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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"La Palma", na Netflix

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Uma série de apenas 4 episódios, que aborda uma hipotética catástrofe natural, na ilha de La Palma.

Em plena época natalícia, e cheia de turistas, entre eles uma família norueguesa que tem, por hábito, ali passar a quadra todos os anos, há um perigo à espreita: um vulcão prestes a entrar em erupção, e um tsunami capaz de causar estragos inimagináveis.

 

A narrativa intercala entre o trabalho dos investigadores e o seu dever de alertar, quem de direito, para as suas descobertas e perigos que podem representar, o protocolo a adoptar pelas entidades competentes e o conflito de interesse entre trabalho e família, e os problemas normais das famílias, entre casais, irmãos, pais e filhos.

 

Por um lado, temos uma jovem investigadora que lança o alerta, e um chefe que não quer cometer o mesmo erro do passado, que quase o fez perder o trabalho, por causar o caos desnecessariamente, por uma ameaça que não se concretizou.

A questão que se coloca é: é preferível o caos, ainda que, no final, tudo corra bem, ou manter a calma e toda a população na ignorância, até ser tarde demais, e ninguém se salvar?

 

Por outro, trabalhando para uma entidade que tem conhecimento da iminente catástrofe, e sabendo que a sua família corre perigo, o que fazer?

O protocolo diz que, nestes casos, não se pode dar prioridade à família, devendo agir com total isenção de interesses.

Mas é difícil. E nem sempre possível, mesmo para as pessoas aparentemente mais frias.

 

Marie é a jovem investigadora que dá o alerta.

E, tanto para ela, como para o irmão, Erik, é ainda mais pessoal, porque são ambos sobreviventes de um anterior tsunami, que lhes levou os pais.

Por isso, embora tenham as suas desavenças, farão de tudo para não terem que reviver o passado, e salvarem-se um ao outro.

 

Quanto à família norueguesa, Jennifer e Fredrik são um casal que parece não estar nos seus melhores dias. Enquanto ela tem apostado em manter a sua saúde física e mental, Fredrik parece não seguir a mesma onda, mesmo com problemas de saúde, desleixando-se e, sem se dar conta, descurando a mulher.

Para além dos problemas conjugais, têm ainda que lidar com um filho autista, e uma filha adolescente à descoberta do amor, com todas as inseguranças inerentes à mesma, acrescidas do facto de perceber que é lésbica, e o que isso significa em termos de discriminação.

No meio da crise, das discussões, dos ciúmes, e das acusações de parte a parte, Jennifer e Fredrik percebem que tudo isso é tão insignificante, quando estão prestes a perder a vida, e a perder-se uns aos outros.

Tudo pode ser resolvido, menos a morte.

 

E o tempo está a contar.

Perante o aviso, agora do conhecimento público, e com a falta de meios para sair da ilha e procurar um refúgio seguro, tal como no Titanic, em que os salva-vidas não chegavam nem para metade dos passageiros, também aqui, nem todos terão a mesma sorte.

Haja dinheiro, e conhecimentos, mas também coração, coragem e fé.

Porque a lava está a descer a alta velocidade, e a onda gigante já vem a caminho, para arrasar com tudo.

E não só em La Palma.

 

Uma das cenas mais surpreendentes da série, é o momento em que os investigadores Haukur e Álvaro se dirigem ao topo da montanha, em pleno coração do vulcão, para ali morrer, em grande, junto àquilo que toda a vida estudaram.

Vale a pena ver!

 

 

Culpado!

 

Esta é a palavra mais temida por todos aqueles que estão a ser julgados pelos mais variados crimes, principalmente se esta sentença se traduzir em pena de morte.

Embora seja mais um tema polémico - por que razão punimos alguém que cometeu um crime, com um crime - não é sobre isso que quero falar, mas sim sobre o funcionamento da justiça que leva à condenação de suspeitos sem provas conclusivas, sem fundamentos válidos e, muitas vezes, de pessoas inocentes.

Porquê? Porque, nesses casos, não se procura o culpado, mas sim um culpado! Seja ele qual for. É mais prestigiante para todos que um caso seja encerrado com um suspeito condenado pelo crime, do que um caso pendente ou arquivado sem suspeitos. Por isso, é bastante conveniente encontrar um "bode expiatório", alguém que esteja no local errado à hora errada, alguém a quem possam atribuir as culpas, com base em suposições pouco consistentes, sem provas concretas mas com um motivo, aparentemente, credível.

Ainda que a possibilidade de essas pessoas serem, de facto, culpadas, seja reduzida, e se pudesse ir mais fundo na investigação, analisando toda a informação recolhida, seguindo todas as pistas e não apenas aquela que mais convém, esgotando todas as hipóteses possíveis, não é isso que acontece.

E assim se atiram, com frequência, inocentes para uma cela ou para um corredor da morte.

Mais tarde, podem até constatar que afinal erraram. Podem, quem sabe, ir a tempo de corrigir o erro. Ou talvez já seja tarde. O que nunca conseguirão fazer é apagar toda a transformação que a vida desses inocentes sofreu com tais enganos. E essa, é a pior consequência...

 

 

 http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=35964&op=all

 

 

Embora tenham sido vários filmes a darem o mote para o post de hoje, a verdade é que há casos bem reais!