Quando existe um orgulho recíproco entre pais e filhos
Os pais são o principal exemplo para os filhos. A sua referência.
Muitas vezes, os seus ídolos, as pessoas que mais admiram.
Como tal, é normal que, até pela educação que lhes é dada, por esses pais, os filhos tenham vários comportamentos e atitudes semelhantes aos pais.
E isso acaba por incluir as mesmas qualidades, e os mesmos defeitos que, quando colocados frente a frente, chocam.
Sobretudo quando essas características são influenciadas por gerações diferentes, e pela sociedade em que cada uma dessas gerações se insere.
Todos sabemos que, muitas vezes, as discussões entre pais e filhos surgem mais pelas semelhanças entre ambos, do que pelas diferenças.
Se pais e filhos são determinados, vão querer levar a sua avante, achando que a sua forma é a melhor. Se pais e filhos são teimosos, cada um vai puxar para o seu lado a razão. E por aí fora.
No outro dia, num filme que vi, mãe e filha tinham ideais muito semelhantes mas, ainda assim, elas chocavam uma com a outra.
Porquê?
Porque aquilo que, na geração da mãe, era tido como coragem e determinação, numa época em que esses comportamentos não eram muito aceitáveis, hoje, apenas representa algo banal, aceitável e, como tal, ineficaz, sendo necessário enveredar por outro tipo de acções, que causem impacto e levem à mudança, na geração actual.
A mãe ainda não se tinha apercebido que, de certa forma, a filha queria seguir o mesmo caminho da mãe, mas com as ferramentas que existem agora à sua disposição, e que são mais úteis que as da mãe.
Por outro lado, a filha encarava cada refutação, cada questão, cada confrontação da mãe, como um ataque, como manifestação de superioridade, revoltando-se, e sentindo-se inferiorizada ou desvalorizada.
Quando, na verdade, a mãe apenas o fazia para que ela pudesse mostrar a sua opinião, debater, expôr as suas ideias e formas de ver o mesmo problema, tal como, anteriormente, a sua própria mãe tinha feito com ela.
É nessa partilha, nesse debate, que se quer saudável, que surge aquilo que nos enche o coração: o orgulho recíproco!
É nesses momentos que percebemos que os nossos filhos cresceram numa outra época, e devem dar uso às ferramentas que têm ao dispor, bem melhores que as nossas, que já estão obsoletas.
E, quando os vemos em acção, não conseguimos esconder o orgulho que sentimos por ver como cresceram, e como fazem bom uso daquilo que lhes transmitimos, mas lhe dão, ao mesmo tempo, o seu próprio cunho.
Por outro lado, os filhos não esquecem aquilo que os pais são, o que defendem, aquilo pelo qual lutam e, se por vezes, lhes tentam mostrar um outro lado, uma outra visão, não é porque estejam do contra, ou porque não gostem daquilo que somos ou fazemos, mas porque têm orgulho nesses pais, e querem que eles continuem a ser aquilo que sempre foram, e lhes transmitiram.