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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quando duas peças parecem não encaixar

(A propósito do Dia Mundial do Puzzle)

Puzzle grande com fotografia

É fácil dizer "se tentarmos, se fizermos um esforço, se nos decidarmos a isso, se realmente for isso que queremos, conseguimos".

Não é bem assim.

Simplesmente, há peças que encaixam, e outras que não.

Tentar encaixar duas peças de um puzzle, que já percebemos que não podem ser encaixadas, é negar o evidente, e ignorar o óbvio.  

Claro que podemos insistir. Forçar. Mas de que adianta? Elas continuarão sem encaixar. Com sorte, ainda acabam por ficar danificadas.

Ou, então, podemos sempre tentar moldá-las para que se ajustem. Tirar um bocadinho daqui. Acrescentar um bocadinho dali.

Mas, para quê? Por pura teimosia?

As peças deixam de ser o que são, perdem uma parte de si, ganham outra que não faz parte de si, só para se encaixarem?

E, ainda que encaixando, será que farão sentido? 

Então, talvez se deva, em vez de insistir em encaixar duas peças que, simplesmente, por mais que se tente, não encaixam, procurar a peça certa.

Porque ela estará algures por aí. Pode é demorar mais tempo a encontrá-la.

 

A subida

Pode ser uma imagem de natureza, céu e lusco fusco

 

"Parar é morrer", dizem.

Mas, por vezes, para não morrer, é preciso parar.

 

Naquela subida, que parecia não ter fim, ela subia, insistia, passo a passo, sem parar, ainda que todas as forças lhe estivessem a fugir pelo corpo porque sabia que, se parasse, por um minuto que fosse, já não conseguiria continuar.
 
No início, movia-a a coragem, a determinação, a força.
Depois, a perseverança. 
E, à medida que ia subindo, a obstinação. A vontade de superar o desafio.
Que logo se transformou em teimosia. Em sobresforço, contraprodutivo.
Uma espécie de testagem dos limites, que já há muito acusavam estar a ser ignorados.
 
Mas, depois, deu-se por vencida. Parou. Sentou-se, esgotada.
Ali permaneceu, por bastante tempo.
Acreditava mesmo que, dali, já não conseguiria sair.
Que tudo tinha sido em vão.
 
Ainda assim, restava-lhe uma centelha de orgulho. De dignidade. 
Algo a impelia fazer uma derradeira tentativa. Porque há coisas que não devem ficar a meio. E seria mais fácil chegar ao destino, do que retornar ao ponto de partida.
 
Quando se tentou pôr de pé, ficou surpreendida.
As dores já não se faziam sentir tanto. Já não se sentia tão cansada.
Não faltava assim tanto para alcançar o topo. Não custava tentar.
 
Motivada e esperançosa, retornou à subida, acabando por alcançar o objectivo a que se tinha proposto.
E assim, depois de vencida, acabou vencedora.
Mas como saber se as subidas que iniciamos têm uma meta ou se, pelo contrário, são eternas e infinitas? 
 
Na verdade, não sabemos.
Mas, se não acreditarmos que elas nos levam a algum lado, de que nos servirá subi-las?
Se não existir topo, de que adianta escalar?
 
 
 
Inspirado neste texto!
 

Teimosia, ingenuidade ou burrice?

Teimosia-copy.jpg

 

Não sei qual delas (ou se um pouco de todas) nos levará a insistir naquilo que já sabemos que, provavelmente, não irá resultar, não sairá como queríamos, ou não terá o efeito pretendido.

 

Mas o que é certo é que o fazemos muitas vezes, ignorando os avisos, o nosso pensamento, contrariando a nossa intuição, querendo provar a nós mesmos que podemos estar enganados. E que, daquela vez, as coisas podem ser diferentes.

 

E é impressionante como, por vezes, a cada tentativa falhada, e ficando um pouco mais desiludidos, continuamos a não querer ver o óbvio, e a insistir.

Será preguiça?

Comodismo?

Medo da mudança, e de arriscar num resultado que pode também ele, não ser o esperado?

Receio de arrependimento?

 

Mas, e insistindo, com efeitos muito aquém dos esperados, não nos levará igualmente à insatisfação, e consequente arrependimento?

Nem sempre nos conseguimos adaptar a novas realidades

Resultado de imagem para adaptação heidi

 

Lembro-me sempre da Heidi, a menina órfã que, de um momento para o outro, foi morar com o avô nos Alpes.

A mudança foi grande. Ela não estava habituada àquela vida. Nem àquele homem.

Mas a verdade é que se tornaram grandes amigos, e a Heidi adaptou-se facilmente à vida na montanha, ao ponto de não mais querer sair de lá.

A Heidi era uma menina feliz.

Quando a tia apareceu para a levar dali, para a casa dos pais de Clara, Heidi voltou a ter que se adaptar a uma nova realidade: a vida na cidade, sem árvores, sem passarinhos, sem cabrinhas.

Foi muito mais difícil. Não é que não estivesse a gostar, que a tratassem mal ou não gostassem dela. Mas não era o seu ambiente.

E essa adaptação nunca foi total, levando mesmo Heidi a ficar doente, com saudades de casa, do avô e da sua montanha.

Só a perspectiva de voltar em breve para lá a fez melhorar e, uma vez de volta ao seu mundo, recuperar definitivamente.

 

Hoje em dia, cada vez mais temos que nos adaptar às mais diversas mudanças na nossa vida e, quanto melhor e mais rapidamente o fizermos, melhor para nós.

Por norma, temos uma grande capacidade de adaptação às circunstâncias, a novos mundos, a novas realidades.

Mas existem situações em que tal não é possível. E pessoas que não se conseguem mesmo adaptar.

Nem fisica, nem psicologicamente.

E quando, psicologicamente, não estamos bem, é meio caminho andado para que o corpo se ressinta também.

 

Quando assim é, não vale a pena insistir numa mudança.

Não será caso para desistir logo à primeira, segunda ou, até mesmo, uma terceira tentativa. Mas também não vale a pena passar o resto da vida a chocar contra uma parede que nunca irá cair.

Por vezes, basta voltar ao seu ambiente habitual, para voltar a ser feliz, e sentir-se bem. E não há nada melhor que isso.