"Senhora do Meu Destino", de Lesley Pearse
Oh Marta, queixaste-te do último livro da autora ser pequeno, ora toma lá este com mais de 700 páginas!
Mas, pelo menos, voltámos à autora de sempre. E à escrita, e histórias, a que sempre nos habituou.
Como não podia deixar de ser, é uma história sobre mulheres - Mabel, Amy e Tara.
Mulheres que, de tão parecidas que são, ainda que tão diferentes, chocam entre si, e têm dificuldade em compreender-se umas às outras, embora, lá bem no fundo, saibam exactamente como cada uma se sente porque, em algum momento das suas vidas, sentiram o mesmo.
Mabel quis viver a sua história de amor, com o seu "principe encantado" que, por conta do vício do jogo, não facilitou a sua vida. Ainda assim, ela amava-o, e a morte dele foi difícil de superar.
Amy, sua filha, quis viver o seu romance com o homem por quem estava apaixonada. A mãe era contra, e as duas cortaram relações durante anos.
Só que Amy não teve melhor sorte. Com um marido violento, que quase a matou, e que agredia os seus filhos, a única opção foi pedir ajuda, fugir, e recomeçar uma nova vida, com novos nomes, justamente, em casa da sua mãe.
A convivência entre ambas não foi fácil.
Ambas tinham muitas mágoas pendentes, que não se resolvem de um dia para o outro.
Por outro lado, Tara, a filha de Amy, neta de Mabel, é mais parecida com elas do que ambas quereriam. Avó e mãe acreditam que há uma maldição que afecta as mulheres da família, e querem que Tara escape dela, sem perceberem que não podem protegê-la, mas apenas deixá-la viver a sua vida, cometer os seus erros, e aprender com eles.
Tara, a personagem principal, sempre foi uma cuidadora.
Mas, a partir do momento em que descobre o seu talento, e se apaixona, Tara segue o seu próprio caminho.
E se, por um lado, existem na sua vida homens bons, como George, um amigo que sempre ajudou a sua família e as protegeu, prejudicando-se a si próprio com isso, Tara começa a ter dúvidas sobre em que homens deverá confiar, que homens não poderão, a qualquer momento, tornar-se agressivos, como o seu pai.
Tara sempre foi apaixonada por Harry, filho de George, mas a vida colocou outras pessoas no caminho de ambos.
Quando, finalmente, podem viver esse amor, já nada é como deveria ser e, talvez, afinal, não estejam destinados a ficar juntos.
No fundo, "Senhora do Meu Destino" levanta uma única questão: as pessoas são totalmente más, ou totalmente boas?
Será tudo assim tão preto no branco?
Uma pessoa que comete erros, que tem atitudes erradas, não pode, simultaneamente, ser uma boa pessoa?
Uma pessoa que sempre agiu correctamente não pode, em algum momento da sua vida, errar?
E se o fizer, isso faz dela, automaticamente, uma pessoa má?
Será que o amor nos tolda e distorce a visão, e o discernimento, na avaliação do carácter de uma pessoa?
No fundo, Tara terá que perceber quem está do seu lado, ou contra si, e o que realmente quer para a sua vida, antes que seja tarde demais.