As palavras, e a sua interpretação, não pertencem somente a quem as escreve
Sempre que escrevemos, apropriamo-nos das palavras para transmitir a nossa mensagem.
Apenas nós sabemos o que pretendemos expressar, o que sentimos quando utilizamos cada uma delas, e o que pretendemos dizer, ao pô-las no papel.
Aquela, é a nossa verdade.
Uma verdade que pode ser compreendida, ou até partilhada, por quem a lê.
Mas que pode, também, ser entendida de muitas outras formas e sentidos, por quem está do outro lado.
Porque, no fundo, as palavras, e a sua interpretação, não pertencem somente a quem as escreve, mas a todos nós.
É por isso que, de cada vez que alguém lê algo que um autor escreveu, pode eventualmente deduzir o significado que as suas palavras pretendiam expressar, mas nunca terá a certeza porque, cada uma das pessoas pode ler uma mesma frase, um mesmo excerto, uma mesma obra, e retirar dela interpretações totalmente diferentes.
E se é verdade que o autor poderia não querer exprimir nada daquilo que as pessoas entenderam, também é verdade que essas interpretações aferidas, em determinados contextos, fazem sentido para essas pessoas, e até para quem as escreveu, ainda que com outro objectivo, e delas tomar conhecimento.
No fundo, escrevemos de nós, para o mundo.
E, a partir desse momento, as palavras deixam de ser nossas.
Apenas a ideia que lhes deu vida se mantém na nossa posse.
E apenas nós, enquanto autores, poderemos, ou não, limitá-las a esse pensamento e dá-lo a conhecer a quem não o compreendeu, ou deixá-las livres de correrem por aí, englobando outros tantos pensamentos, que nelas encontram abrigo.