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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

As burocracias que um pedido de apoio domiciliário envolve

Burocracia - Industrial Engineering

 

Tinha o meu pai acabado de ser internado no hospital, e já um assistente social, desse mesmo hospital, estava a ligar para a família, a informar que estava disponível para colaborar connosco, e ajudar, caso fosse necessário, após a alta hospitalar.

 

Desconhecia este apoio. A minha cunhada explicou-me que, em pacientes com determinadas idades ou limitações, existe essa intervenção e ponte.

 

Uma vez conhecida a data da alta, recorremos então ao dito assistente social (só existe um naquele hospital), para ver o que se poderia fazer, em termos de higiene pessoal (banhos), uma vez que seria nessa parte que o meu pai teria mais dificuldades, em casa.

 

Assim, o assistente social contactou a Santa Casa da Misericórdia da nossa área de residência, e falou com uma das técnicas, que lhe disse que tinham vaga, mas que só poderiam começar na semana seguinte.

Referi que não haveria problema.

Indicou-me que deveria entrar em contacto com a instituição, e pedir para falar com uma determinada pessoa, mencionando que era por intermédio do hospital, para me explicarem as várias modalidades de apoio, e dar início ao processo.

 

A semana seguinte, a que se referiam, é esta que hoje termina. Sem qualquer resposta.

Na terça-feira passada, tentei falar com a dita pessoa. Ou não estava. Ou estava em reunião. Ou estava, mas não no gabinete e, por isso, não poderiam passar a chamada.

Na quarta-feira, a mesma coisa. Ou seja, se nem conseguia chegar à fala com a pessoa para iniciar o processo, como é que poderia ter o apoio?!

Ficou lá um recado. Voltei a ligar. Disseram-me que a Dra. em questão já estava a par do assunto e que, ainda nessa tarde, me ligaria.

Não foi essa, mas outra, que me contactou. Não importava. Pelo menos já era um começo.

 

Explicou-me, então, que unicamente para o serviço de higiene (banho), não havia comparticipação, pelo que seria um serviço efectuado a nível particular e, como estavam na fase de alterações nas tabelas de valores, não me poderia dar o valor do serviço com brevidade.

Para poder ter comparticipação, teria que requisitar, no mínimo, 4 serviços. Não que o meu pai precise mas, justificando-se, em termos de valores, também não haveria mal.

Quer para um, quer para outro, foi-me solicitada, então, uma lista de vários documentos, que enviei na quinta-feira da semana passada.

Só na segunda-feira desta semana confirmaram a recepção da documentação.

 

E é isto.

O meu pai teve alta há mais de uma semana.

Continuamos sem resposta.

E sem apoio.

Ensinar - será esse o único papel de um professor?

 

As aulas começaram há poucos dias e a escola passa, novamente, a ser o local onde as crianças e jovens estudantes estarão a maior parte do seu tempo.

Para alguns, o regresso às aulas significa subir mais um degrau rumo ao seu futuro, rever velhas amizades, fazer novos amigos, voltar à rotina do cumprimento de horários, do estudo, dos exames, de todo um ritual do qual só se desprendem em tempo de férias.

Para outros, a escola pode ser encarada como um refúgio, que permite a muitos jovens afastarem-se, ainda que apenas por algumas horas, do meio em que vivem, das míseras condições, de conflitos familiares, podendo também ser a única possibilidade de, pelo menos, uma refeição decente.

No entanto, para muitas crianças e jovens, pode significar algo mais negativo. Dificuldades de adaptação, solidão, desigualdades sociais, e até mesmo episódios de violência e/ou bullying.

Em qualquer destes dois últimos casos, cabe, não só, mas, principalmente, aos diversos profissionais dos estabelecimentos de ensino, detetar os sinais que indiquem a existência de problemas, seja de que ordem forem, e agir em conformidade.

E, neste processo, o papel do professor é fundamental. Desengane-se quem pensa que a única função do professor é ensinar a matéria. Um professor é, ou deveria ser, muito mais que isso!

Acima de tudo, o professor deve ser alguém em quem as crianças ou jovens possam confiar, e a melhor forma de ganhar essa confiança é mostrando-se atento, disponível, amigo.

Sendo aquele que passa mais tempo com as crianças ou jovens, deve observar o seu comportamento, tentar detetar possíveis problemas ou dificuldades e, em conjunto com os restantes responsáveis, encontrar a melhor solução para os eliminar ou, pelo menos, atenuar.

Não são raros os casos de bullying, físico ou psicológico, que acontecem muitas vezes à vista de todos, sem que ninguém faça nada para o impedir, fingindo não ver, ou sequer admitir, que isso existe!

Não são raros os casos de vítimas de violência infantil e/ou abusos sexuais que passam despercebidas, se os professores não estiverem atentos a pequenos sinais ou comportamentos.

São frequentes os casos de crianças que nem sempre têm condições financeiras ou psicológicas que lhes permitam frequentar a escola nas mesmas circunstâncias que os demais.

Cada criança é única, diferente de todas as outras, com a sua própria história, personalidade, família e condições financeiras, físicas e psicológicas mas, ainda assim, não deixa de ser igual a todas as outras, com direito às mesmas oportunidades, à mesma dedicação e atenção, e à mesma segurança.

Como tal, a escola, em primeiro lugar, enquanto instituição, e os professores, em seguida, como profissionais de educação, bem como os restantes funcionários auxiliares de ação educativa, devem proporcionar o bem-estar e o desenvolvimento das crianças e jovens em clima de segurança afetiva e física dentro da instituição.

Mas, se for o caso, devem também averiguar junto das famílias desses jovens a existência de dificuldades ou problemas, colaborar com estas famílias na partilha de cuidados e responsabilidades no processo educativo e desenvolvimento pessoal dos jovens e, se necessário for, denunciar às entidades competentes possíveis situações de risco.

Afinal, quando um professor vai além do simples papel de ensinar, pode estar a mudar completamente o destino de uma criança ou jovem!

 

Texto escrito para a edição de Outubro da Blogazine

A institucionalização e a comunidade

 

Uma criança/ jovem que chega a uma instituição já se sente, à partida, excluída ou marginalizada, relativamente a outras crianças. É um ser fragilizado, com baixa auto-estima, dependente, sem planos para o futuro ou um projecto de vida.

É, por isso, necessário um trabalho árduo mas, acredito, muito gratificante para quem o faz, no sentido de garantir e proporcionar, não só os cuidados básicos de alojamento, alimentação, higiene, saúde e educação, mas também o reforço da auto-estima com a valorização dos aspectos positivos, bem como o desenvolvimento de uma autonomização gradual.

Além da promoção do contacto e envolvimento da família durante a institucionalização, é através da interacção e utilização de vários recursos da comunidade que se criam oportunidades para estas crianças/ jovens socializarem e conviverem, construindo, por exemplo, relações interpessoais fora da instituição.

Embora inicialmente estes estabelecimentos se localizassem, estrategicamente, na periferia dos núcleos urbanos, afastando as crianças/ jovens tanto da família de origem como da comunidade, dificultando a reinserção, hoje em dia há uma maior abertura e interacção com a comunidade local. 

As instituições podem também preparar os jovens para a sua independência, apoiando-os, de diversas formas, no processo de saída e eventual retorno à sua casa ou na sua inserção no mundo laboral.

Embora haja uma imagem depreciativa do acolhimento institucional, alimentada quer pelos utentes quer pelos próprios profissionais que lá trabalham, e haja provavelmente discriminação das crianças/ jovens que passaram por este processo, a verdade é que há igualmente testemunhos bastante positivos de quem lá esteve, e agora se sente realizado e feliz por ter tido o apoio (a todos os níveis) que encontrou nestas estruturas e que, de outra forma, nunca teria tido. 

Fome ou Gula?...

Pois...não sei! Mas seria melhor que fosse a segunda.

Tudo começou quando a gata Boneca apareceu lá em casa e começámos a dar-lhe comida. A Boneca é uma gata de rua, filha de uma gata cuja dona não quis ficar com as crias entretanto nascidas, logo, abandonada. Ao início, ela escondia-se das pessoas e fugia assim que alguém se aproximava. Depois de ter passado duas noites lá em casa, e de ver que não lhe fazíamos mal, começou a aparecer lá no quintal com mais frequência. E nós continuámos a dar-lhe comida. Está mais "sociável", é aparentemente meiguinha e nunca mia para pedir alimento.

O problema é que, atraídos pelo novo "restaurante" gratuito, começaram a aparecer mais gatos. Gatos esses que até têm donos, que por sinal moram no andar de cima! Gatos esses que até estão bem gordos mas não hesitam em aparecer para roubarem o lugar da Boneca.

Apareceu também a cadela do vizinho da frente, e mais uma gata que eu julgava ser irmã da Boneca, mas segundo me disseram será a mãe. O que é ainda mais grave tendo em conta que ataca a própria filha para lhe roubar a comida.

Já os meus pais, "adoptaram" há alguns anos uma cadela, também ela com dono, mas que não se faz rogada perante aquilo que lhe oferecem, como se não tivesse comida em casa.

E, das duas, uma: ou estes animais não têm comida em casa, ou quanto mais comem mais querem! Ainda assim, faz-me alguma confusão animais com donos agirem como se estivessem famintos.

Seja como for, vão ter que ir roubar para outra freguesia porque aqui, enquanto eu estiver de guarda, só há lugar para os que realmente precisam.

Que me desculpem os restantes, que não têm culpa, mas é do meu bolso que sai o dinheiro, e não pretendo transformar-me em instituição de solidariedade social para animais.