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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

À Conversa com Hugo Pena

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Imagem www.jornaldoalgarve.pt

 

O meu convidado de hoje nasceu no Montijo, mas há mais de 25 anos que reside no Algarve.

Para além de instrutor de condução, Hugo Pena participa também em vários projetos ligados à cultura e literatura no Algarve.

Gosta de escrever e ler vários géneros literários, como Ensaios, Poesia, Romance e principalmente o Romance Policial.

 

A sua primeira incursão na escrita ocorreu em 2013, quando escreveu o policial “Porquê Eu?”, que conta a história de uma arquiteta de sucesso que, numa altura em que o seu casamento atravessa uma crise, recebe um dom inesperado, que lhe permite ajudar a descobrir vários homicídios, sendo o seu marido um dos principais suspeitos.

 

Em 2014, lançou o seu segundo romance policial “Justiça Cega”, que relata a história do rapto de Joana Gomes, uma criança de tenra idade, cujo desaparecimento despoleta transtornos diversos nos pais, na comunidade escolar e nas instâncias policiais.

 

A apresentação de “Justiça Cega” ocorreu na Biblioteca Municipal de Castro Marim, e foi com este livro que conquistou, em 2015, o prémio “Escritor do Ano 2015”, atribuído pela Arte, associação que, no Algarve, promove e premeia a nível nacional quem se distingue em diversas áreas culturais.

Pedro de Oliveira Tavares, que assina o prefácio de «Justiça Cega», afirma que nesta obra “o autor chama a atenção para alguns perigos da nossa sociedade, como, por exemplo, os riscos escondidos nas redes sociais ou os fenómenos da prostituição e dos abusos sexuais”.

Hugo Pena está hoje connosco para nos falar um pouco mais sobre si e o seu trabalho.

 

 

O que leva um instrutor de condução a aventurar-se no mundo da escrita?

Olá. Antes de mais, quero agradecer-lhe a possibilidade de mostrar um pouco mais de mim e do meu trabalho nesta entrevista. Espero que as pessoas que a leiam possam passar a ter o meu trabalho debaixo de olho e lhes aguce o apetite para lerem as minhas duas obras, especialmente a última.

Para ser sincero, nem eu sei bem a resposta a essa pergunta. Era um desejo que tinha desde há uns anos a esta parte. Ganhei o gosto pela leitura, talvez um pouco tarde, já depois dos vinte e cinco anos e desde aí comecei a perceber que um dia gostava de escrever um livro. Curiosamente, comecei a escrever o primeiro livro de

forma um pouco caricata. Um aluno tinha faltado a uma aula de condução, sem avisar, e como fiquei aquela hora livre decidi começar a fazer um rascunho da história que pretendia. A partir daí foi escrever e apagar quase diariamente. Apaguei muitas vezes e cheguei à mesma conclusão que o saudoso e mestre da nossa literatura, José Saramago: “Os computadores são ótimas máquinas de apagar”.

Ainda hoje não me lembro qual o aluno que faltou – devo-lhe esse agradecimento.

 

Porquê a escolha do género policial para estes dois primeiros trabalhos?

A resposta é simples: porque são os meus géneros favoritos – policial e romance policial. Também gosto de outros géneros, tal como indica na apresentação, mas esses dois são os meus preferidos. Gosto de ação, suspense, mistério, thriller e investigação.

 

Qual tem sido o feedback que tem obtido por parte do público relativamente a “Porquê Eu?” e “Justiça Cega”?

O “Porquê Eu?” foi o primeiro. Foi com ele que iniciei a minha vertente de escrevente. Sim, escrevente e não escritor. Um escritor é aquele que é capaz de transformar o que escreve numa verdadeira obra literária: eu ainda não sou escritor. Divirto-me a escrever o que gosto, como gosto e onde gosto. Vou escrevendo as minhas histórias e tentando aperfeiçoar a escrita. Repare, os meus leitores dizem ter notado uma boa evolução do primeiro para o segundo – e eu também notei. Porquê? Porque estamos sempre a aprender e ao escrevermos mais, temos tendência a evoluir. No primeiro nem tudo foi perfeito; existiram situações que já não vemos no segundo – umas por inexperiência, outras por desconhecimento e algumas por confiar demasiado nos outros. Frequentei alguns cursos de escrita criativa, li mais sobre a vertente da escrita e, neste momento, sinto-me mais capacitado para fazer mais e melhor. No entanto, o feedback foi bastante positivo. É claro que não podemos agradar a todos, mas as críticas, sejam elas construtivas ou destrutivas, são sempre bem-vindas – dou o peito às balas, pois só assim podemos crescer enquanto escreventes e, mais tarde, enquanto escritores. Para a primeira vez, ter a Biblioteca de Castro Marim completamente cheia com cerca de duzentas pessoas na apresentação da minha obra, sendo a primeira vez que a mesma encheu para a apresentação de um livro, é um enorme motivo de orgulho.

“Justiça Cega” foi um trabalho mais elaborado e mais cuidado que o primeiro, fruto já de alguma experiência e conselhos acumulados. Tem sido muito importante o excelente feedback por parte dos meus leitores, aos quais agradeço a sua sinceridade nas opiniões emitidas e nos conselhos que me têm dado. Já tive uma crítica bastante

positiva num blogue brasileiro “Amoras com Pimenta”, que me deixou bastante satisfeito e, ao mesmo tempo, algo perplexo por “Justiça Cega” também dar que falar no Brasil.

Em ambos, tento sensibilizar as pessoas para algum flagelo social e, neste último, o facto de uma criança de treze anos ter sido raptada e agredida fisicamente, psicologicamente e sexualmente, mexeu muito com as pessoas, ao ponto de dizerem que estavam a sentir-se tão entranhadas na personagem da menina, que parecia que eram elas que estavam a viver aquela história. Muitas disseram-me que choraram bastante, que sentiram angústia, revolta, raiva e vontade de fazerem elas a sua própria justiça e quando se consegue que os leitores tenham esses sentimentos e reações, é porque a mensagem chegou exatamente como eu queria: tocou-lhes.

 

“Justiça Cega” valeu-lhe o prémio de “Escritor do Ano 2015”. Qual é a sensação de ver o seu trabalho reconhecido desta forma? Foi algo inesperado?

Sinceramente, foi algo que não esperava. Tenho apenas dois livros editados e ser distinguido logo no segundo livro que escrevo, é algo que não me passava pela cabeça. A sensação é ótima, como deve calcular, mas ganhar o galardão Estrelas d’Arte para “Escritor do Ano 2015”, entre mais quatro nomeados com excelentes trabalhos, era algo que não pensava poder concretizar-se. Outras personalidades foram distinguidas, desde o desporto (Telma Monteiro) ao fado (Ana Moura), passando pela melhor banda (Amor Electro), melhor ator (Ruy de Carvalho), revelação do ano (Lívio Macedo), personalidade do ano (Papa Francisco), melhor jornalista (José Ataíde). É um orgulho ver o meu nome entre estas personalidades.

Assim foi e é sinal que “Justiça Cega” mexeu mesmo com os leitores.

 

Tenho lido vários comentários que referem que “Justiça Cega” é um bom livro para todos os pais lerem, uma espécie de alerta para os perigos que os seus filhos podem correr na atualidade. Concorda com esta opinião?

Absolutamente. Esta história é exatamente um alerta que tento fazer aos pais, crianças e adolescentes, acerca dos perigos escondidos (ou não) na nossa sociedade. Temos a tendência para pensar que as coisas más só acontecem aos outros, mas quando nos tocam à porta, a coisa complica-se e damos conta que não é bem assim. Há um rapto, agressões físicas, psicológicas e sexuais, prostituição, uso descontrolado das redes sociais, tentativa de fuga do cativeiro, homicídios, tentativa de fazer justiça pelas próprias mãos, investigações policiais e forenses…enfim, uma série de situações que não deixam o leitor indiferente.

Note que este livro já foi utilizado por vários alunos no final do ensino secundário para a realização de vários trabalhos acerca destes temas. É muito gratificante vermos o nosso trabalho como uma «referência» para estes jovens e adultos e as solicitações para a minha presença nas escolas para falar aos alunos e professores acerca deste livro.

 

Como mãe que sou, pergunto-lhe se não existirão neste livro cenas demasiado chocantes para um pai ou uma mãe lerem?

Sim, existem. Sou daquelas pessoas que entende que as coisas têm de ser ditas e escritas com o maior realismo possível, sabendo de antemão que podem provocar algum desconforto em algumas pessoas mais sensíveis. Mas se não o fizesse, estava a ir contra os meus princípios e ao escrever apenas como algumas pessoas querem ou gostam, deixava de ser eu: dessa forma, estava a prostituir a minha escrita. No entanto, a crítica dos meus leitores refere que é um livro que se lê bastante bem, tem uma escrita simples e fluida, de fácil entendimento, que se lê num abrir e fechar de olhos, que prende o leitor do início ao fim (sempre na expetativa para ver o que se vai passar mais à frente – os capítulos curtos acabam por ajudar nesse sentido) e, o melhor de tudo: os leitores dizem que sentem tanto realismo nas descrições que faço, que se sentem personagens daquela história.

 

A justiça pode, por vezes, ser mesmo cega?

Pode e é, muitas vezes. Terão oportunidade de verificar isso neste livro. É ficção, mas podia ser bem a realidade, infelizmente.

 

Sendo o Hugo um fã do género policial, que romance policial mais gostou de ler, de outro autor?

Gosto de tudo o que é policial ou romance policial. Logicamente, gosto mais de uns do que de outros. É difícil escolher um entre vários, mas talvez a minha escolha recaia sobre: “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, “O Boneco de Neve”, de Jo Nesbo e “A Ameaça”, de Ken Follett. Mas atenção, gostei muito de outros dos mesmos autores e de outros que não referi e, não sendo o género totalmente policial, gosto muito da escrita de José Rodrigues dos Santos.

 

Vamos poder contar com uma nova obra brevemente?

Acho que sim. Atualmente estou a escrever outra história – também ela aborda um flagelo social – e julgo ter os ingredientes necessários para, tal como “Justiça Cega”, agarrar o leitor do princípio ao fim, tirando-lhe algum fôlego no momento de desfolhar

página a página. Ainda está muito no início, por isso não consigo fazer ideia de quando estará cá fora.

 

Hugo, agradeço-lhe mais uma vez por ter aceitado este convite e pela sua disponibilidade. Foi um prazer!

 

O prazer foi todo meu, e aproveito para convidar as pessoas a visitarem as minhas páginas no Facebook: https://www.facebook.com/profile.php?id=100001915303678

https://www.facebook.com/Justi%C3%A7a-Cega-Romance-907157672657958/?ref=hl

 

E também para informar que terei todo o prazer em enviar as minha obras, com dedicatória personalizada, por correio. Podem fazer o pedido para o meu email: hugopena7@gmail.com

 

*Esta conversa teve o apoio da Chiado Editora, que estabeleceu a ponte entre o autor e este cantinho.

 

Justiça Cega, de Hugo Pena

Justiça Cega.jpg

 

A partir do momento em que ouvi falar deste livro, fiquei dividida entre a imensa vontade de o ler, porque é um género que aprecio muito, e o receio de que, ao ler esta obra, como mãe, me pudesse chocar com algumas partes da história, e ficar ainda mais preocupada do que já é habitual!

E confesso que as primeiras páginas do livro mexeram comigo, e quase me fizeram pô-lo de parte, à espera de um melhor momento para continuar a ler, de tão cruéis que são as cenas descritas.

Felizmente, o autor soube intercalar essas cenas com outras que, embora à partida não estivessem relacionadas, iremos mais tarde descobrir que tinham um ojectivo e uma ligação comum. E foi assim que continuei a ler até ao fim.

Este livro é, de certa forma, um alerta. Um alerta para a sociedade em geral mas, principalmente, para os pais.

Um alerta para o facto de que o inimigo pode estar bem próximo de nós, conviver connosco todos os dias, ser uma pessoa respeitada pela sociedade e cumpridora dos seus deveres, sem nunca dar motivos para desconfiar dela.

Um alerta para o facto de que manter rotinas pode ser meio caminho andado para o inimigo ter maior facilidade em atacar.

Um alerta para o facto de os filhos, na maior parte das vezes, terem tendência a agirem como os pais, e imitarem os seus comportamentos. Os pais são o exemplo, e se não dão o melhor exemplo, podem estar a levar os filhos a seguir esse mau exemplo, e com isso colocá-los em risco.

Um alerta para o facto de as crianças e jovens, cada vez mais cedo, aderirem às redes sociais, sem conhecimento dos pais, ou sem qualquer controlo parental, publicando muitas vezes aquilo que não deveriam, divulgando dados pessoais, mantendo conversas com estranhos que muitas vezes se apresentam com falsos perfis, com as piores intenções.

Justiça Cega é também a prova de que, muitas vezes, os criminosos saem impunes, e continuam cá fora a cometer crimes sem que a justiça lhes consiga deitar a mão ou provar a autoria dos crimes. E que, muitas vezes, à custa disso, muitas pessoas terão vontade de fazer justiça com as próprias mãos, a justiça que não conseguiram da parte da lei e dos tribunais. 

 

A história começa com o rapto de Joana, uma menina de 13 anos que é levada para um barraco, onde fica presa, e onde será sistematicamente violada e agredida com brutalidade, tratada como escrava ou mero objecto, até ao dia em que, mostrando uma enorme coragem, apesar da sua debilidade, Joana resolve tentar escapar das garras daquele animal.

Ao mesmo tempo, vários crimes vão ocorrendo, numa altura em que o agente Martins estava prestes a gozar a sua merecida reforma, que vê assim adiada pelo pedido do chefe, para que o ajudasse nestes últimos casos.

Primeiro, aparece uma mulher morta na bagageira de um carro, à qual lhe foram retirados os olhos. Com o corpo, um bilhete "Esta também teve o que merecia. O dom não a ajudou desta vez...". O suspeito deste assassinato é Raul Ordoñez que, por sua vez, também irá aparecer assassinado, e sem mãos. Mais um bilhete para baralhar os agentes "Quem passa a vida a roubar, sem as mãos pode ficar..."

Desta vez, o suspeito é um banqueiro - Adérito da Cruz. Curiosamente, também ele será encontrado sem vida, rodeado de comida e dinheiro. "A ganância e o poder, bem como o sofrimento que infligiu em várias famílias, fez este merdoso ter o destino que merecia".

Quem também vai perder a sua vida será a amiga de Joana, que será encontrada com a língua cortada em cima do peito, e a boca cosida.

Todos os bilhetes foram deixados ao agente Martins, levando-nos a pensar que será algo mais pessoal, e que querem que ele entre neste jogo do gato e rato. E as mensagens deixadas, que pelos bilhetes, quer pela forma como são encontrados os corpos, não deixam dúvidas de que se trata de justiça feita pelas próprias mãos.

Temos ainda uma prostituta que droga os seus clientes para os roubar, e indícios muito fortes de que a mesma pode ser alguém muito chegado a Joana.

E lembram-se de Maria Nóbrega, a protagonista de "Porquê Eu?"? Também ela estará presente nesta segunda obra do autor. O que será que o destino lhe reservou?

A um determinado ponto da história, todos os indícios apontam para uma só pessoa, como autora de todos estes crimes. Os agentes sabem que foi essa pessoa, nós também sabemos, mas é preciso mais do que indícios para acusar e condenar alguém.

Lançados os dados, conseguirá Joana escapar com vida das mãos daquele monstro?

Quem será a prostituta que anda a roubar os clientes, e que acabará presa?

Será que o agente Marins será a próxima vítima do assassino?

Conseguirá o agente Neves colocar o criminoso atrás das grades?

O que liga todos estes crimes, e todas estas personagens?

 

Perguntas às quais só poderão obter resposta quando lerem o livro! 

 

E não percam, ainda esta semana, a entrevista com o autor Hugo Pena!