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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quando a irritação leva a melhor sobre a compreensão

chateada - Desenho de gotoshit - Gartic

Ontem foi daqueles dias em que tive uma imensa vontade de esganar alguém.

Aliás, cheguei mesmo a dizer, na brincadeira, que, se a pessoa não "morresse" do problema, estava eu capaz de "matá-la"!

Tinha sido um daqueles dias de dor de cabeça, em que só queria chegar a casa, despachar-me cedo, e ir para a cama.

Embora, ao final do dia, e com as boas notícias que a minha filha me tinha dado ao longo da tarde, já estivesse mais animada.

Só que, o que me aguardava, não era paz, descanso e sossego, mas antes um verdadeiro cenário de terror, daqueles que a única vontade que temos é fugir, e esperar que desapareça mas, como não dá, sabemos que tem que ser enfrentado, ainda que nem se saiba bem como, nem por onde começar, e se o vamos aguentar até ao fim.

 

Sim, eu tenho consciência de que ninguém escolhe estar ou ficar doente.

Ninguém escolhe local, hora ou momento para se sentir mal.

E ninguém num estado frágil está capaz de se manter de pé para o que quer que seja.

Há um lado em mim que compreende tudo isso, e se solidariza com o seu estado. Que se mostra condescendente e preocupado.

 

Mas, lamento, o outro lado está a levar a melhor.

O lado irritado.

O lado de quem acordou cedo, passou o dia a trabalhar, e ainda tem que limpar a porcaria que os outros sujam.

Outros esses que estiveram de folga, e a aproveitar o dia, e deixaram tudo por fazer em casa.

O lado de quem tinha limpado a casa toda no fim de semana, e vê que terá que ter o mesmo trabalho novamente, só que numa noite.

O lado de quem tem que levar com um cheiro horrível, e acabar por ficar suja também.

O lado de quem tem as gatas a pedir atenção e cuidados de um lado, a filha a precisar de ajuda nos estudos e de jantar do outro, e tem que dar conta de tudo sozinha.

 

O lado de quem, por pouco, não se sentiu também mal e ainda hoje, sente aquele cheiro por onde quer que ande.

O lado de quem, ainda hoje, consegue encontrar vestígios do terror.

O lado de quem até consegue tolerar isto a uma criança, mas fica mais difícil, a um adulto que, se por um lado, parecia estar mal o suficiente para não se aperceber, por outro, parecia estar relativamente consciente, para ignorar o estrago.

 

Isto depois passa.

Daqui a uns dias, se calhar, até me consigo rir e brincar com a situação.

Hoje, estou só mesmo irritada, traumatizada, chateada.

 

 

Pela saúde mental dos pais, acabem com os TPC's!

Imagem relacionada

 

Pior que uma mãe se sentir frustrada por não conseguir ajudar um filho nos trabalhos escolares, é perceber o que é pedido, explicar ao filho de 50 maneiras diferentes e ouvi-lo repetir as conclusões e, na hora de ele escrever a resposta, ouvi-lo pronunciar um "não sei"/ "não percebi". 

 

Isto dá cabo do sistema nervoso de qualquer mãe/ pai.

Ainda mais, quando a resposta está toda no manual e, mesmo que assim não fosse, é algo básico que qualquer um sabe.

 

Deixo aqui um apelo aos digníssimos professores: pela saúde mental dos pais dos vossos alunos, acabem com os TPC's!

Se eles têm mesmo que consolidar as matérias dadas em aula, que quem de direito retire a enorme quantidade de disciplinas e aulas semanais que os alunos têm, e substituam alguns desses tempos por apoio aos TPC's.

 

Assim, quando chegam a casa já não têm que ter mais essa preocupação, e os pais não têm que perder metade do seu tempo livre a ajudar os filhos, em vez das suas próprias tarefas, e terminar o dia irritados, chateados, e com uma vontade enorme de andar à estalada, que não resolve nada de qualquer forma, e só dá cabo de um tempo que poderia ser de qualidade, passado em família.

 

E não venham cá com coisas de que "ah e tal, eles têm que se desenrascar sozinhos" , "têm que ter responsabilidades" ou "esse trabalho é deles, os pais não têm que se meter".

Sim, eles têm que ser responsáveis, tentar fazer as coisas sozinhos e sem ajuda. Mas, na prática, o dever de ajudar os nossos quando é preciso fala sempre mais alto, e leva a melhor. Só que, se na maior parte das vezes corre bem, outras nem por isso. 

Meu santo bom deus, dai-me paciência!

 

Não sei se é do calor excessivo que tem feito por estes dias, ou já a adivinharem o frio que por aí vinha, algum vírus contagioso que anda pelo ar, ou falta de férias, mas os serviços públicos estão cada vez piores.

Já não é a primeira vez que aqui falo sobre a falta de profissionalismo de uns, e falta de jeito de outros para atender ao público, mas a verdade é que, de dia para dia, em vez dos serviços melhorarem, só pioram.

Hoje em dia, ao nos dirigirmos a um serviço público, temos que ter presente que podemos encontrar funcionários de mau humor, aos quais o dia pode não estar a correr bem, e que irão fazer de tudo para nos mandar embora dali sem termos tratado do assunto que nos levou lá ou, se insistirmos, irão fazer de tudo para nos dificultar a tarefa.

 

 

Todos sabemos a quantidade de pessoas que, diariamente, passa por um determinado serviço público. Por isso, sempre que vamos a um deles, sabemos que estamos a arriscar estar horas à espera.

Também sabemos que, hoje em dia, tudo funciona através de sistema informático e, como tal, esse é outro dos factores que pode pôr em causa a resolução dos nossos problemas. Porque se o sistema não estiver a funcionar, nada se pode fazer.

Mas, para além de tudo isto, temos também que equacionar a possibilidade de, simplesmente, não ser um bom dia para tratar dos nossos assuntos, de acordo com quem nos atende.

 

 

Apesar de já não haver uma obrigatoriedade, em alguns casos, de tratar desses assuntos na área de residência/ ocorrência dos factos, podendo os cidadãos fazê-lo em qualquer ponto do país, há funcionários que tentam "empurrá-los" para outro lado.

Apesar de quase tudo se fazer informaticamente, e na hora, há funcionários que, por implicância, se lembram de exigir impressos preenchidos à mão, só para nos fazer voltar para trás e passarem ao próximo.

Apesar de não termos qualquer culpa pelos eventuais problemas que estejam a ocorrer nesse dia, que tivemos o azar de escolher, ainda corremos o risco de ser confrontados com respostas tortas, porque cometemos o enorme erro de lhes aparecer à frente!  

 

 

Agora digam lá como se sentiriam se, depois de estarem não sei quanto tempo à espera, fossem chamados e vos dissessem para ir lá noutro dia, porque o sistema está com falhas e podem não conseguir tratar do que iam fazer (embora muitas vezes até se consiga)?

Se vos dissessem para lá ir noutro dia porque lhes dá mais jeito a eles, e que se têm urgência fossem antes?

Se estivessem a descarregar em vocês, que nada têm a ver com os problemas dos funcionários ou do serviço, a irritação ou frustração que eles próprios sentem?

Se vos dissessem que, dada a hora tardia e porque já têm outros comprimissos aos quais não podem chegar atrasados, não vos vão poder atender?

Não é fácil! Por vezes, é mesmo preciso uma boa dose de paciência, e dar um desconto, porque todos têm dias maus e não será nada pessoal. Até porque somos nós que precisamos das coisas resolvidas.

 

 

 

PS: O pior é que isto se anda a alastrar para todo o lado. Ainda no outro dia fomos almoçar fora. Chegámos cedo ao restaurante, e fomos os primeiros. Uma das funcionárias estava cá fora a fumar.

Não sei se não gostaram de ter que começar a trabalhar tão cedo, mas não estavam nos seus dias. Elas já não costumam ser simpáticas, por natureza, mas fiquei com a impressão que, pelo menos uma delas, estava mal disposta.

Já estávamos sentados há alguns minutos, e a comer as entradas, quando os meus pais chegaram com o meu tio. O meu marido, sem pensar, perguntou então se podíamos passar para a mesa do lado, que dava para todos.

A funcionária, de trombas, respondeu: "Agora?". Claro que não tinha lógica, uma vez que já tínhamos começado a usar pratos e copos, mas podia ter falado de outra forma.

Disse que o que podia fazer era juntar uma outra mesa à nossa.

Diz o meu marido "mas assim são só mais dois lugares".

Responde ela, novamente com maus modos: "Então e não tem aí um lugar vazio ao seu lado? Dá para a terceira pessoa".

Se fosse eu, provavelmente não dizia nada, mas o meu marido não se fica, e confrontou-a mesmo: "Você está mal disposta? Só está a falar mal com as pessoas. É que as pessoas armam-se em estúpidas mas eu também sei ser".

A partir daí, continuou a não mostrar simpatia, mas também não ousou mais responder com quatro pedras na mão!

 

 

Herpes Ocular? O que é isso?

IMG_1404.JPG

Quinta-feira acordei com uma borbulha pequena no interior da pálpebra. Na sexta, essa borbulha desapareceu, mas apareceram outras no exterior. Para além do prurido e dor, tinha a pálpebra inchada, o olho lacrimejante, sensibilidade à luz e ligeira diminuição da visão.

Esperei para ver se ontem estaria melhor, mas não. Pensei em ir apenas à farmácia, para ver se me recomendavam alguma coisa, mas o mais certo era mandarem-me ir ao médico, por isso, lá resolvi ir a uma consulta de urgência. Embora tenha comentado, por brincadeira, com o meu marido que isto mais parecia herpes no olho, estávamos convencidos que seria uma conjuntivite.

Mas não! Assim que a médica viu, disse logo - isso é Herpes Ocular!

Nunca tinha ouvido falar em tal coisa. Costumo ter herpes labial, mas já há muito tempo que não aparecia. Agora herpes ocular não conhecia.

No entanto, parece que não é assim tão rara como se possa imaginar. E é provocada pelo mesmo vírus do herpes labial - o herpes simples ou HSV, com o qual podemos entrar em contacto logo na infância, podendo surgir quando a imunidade da pessoa está baixa, devido a stress intenso, traumas ou outras doenças, queimaduras do sol ou períodos pós-cirúrgicos, uma virose ou um medicamento utilizado.

A diferença é que é mais difícil de diagnosticar, ou pode ser mal diagnosticado e tratado de forma errada, o que pode provocar graves riscos à visão de seu portador. 

O herpes ocular pode aparecer qualquer camada dos olhos, mas as manifestações mais comuns incluem blefarite (inflamação das pálpebras), conjuntivite folicular e ceratite (inflamação da córnea). 

O vírus do herpes entra no nosso organismo através da mucosa oral ou nasal e aloja-se nos nervos. Caso o nervo afetado emita ligações nervosas com o olho, ele poderá ser afetado. Normalmente afecta apenas um dos olhos.

Os sintomas mais frequentes são:

  • olho vermelho
  • fotofobia
  • irritação ocular
  • sensação de corpo estranho e lacrimejamento excessivo
  • diminuição da visão (de forma leve ou mais marcada)

e podem surgir:

na pálpebra - vesículas nas pálpebras, com inchaço e vermelhidão;

na córnea - é o principal local de ação do herpes e pode causar uma importante diminuição da visão;

na íris - é uma das causas da uveíte (inflamação da íris e do trato uveal);
na retina - é muito rara, e só ocorre em paciente com grave imunodeficiência.
 

O tratamento imediato, com medicamentos antivirais específicos ou antibióticos, interrompe a multiplicação dos vírus em questão. O tipo de tratamento a ser feito vai depender de qual parte do olho foi afetada.

O antiviral mais usado é o aciclovir (zovirax®), na forma de pomada ou comprimidos.Quando a infecção é só nas pálpebras, pode se optar por não fazer nada ou começar antiviral pomada para proteger o olho.
Foi o meu caso. A médica receitou-me a pomada, para aplicar 4 vezes ao dia, e aconselhou-me a não deixar as coisas se resolverem por si, porque poderia agravar.
 
Já existem algumas vacinas para o herpes, mas com um custo muito alto.
Quanto aos cuidados para evitar contágio, são os mesmos de sempre - não compartilhar toalhas com a restante família, lavar bem as mãos depois de tocar no olho e antes de tocar em mais alguém, e evitar que me toquem. 
De resto, não apanhar sol, nem calor. E nada de lentes de contacto :(
 

A Tica fugiu de casa

 

 

 

A nossa Tica fugiu ontem de casa.

Apanhou-me distraída no espaço de alguns minutos, e saiu pela janela da entrada, que estava entreaberta enquanto a máquina de secar roupa estava a trabalhar.

Quando dei por isso, tinha ela acabado de sair. Fui atrás dela, mas fugiu para um lado. Depois voltou para trás, mas em vez de ir para casa, olhou para mim e saltou para a rua, depois foi para o quintal dos vizinhos e enfiou-se debaixo de uma carrinha. 

Chamei-a, mas nem se mexeu.

Parva, estúpida, palerma, idiota...sei lá o que lhe chamei na altura, irritada como estava por ela ter fugido. Tem tudo cá em casa, é tratada como uma rainha (tomara muitos terem a mesma sorte) e é assim que agradece. Não dá valor à sorte que tem. Pois se não está bem em casa, fique na rua, para onde sempre quis ir. Nós é que somos maus por tentar protegê-la, por evitar que ela vá para a rua sozinha e lhe aconteça alguma coisa.

Os animais são como as pessoas, têm que aprender à sua custa, com os seus erros. Espero é que a lição não lhe saia cara.

Com este estado de espírito só pensava que, quando ela voltasse, ia levar um belo raspanete. E ia ficar de castigo sem ir à rua nos próximos dias para aprender. Depois, pensei em, simplesmente, ignorá-la por uns tempos para ela perceber que nos magoa cada vez que foge de casa.

No entanto, a minha fúria dura pouco, e com o passar das horas, sem ela dar sinal, só quero mesmo que ela volte, para recebê-la de braços abertos, como a um filho pródigo.

Não voltou. Passou a noite toda fora. Uma noite em que, a cada barulhinho, me levantava para ver se ela estava à porta. Sem sucesso. Em que ouvia a chuva lá fora e imaginava onde ela poderia estar - se estaria ao frio, se estaria molhada. Ou se tinha encontrado um abrigo. Se alguém a tinha apanhado, ou se algum cão a tinha atacado, ou algum carro atropelado. Se estaria presa em algum sítio sem conseguir sair.

A essa altura, o meu único desejo era que ela estivesse bem, onde quer que estivesse, mesmo que não voltasse.

De manhã, procurámos nos sítios em que ela normalmente se costuma esconder. Nada. Chamámos por ela, apitámos os seus ratos, agitámos a caixa da ração. Apareceram outros gatos, mas não a Tica.

A verdade é que não há muito que possamos fazer. Não sabemos onde está ou para onde foi. Só podemos esperar que ela apareça, e bem. Foi ela que escolheu o seu caminho. Mas custa-me não saber dela.

Já tentei ser compreensiva, optimista, forte, realista ou indiferente para não descambar. Para não me lembrar que todas as noites ela dormia encostadinha a mim, e esta sabe-se lá onde dormiu. Para não me lembrar do último olhar que me deu antes de saltar o muro e fugir. Para não me lembrar que todas as manhãs estava a postos para receber o dono e ir para a janela da sala, para não pensar na falta que ela faz e como a casa fica mais vazia sem ela...

Pode até parecer um exagero, mas a Tica é como uma filha para mim. E a pior coisa que pode acontecer a uma mãe, é perder um filho...