Morar com os senhorios por perto
Seja por baixo, em cima ou ao lado, morar numa casa arrendada com os senhorios por perto nunca dá bom resultado!
Pelo menos quando eles querem implicar.
No outro dia estávamos a tentar consertar a porta da dispensa, que se estava a soltar toda, pregando a folha à madeira. Deu para desenrascar.
Já com a porta da entrada, não me atrevo a mexer. Várias vezes avisei o senhorio que a porta, e a própria fechadura, não estavam boas, e que era melhor chamar o carpinteiro.
O senhorio ia lá, dava uns retoques, um spray e ficava utilizável. Pediu-me para avisar se voltasse ao mesmo.
Agora está pior. Para a fechar é preciso bater com ela com força, e como os vidros perderam a massa, a qualquer momento podem saltar.
Falei com o senhorio novamente. Ficou então de ir lá ver e, se fosse o caso, chamar um carpinteiro.
Nisto, vem a mulher lá de dentro de casa, perguntar o que se passava. O marido explicou.
Ela ficou muito admirada, como se não fosse normal uma porta se estragar, danificar, ficar velha e precisar de arranjo. Talvez pense que as coisas duram para sempre, como novas!
Mas se o espanto dela me deixou boquiaberta, ainda mais estupefacta fiquei quando se sai com esta:
"Ah, então era por isso que estavam aí a martelar no outro dia?
Até estive para dizer ao meu marido para ir lá baixo ver o que é que estavam a fazer!"
Desculpe?!
Ao que parece, não se pode fazer nada na minha casa (enquanto pagar renda é minha) sem que ela queira meter o bedelho e aprovar ou reclamar daquilo que fazemos.
O marido é um homem impecável, apesar de não estar com muita vontade de gastar dinheiro, mas não se mete naquilo que fazemos. Já a mulher, cruzes, até para pôr um prego na parede tenho que pedir autorização daqui a pouco.
Deve pensar que tem ali uma grande casa!
Se se preocupasse menos com o que andamos a fazer, e se preocupasse mais com o poço de humidade que é a casa, com as rachas nas paredes onde se infiltra a água, com o salitre das paredes, que se desfazem ao mínimo toque, ganhávamos todos mais!