Nunca Se Ama Demais
(sinopse - clicar na imagem)
Ganhei este livro num passatempo da Chic'ana, em Março de 2016 e, na altura, guardei-o juntamente com outros numa caixa.
Sempre que ia procurá-lo, no meio da torre de caixas de livros, acabava por me deparar com outro qualquer que ainda não tinha lido, e este continuava a ficar para trás.
Na semana passada, enchi-me de coragem e não descansei enquanto não o encontrei.
E digo-vos: durante estes dois anos, perdi um livro espetacular, com uma história, ou histórias, emocionantes que me fizeram querer ler o livro em cada pedacinho de tempo livre que tinha!
O livro vai alternando entre a história actual de Helena, casada com Damião há cerca de 10 anos, e com dois filhos – Filipe e Patrícia – e a história de Inês, sua mãe, agora viúva.
Helena acha que tem uma relação perfeita e que tudo, daqui em diante, correrá ainda melhor, já que finalmente se formou, e anseia ser colocada e começar a leccionar numa escola, de preferência perto de si, algo em que o marido sempre a apoiou.
E é com esse espírito que partem de férias, numa viagem até França, para aproveitar da melhor forma os momentos a quatro, num merecido descanso depois de anos de trabalho e estudos.
No entanto, essas férias marcarão uma mudança radical no comportamento de Damião, colocando em risco o casamento. Ciúmes sem fundamento, queixas, discussões, acusações, controlo, desconfianças, a implicância com as roupas, com a maquilhagem, com o trabalho que antes apoiou, e com o comportamento de Helena, levarão esta a uma situação limite.
O que leva um homem, que nunca se mostrou assim, a adoptar, ao fim de tanto tempo, este tipo de postura? A “desculpa” dada por ele é a de que a “ama demais”. Acabam sempre por fazer as pazes, e ela por desculpá-lo, mas até quando conseguirá Helena aguentar esta situação, sobretudo quando os filhos estão fartos de ver os pais discutirem e os alertam para isso mesmo? Conseguirá Damião admitir que precisa de ajuda? Que está errado? Conseguirá ele realmente mudar?
Por outro lado, temos conhecimento da desilusão amorosa que Inês, mãe de Helena, viveu no passado, e como voltou a encontrar a felicidade ao lado do pai de Helena e Elisa, com alguns percalços pelo caminho.
Se tivesse que resumir este livro numa palavra seria, certamente, traições. Este é um livro que fala de traições, do início ao fim. Se são desculpáveis ou perdoáveis, só cada um dos que passaram por isso saberá, e aceitará ou não.
Não caberá a terceiros, julgar e condenar, porque só quem está envolvido sabe como se sente, e como conviverá com isso.
No entanto, curiosamente, a única situação em que surge ciúme e desconfiança, é aquela em que nunca houve uma traição.
E não, não se ama demais. Ou se ama, ou não se ama. Obsessão não é excesso de amor, nem tão pouco amor - é doença.
Houve apenas duas coisas que não gostei tanto neste livro:
A primeira diz respeito ao comportamento do Damião. Custa-me acreditar que ele, do nada, tenha mudado radicalmente o seu comportamento. Foram 10 anos de casamento. Na minha opinião, ele já teria dado alguns sinais muito antes desta fase em que começa a história, embora nada tenha sido mencionado a esse respeito.
Por outro lado, não sei se para tentar justificar, de certa forma, a desconfiança do Damião, ou se por realmente, nos dias que correm, as mulheres traírem muito mais (até mais que os homens), achei demasiado exagerado o papel que coube à maioria das mulheres desta história – à excepção de Adolfo, logo no início, seguiu-se um rol de mulheres traidoras que acaba por levar Damião a achar que é um “mal de família”.
Sim. As mulheres traem! Mas isso não torna os homens mais santos, nem significa que eles não façam o mesmo.