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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Os "rejeitados da vida"

Joven egoísta rechazado por la sociedad por su molesto comportamiento.  concepto de problema psicológico, comunicación con una persona abusiva  desagradable. ilustración de vector de color en estilo plano. | Vector  Premium

 

Alguns de nós, humanos, temos tendência para querer ajudar os "coitadinhos", os "rejeitados da vida".

Pessoas com problemas que achamos que podemos solucionar.

Com coisas mal resolvidas que, estupidamente, nos convencemos que conseguimos desemaranhar.

Com feridas que julgamos poder curar.

Com revoltas que julgamos conseguir apaziguar.

Com mágoas que acreditamos que, por magia, faremos desaparecer.

 

Aquelas pessoas que nos fazem crer que ninguém as entende.

Que ninguém gosta delas. 

Que são umas sofredoras.

Que toda a vida tiveram azar, e nada lhes corre bem.

 

Temos até, uma predisposição inata para nos conectarmos com elas.

Com tanta gente à nossa volta, parecem um íman que nos atrai.

E, do alto da nossa vaidade, bondade ou ingenuidade, sei lá, pensamos que podemos fazer a diferença.

Que somos aquela pessoa que vai melhorar as suas vidas. Que os fará mais felizes. Que, connosco, irão mudar.

 

Eu também sou (ou era) um pouco assim. 

Mas, à medida que os anos vão passando, cada vez tenho menos paciência. Cada vez mais me convenço que só nos estamos a enganar a nós próprios.

Há pessoas que, simplesmente, não querem ser ajudadas. Nunca vão mudar.

Cada um é como é.

Então, o que acontece é que, em vez de as trazermos para cima, são elas que nos puxam para baixo.

E, em vez de as "consertarmos", são elas que nos destroem.

Pois que se lixem todos.

 

Acreditamos tanto que podemos ajudar que não percebemos que não fazemos milagres.

É como procurar as ondas do mar numa piscina que nunca as terá.

Por mais que tentemos que aquelas águas se movam, ondulem, não fiquem estagnadas, nunca serão ondas naturais.

E, se não deixarmos de bater em pedra dura, arriscamos a, quando menos esperarmos, tornarmo-nos nós os coitadinhos.

 

Eu sei que nem toda a gente é assim e que, de facto, há pessoas que merecem uma oportunidade mas, a determinado momento, levam todas por tabela.

Porque percebemos que a verdadeira oportunidade, não são os outros que a têm que dar. Tem que vir da própria pessoa.

E, se ela não estiver disposta a isso, nada, nem ninguém, terá esse poder.

Reality Shows: mestres da ilusão!

257.800+ Mágico fotos de stock, imagens e fotos royalty-free - iStock

 

Há uns tempos vi um filme em que uma mulher era convidada para apresentadora de um concurso de talentos infantil.

Primeiro, porque era uma mulher famosa. Depois, porque tinha imenso jeito a lidar com as crianças.

E ela, inocentemente, convencida de que aquele concurso seria uma boa experiência para os miúdos, que haveria oportunidades para eles, e que seriam apoiados nos seus talentos, aceitou o convite.

Só que, a determinado momento, percebeu que, ao contrário do que a fizeram acreditar, o vencedor do programa estava decidido ainda antes de ele começar.

Que o público que, ingenuamente, votava para escolher os seus favoritos, estava a ser enganado.

E que ali todos acabavam por ser meros figurantes. Peões de um jogo. Actores, cada um com o seu guião a cumprir, sem questionar.

Tudo para o show. Para as audiências. 

Tudo ilusão.

 

Da ficção para a realidade, cada vez mais os reality shows a que assistimos mostram que são verdadeiros "mestres da ilusão"!

Mas só nos iludem até um determinado ponto.

Porque, tal como qualquer ilusionista, há sempre algo do truque que escapa.

E chega a um momento em que os próprios ilusionistas percebem que o segredo do truque já foi descoberto optando, ainda assim, por continuar a fazê-lo, mas à descarada.

O público?

Esse, sabe que está a assistir a uma fraude. Mas também ele continua. Na esperança de que, sabe-se lá como, ainda haja algo de verdadeiro, no meio de tanta ilusão. Algo genuíno, e sem truques.

 

Ontem estava a ver o Triângulo.

A minutos da primeira expulsão, com 3 concorrentes em risco - Moisés, Isa e Lara, a Cristina diz que, naquela noite ainda iria falar com o Moisés, na casa.

Que é o mesmo que dizer: ele não vai ser expulso! 

E, lá estava, minutos depois, o gráfico, a mostrar a Isa expulsa.

Ora, se ainda nem sequer tinham mostrado o gráfico, com as percentagens, e a quem pertenciam, como é que ela já sabia? 

É fácil acreditar que alguém da produção lhe deu essa informação naqueles instantes.

Mas é mais certo pensar que todo o alinhamento da gala já estava planeado, e aquelas conversas também. Logo, já estaria decidido que era "x" pessoa a sair, e não outra.

 

Se as coisas estão definidas à partida, ou se vão mudando ao sabor do vento, que é como quem diz, consoante as audiências e interesses da produção, não sei.

Mas que muito do que vemos (senão tudo) é ilusão, lá isso é.

Teimosia, ingenuidade ou burrice?

Teimosia-copy.jpg

 

Não sei qual delas (ou se um pouco de todas) nos levará a insistir naquilo que já sabemos que, provavelmente, não irá resultar, não sairá como queríamos, ou não terá o efeito pretendido.

 

Mas o que é certo é que o fazemos muitas vezes, ignorando os avisos, o nosso pensamento, contrariando a nossa intuição, querendo provar a nós mesmos que podemos estar enganados. E que, daquela vez, as coisas podem ser diferentes.

 

E é impressionante como, por vezes, a cada tentativa falhada, e ficando um pouco mais desiludidos, continuamos a não querer ver o óbvio, e a insistir.

Será preguiça?

Comodismo?

Medo da mudança, e de arriscar num resultado que pode também ele, não ser o esperado?

Receio de arrependimento?

 

Mas, e insistindo, com efeitos muito aquém dos esperados, não nos levará igualmente à insatisfação, e consequente arrependimento?