Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Eram felizes, e não sabiam...

211531956_4510472218965218_6541614882154092882_n.j

 

Eram miúdos.

Brincavam na rua. 

Corriam pelos montes.

Aventuravam-se...

 

Caíam, e levantavam-se.

Mesmo com um joelho esfarrapado, ou um braço arranhado.

Não tinha importância.

 

Mergulhavam no tanque.

Tomavam banho à mangueirada.

Que importava?! Queriam era refrescar-se!

 

Madrugavam. Com o nascer do sol.

Acordavam ao som dos animais. 

Aqueles com quem conviviam, até irem parar ao prato. 

 

Alimentavam as galinhas.

Passeavam as cabrinhas.

Bebiam leite das vacas.

 

Corriam atrás das borboletas.

Fingiam caçar os pássaros.

Sonhavam ao ver os pirilampos.

E chegavam, ao fim do dia, cansados.

A olhar o céu estrelado, antes de fechar os olhos.

 

Ali, eram como uma grande família.

Uma família onde passavam os verões. As férias. Ou o ano inteiro.

Uma família com a qual cresceram.

Os pais, os tios, os avós, os vizinhos.

 

Os mimos.

A comida especial.

O aconchego.

 

Mas, um dia, quiseram partir.

Ou tiveram que partir.

E tudo mudou.

 

Os anos passaram.

Os avós, partiram. 

Os tios, partiram.

Os pais, partiram.

Alguns vizinhos, partiram.

 

Alguns miúdos, agora adultos, tentaram manter a ligação. A tradição. As memórias. 

Tentaram diminuir o efeito do tempo. Honrar a família.

E preservar aquele que será, sempre, o seu verdadeiro lar.

Onde podem reencontrar a felicidade, a paz, a tranquilidade.

A sua essência. As suas raízes. 

 

Outros, afastaram-se de vez.

Quebraram a ligação.

Abandonaram o passado, e não fazem ideia de lá voltar.

E, com esse abandono, com esse esquecimento, tudo o que lhe dizia respeito se foi degradando. aos poucos.

Tudo se foi perdendo.

 

No seu lugar, restam as lembranças de quem ainda por lá anda. As saudades de quem ainda por lá vai passando.

Quem sabe, um dia, a vida não volta àquelas casas, àquelas terras, àquelas gentes?

Quem sabe, os filhos pródigos não voltam, ao lugar onde eram felizes, e não sabiam, na esperança de agora, sabendo-o, voltar a ser...

 

 

Imagem de Nellya Brito

Este texto surgiu na sequência da imagem da Nellya. Mal a vi, vieram-me várias reflexões à mente.

A Nellya desafiou-me a escrever uma delas. E aqui está!

 

Conseguirá o Homem actual viver sem internet?

Resultado de imagem para internet

 

Estivemos cerca de um dia sem serviço Meo em casa.

Feita a comunicação, foi dito que iriam dar seguimento ao processo. Várias chamadas, e o assunto estava em tratamento. Teríamos que aguardar até 24 horas.

 

Enquanto isso...

 

Resultado de imagem para sem televisão

Não temos televisão:

Eu - não há problema, também não tenho tempo para isso com tudo o que há para fazer em casa, e à noite leio o livro que vai a meio

Marido - ficou sentado com a gata ao colo, a olhar para as moscas

Filha - nem se preocupou

 

 

Imagem relacionada

Não temos telefone:

Todos - não há problema, temos telemóvel

 

 

Resultado de imagem para sem internet

Não temos internet:

Eu - ok, o que vale é que tenho no trabalho, mas vai-me impedir de participar numa reunião online

Marido - completamente passado, porque precisava de enviar e ver emails sobre trabalho, e nada de resolverem o problema

Filha - completamente passada, porque não conseguia ver vídeos, jogar, falar com os amigos, publicar no canal do youtube, e foi "obrigada" a deitar-se cedo porque não tinha nada para fazer, e a levantar-se cedo para ir para casa dos avós apanhar a net da vizinha

 

A internet, aquela que nos isola do mundo à nossa volta, é a mesma que nos liga ao mundo, e nos faz sentir deslocados, desinformados, autênticos extraterrestres, sem ela.

 

Conclusão: podemos até passar sem telefone fixo, e sem televisão. Mas, e sem internet, conseguiremos na actualidade e no futuro, viver sem ela?

 

 

 

A primeira visita a uma associação de animais

 

Nunca tinha entrado numa associação de protecção a animais, mas tinha uma ideia completamente diferente daquilo com que me deparei.

Estava à espera de encontrar uma responsável, que nos faria uma visita guiada pelas instalações, e nos mostraria os diferentes animais para adopção, contando um pouco da história de cada um deles, explicando como era, em termos de comportamento, cada um deles, e incentivando-nos a interagir com os mesmos.

Estava à espera de encontrar os animais numa espécie de "jaulas" grandes (não sei exactamente qual o termo certo), com espaço, como se fosse uma pequena casinha, dentro da casa grande.

Nada me preparou para o cenário que me surgiu pela frente.

Depois de alguns telefonemas para tentar encontrar a dita associação, lá demos com o edifício - uma casa de habitação, como outra qualquer, já com alguma idade.

Tocámos à campainha. Apesar de ainda há 2 minutos atrás termos dito que ali estávamos, perguntaram quem era.

Abriram-nos a porta, e tivemos que ficar encolhidos num quadrado minúsculo, para que a senhora pudesse fechar a porta da rua, e abrir então a outra, que nos dava acesso ao interior da habitação.

Assim que entramos, deparámo-nos com uma típica habitação, adaptada a gatil. Os gatos circulavam, de uma forma geral, livremente pela casa. Já havia lá outras famílias, também a visitar os bichanos com vista a adoção.

A senhora com quem tínhamos falado ao telefone, mostrou-nos então a gatinha que íamos ver. Estava dentro de uma espécie de gaiola, ainda que com uma abertura que dava para entrar e sair à vontade.

Disseram-nos para ficar à vontade.

Mas, acreditem, o que eu me senti ali menos foi "à vontade". Se não fizessemos perguntas, ninguém dizia nada. Uma das responsáveis, estava agarrada a uma das gatinhas (por sinal a mais mansa, mas que devido a uma grave operação ainda não pode ser adoptada), como se temesse que alguém lhe tocasse ou fizesse mal.

Mal nos podíamos mexer. Tentei pegar na gatinha que fomos ver, e assustou-se. Não queria colo. Aceitou algumas festinhas com pouca vontade. E não era nada parecida com a imagem que tínhamos visto. Tentámo-nos aproximar de outra, fugiu sem dar hipótese.

Depois, outra coisa que nos causou alguma impressão, foi o facto que todas as mais novas estarem com uma grande área lateral sem pelo. A responsável disse-nos que era da esterilização.

A Tica foi esterilizada e não a deixaram assim. O único sítio onde lhe raparam um pouco de pelo, e onde tinha o corte, era na barriga. Mas parece que é uma nova técnica, segundo disseram.

Estivemos lá 10 minutos, se tanto, não houve qualquer ligação especial aos animais, o ambiente era estranho e acabámos por sair dali.

Quando chegámos à rua, sentimo-nos aliviados! Como se nos tivesse saído um peso de cima.

É verdade que estas pessoas fazem o melhor que podem para salvar, e encontrar um lar para estes bichanos abandonados, e fazem-nos dentro das suas possibilidades e condições. Também é verdade que os gatos andam por ali à vontade, e parecem bem tratados. Mas pergunto-me se não seria mais saudável, ou viável, optar por famílias de acolhimento temporário. 

Depois desta primeira visita, e experiência (que precisávamos mesmo de fazer), ficámos com duas certezas:

- a primeira, de que tão depressa não queremos entrar noutras associações;

- a segunda, de que ainda não estava na hora de adoptar outra gatinha!

 

 

 

Tríptico

transferir.jpg

 

A cavalo dado, não se olha o dente!

E eu não olhei até porque, apesar de ser oferta, o livro agradou-me.

Depois de lido, a opinião não poderia ser melhor: é uma história pontuada por crimes macabros, um suspeito já anteriormente acusado por um crime semelhante que está de volta à liberdade depois do cumprimento da pena de 20 anos, um polícia determinado (ou não) a investigar e encontrar o assassino, e uma policial e um investigador com um passado comum, que não conseguem estar juntos por muito tempo, mas que não podem estar longe um do outro.

Ao contrário de outras histórias, esta não esperou pelo final para desvendar o assassino. Mas deixa para o final o que ele vai, ou não, conseguir fazer antes de ser apanhado, e se sairá impune ou não.

O que é curioso é que no meio de tantas analepses, e histórias que nada tinham, à partida, em comum, vamos encontrar um elo de ligação, que vai ajudar a perceber tudo o que aconteceu, e como aconteceu.

Uma prova de que, não raras vezes, a justiça comete erros, pelos quais pagam pessoas inocentes que ficam, assim, com a sua vida destruída, enquanto os verdadeiros culpados seguem impunes, como se nada tivesse acontecido.

Uma prova de que, quando se trata de salvar a pele, é cada um por si, em primeiro lugar os seus, e não se pode confiar em ninguém.

Uma prova que algumas pessoas acreditam naquilo que querem acreditar, sem questionar.

Nesta história, a única pessoa que acreditou até à morte na inocência de John Shelley foi a sua mãe, e é com a ajuda do dossier que ela preparou com anotações e questões nunca investigadas, que a irmã de Jonh vai ficar, pela primeira vez, do lado do irmão e o vai impedir de ir novamente para a cadeia, por crimes que alguém anda a cometer em seu nome.

Quem será que se esconde por detrás da fachada Jonh Shelley? Quem é que anda a comprar casas e carros em seu nome, quem é que anda a adquirir e pagar mensalidades de vários cartões de crédito por si?

E que segredos esconde o polícia Michael Ormwood, além de trair a sua mulher com a vizinha do lado? Em que negócios menos lícitos andará ele envolvido? Teremos, mais uma vez, uma personagem a deixar a imagem da polícia em maus lençóis? 

A resposta a esta, e a todas as outras perguntas, em Tríptico, de Karin Slaughter!