que tomamos

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A vida que, hoje, cada um de nós tem deve-se, em grande parte, às opções que, ontem, tomámos em relação a ela.

O problema é que, muitas vezes, quando as opções são tomadas, apenas se pensa no que irá acontecer naquele momento, mas nem sempre nas implicações que as mesmas terão no futuro.

As pessoas só se lembram dessas implicações quando esse futuro chega, e se torna presente. E só nesse momento se lembram que cada opção traz, inerente a ela, uma responsabilidade.

 

E agora?

Agora, é pensar se, apesar de não ser bem aquilo que estavam à espera, iriam sentir-se melhor em voltar atrás, em desfazer as opções tomadas, ou se isso as faria sentir ainda pior?

Será que não estão a ser demasiado derrotistas, demasiado negativas, sem perceber que, ainda assim, existe algo de bom que não conseguem perceber ou dar valor?

Que podem ter perdido algumas coisas mas, em contrapartida, ganhado outras igualmente boas?

Uma coisa é certa: as pessoas estão sempre a tempo de tomar novas decisões, de fazer escolhas ou opções que lhes tragam aquilo que sentem que lhes faz falta.

Mas sem esquecer que, aquilo que querem hoje, pode não ser aquilo que desejarão amanhã.

Passes sociais: não chega uma boa medida, se tudo o resto não funciona

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Aqui na zona onde vivo, actualmente, um passe para Lisboa custa mais de 100 euros. Se a isso se juntar um horário condicionado, os atrasos que ocorrem quase diariamente, bem como outros transportes que seja necessário apanhar em conjugação com o autocarro, não incluídos no passe, é normal que a maioria das pessoas opte, muitas vezes, por gastar um pouco mais, e levar o seu carro.

É o que tem feito o meu marido.

 

 

Com esta nova medida, de alteração aos valores dos passes sociais, para valores que baixam em mais de metade do valor actual, muitas dessas pessoas vão pensar duas vezes, e preferir deixar o carro em casa, porque a poupança é astronómica, podendo chegar aos 100 euros por pessoa. E é dinheiro que dá jeito.

É uma medida que há muito fazia falta, e que o meu marido tenciona aproveitar. Ainda mais porque, no caso dele, "rema contra a maré" do trânsito.

 

 

Mas, por vezes, não chega uma boa medida, se tudo o resto não funciona.

Se aumenta a procura e utilização dos passes sociais por centenas de pessoas, é necessário que haja transportes suficientes para satisfazer esse aumento, e as necessidades dos utilizadores, sendo necessário um aumento da frota, e uma maior oferta em termos de horários. Um autocarro que hoje leva 40 pessoas não pode, amanhã, levar 80. Ou não deveria...

E, como sabemos, ninguém gosta de se sentir como uma sardinha em lata, ainda mais do que já se sente.

No metro, onde nos dias que correm já é a confusão que é, imaginemos com o triplo das pessoas, todos a quererem apanhar o mesmo, sem ter que esperar pelo próximo, e a querer sair rapidamente, aos empurrões, numa espécie de "salve-se quem puder"?

O Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) prevê um apoio de 40%, para melhorar e aumentar a oferta, ou criar melhores condições no acesso à rede de transportes coletivos.

Quanto tempo demorará isto a ser feito? Será mesmo aplicado nessas medidas?

 

 

Por outro lado, as empresas de transportes não vão ficar a perder com esta medida.

Sabemos que o dito programa se traduz, igualmente, num apoio financeiro às autoridades de transportes das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e das 21 comunidades intermunicipais (CIM), dos restantes 60%, aplicado na redução dos tarifários dos passes sociais.

No entanto, como sabemos, nem sempre essas verbas chegam atempadamente e, se as empresas começarem a ver que estão a dar um benefício do qual não têm retorno, poderão querer acabar com a medida, ou manifestar-se, com as consequências que, já sabemos, terão implicações nos utilizadores, que sofrerão pelos transtornos causados.

 

 

Por isso, se não forem asseguradas essas necessidades, vamos acabar por assistir ao efeito inverso, ao retrocesso.

Se não conseguem transporte a tempo e horas, se não existem condições de segurança e comodidade, se não existe oferta horária e maior número de transportes, se nem sempre podem contar com eles, então, as pessoas acabam por preferir levar o carro novamente.

E a medida, acaba por ir por água abaixo.

 

 

 

Imagem: olharesdelisboa

 

Sobre o fim da mudança da hora

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Muito se tem falado, nos últimos dias, sobre o fim da mudança da hora na União Europeia.

Pessoalmente, não me afecta em nada a mudança biananual, de que me lembro desde sempre.

É certo que, quando passamos para o horário de inverno, custa um pouco aquele anoitecer precoce. Mas no verão, sabe bem estar na praia até tarde, e ainda usufruir do final do dia. Sabe bem quando a hora muda e temos mais uma horinha para dormir. Para quem trabalha, é óptimo o turno acabar uma hora mais cedo naquela noite.

Mas isto é apenas uma opinião e gosto pessoal. Cada um tem a sua e, já sabemos, é impossível agradar a gregos e a troianos, como se costuma dizer.

 

 

Este ano, a Comissão Europeia lembrou-se, no meio dos seus tempos mortos, de que queria saber a opinião dos europeus acerca da sua concordância, ou não, com a existência de um horário de verão e um horário de inverno, e sobre uma possível alteração.

Depois de apuradas as respostas abrir-se-iam duas alternativas: ou se manteria o horário de verão, ou se daria aos países a hipótese de escolher o próprio horário.

 

Entre os argumentos analisados pela Comissão Europeia, para pôr um ponto final na mudança da hora, está o facto desta mudança ter efeitos negativos para a saúde. 

Pergunto eu: e não havendo mudança, não haverá também efeitos negativos na saúde? Fica a questão...

 

 

Voltando à consulta pública, poderia ser uma consulta séria, rigorosa e bem organizada, mas a Comissão Europeia decidiu brincar aos inquéritos, como fazem os estudantes nos seus tempos de escola, e pegar apenas numa pequena amostra de população europeia, com determinados requisitos obrigatórios, para efectuar o seu estudo, e que serviria para representar a opinião de todos os europeus.

 

 

Assim, foi feita uma consulta pública online, que esteve em aberto até 16 de agosto passado, e na qual participaram apenas 4,6 milhões de europeus.

 

Para quem não sabe, a União Europeia tem cerca de 508 milhões de habitantes, tendo a terceira maior população do mundo.

Destes 508 milhões, apenas 4,6 milhões responderam, sendo que cerca de 3 milhões de participantes eram alemães. E, dessas 4,6 milhões de respostas, apuraram que 84% delas concordavam com o fim da mudança da hora. 

 

No entanto, a Comissão Europeia fez, dessa maioria de respostas a favor do fim da mudança da hora, de uma minoria de europeus que se manifestaram, a maioria que conta como opinião da maioria dos 508 milhões de habitantes e, assim, decidiu avançar com a proposta para acabar de vez com esta mudança.

 

 

Na minha opinião, quem for analisar esta proposta deve ter em conta que este estudo/ inquérito não pode ser considerado válido, porque não representa, de todo, a opinião de todos os europeus. Antes, pelo contrário, apenas daqueles que tiveram conhecimento, vontade, tempo e meios para participar.

 

 

Em segundo lugar, embora todos os países estejam ligados pelo facto de pertencerem à União Europeia e, como tal, terem que seguir um conjunto de normas e directivas comuns, bem como haver necessidades, a nível económico e financeiro, que justifiquem a uniformização do horário, a minha opinião vai muito ao encontro das palavras de Manuel Carvalho da Silva, coordenador do Centro para os Estudos Sociais da Universidade de Coimbra "Do ponto de vista do interesse das pessoas, e para proteção da sua saúde e manutenção de hábitos e aspetos culturais, é muito mais lógico que cada país tenha uma hora mais próxima da realidade do fuso horário em que está inserido"

 

Os argumentos apresentados para apoio ao fim da mudança da hora são tão fracos que, tenho a certeza, são facilmente rebatidos com outros de sentido contrário, como a questão da saúde, da poupança da energia e por aí fora. São as chamadas "desculpas esfarrapadas" para justificar interesses que nada têm a ver com o bem estar dos europeus.

 

 

Mais uma vez, no meu caso concreto, estou tão habituada a esta mudança que a encaro com naturalidade e não me afecta por aí além. Não vejo qualquer vantagem no fim dessa mudança, pelo contrário.

Aliás, se a decisão de acabar com o fim da mudança da hora avançar, das duas, uma: ou vai ser ainda mais complicado para nós, habituar-mo-nos ao novo horário tendo em conta os nossos hábitos escolares, laborais e pessoais, com as óbvias consequências na nossa saúde, bem estar, e até produtividade (ninguém estará no seu máximo a trabalhar ou estudar boa parte do tempo ainda de noite), ou terão que ser implementados novos hábitos para os cidadãos, que se adaptem à nova realidade (começar as aulas ou o trabalho mais tarde, e sair mais tarde, sem poder aproveitar a luz solar para outras actividades, por exemplo), e que implicarão um longo processo de habituação, que nada de positivo trará a curto prazo.

 

Por isso, se, depois de consultada a opinião de todos (e por todos entende-se os 508 milhões de europeus), a maioria preferir o fim da mudança da hora é, em seguida, necessário, um estudo aprofundado e devidamente fundamentado, de todas as implicações positivas e negativas, e do real impacto que tal provocará em cada um dos países em particular.

 

Porque, se há países que preferem manter o horário de inverno, outros haverá que preferem ficar permanentemente com o horário de verão.

 

E porque o facto de pertencermos todos a um mesmo grupo, não significa que não possamos ter a nossa própria identidade e características próprias.

 

Os Migrantes, os Refugiados, e nós!

 

 

“Devemos estar conscientes da distinção entre imigrantes económicos, que estão a tentar escapar da pobreza extrema, e refugiados, que fogem de bombas, armas químicas, perseguição, estupro e massacres, de uma ameaça imediata às suas vidas”, por Angelina Jolie. 

 

Não sei se, com esta afirmação, Angelina quis apenas distinguir duas realidades, ou alertar para a necessidade de dar prioridade à questão dos refugiados, em detrimento dos migrantes. No entanto, tanto uns como outros têm em comum o facto de partirem em busca de um país seguro, onde possam viver em melhores condições, e sonhar com um futuro pacífico e próspero.

Se é verdade que a guerra representa um perigo de vida mais imediato, também é verdade que a pobreza e determinadas condições de vida desumanas, a médio e longo prazo, também o são.

No entanto, em conversa com o meu marido há uns dias, discutíamos dois pontos de vista legítimos, não sobre qual destes grupos deve ser ajudado primeiramente, mas sim sobre os objectivos de ambos os grupos, e a sua entrada nos países para os quais empreenderam viagens perigosas, arriscando muitas vezes a própria vida. Mais concretamente, se devemos deixá-los, ou não, entrar, e o que isso vai implicar para o nosso país, e para nós.

É verdade que sempre houve emigração e imigração, tal como sempre houve aceitação de refugiados em Portugal e noutros países. Mas agora têm sido centenas de milhares de pessoas, vindas do Oriente Médio, África e Ásia, a fazê-lo todos os dias, e cada vez mais e em maior número.

Alguns países adoptaram políticas de proibição de entrada destes migrantes e refugiados, fazendo alterações à lei em vigor até agora. A polícia patrulha as fronteiras e não hesitam em recorrer a gás, e violência física, se necessário for. 

Dizia o meu marido que estes migrantes e refugiados fazem aquilo que qualquer um de nós faria se estivesse no lugar deles, e que estão no seu direito de fugir da guerra e da pobreza. Concordo. Mas os países procurados também estão no seu direito de não os querer receber, e tomar medida para tal, sob pena de se tornar uma situação incontrolável.

Sim, se eu estivesse no lugar de qualquer um deles também gostaria de ser recebida e ajudada. É isso que eles esperam de nós.

Mas, pergunto-me eu, como é que um país que ainda está a sofrer os efeitos da crise, tem condições de receber estas pessoas? Como é que um governo que aconselha o seu povo, principalmente os jovens que são o futuro do país, a emigrar para outros países, pode agora receber povos de outros países?

Que condições é que o nosso país tem para oferecer a esses refugiados e migrantes, quando não as tem para oferecer aos portugueses?

Se não há emprego para nós, haverá para outros? Se existem tanta gente em portugal a viver em condições desumanas, como é que pode oferecer diferentes condições a quem vem de fora?

Se não existe dinheiro para proporcionar saúde e educação gratuita às nossas crianças, para oferecer melhores reformas aos nossos idosos, onde irão buscá-lo para ajudar os milhares de refugiados que vamos receber?

É óbvio que, mais uma vez, vale a bondade e o esforço da população portuguesa que, mesmo não tendo muito, ainda assim está sempre pronta a ajudar o próximo, porque o governo, apesar de "obrigado" a receber estas pessoas, pouco fará, na prática, para os ajudar e integrar.

E mais, quem nos garante que, ao aceitarmos essas pessoas cá, não estaremos a piorar ainda mais a situação que vivemos actualmente? Quem nos garante que não nos estaremos a envolver, embora sem intenção, em guerras que não são nossas?

Não tenho nada contra os migrantes e refugiados. Como disse, no seu lugar faria o mesmo. Mas, tendo em conta todos os sacrifícios a que o governo nos obrigou a fazer, por causa da crise, é justo pensar também em nós, e nas implicações que isso nos trará.