Será, a vida, uma linda mentira?
Isto lembra-me uma outra questão, que ontem vi numa série, em que um dos protagonistas constatava, em conversa com outro, que era engraçado como dele, que era uma pessoa emotiva, ninguém gostava e como, ao outro, que era uma pessoa fria, todos adoravam.
Se calhar, talvez não seja tudo tão assim, "preto no branco".
É certo que, aquilo que temos de mais garantido na vida, uma pura verdade que, por mais que ignoremos, nos está destinada, é a morte.
A morte é vista, para grande parte de nós, como um fim.
O término da nossa passagem por este mundo.
A despedida.
A dor.
A saudade.
É uma coisa má, a que ninguém pode escapar, ou fugir.
Por isso é considerada uma verdade dolorosa, e quase ninguém gosta dela.
Até pode ser muito mais, ou melhor, do que aquilo que "pintamos". Pode não ser nada daquilo em que acreditamos.
Mas é a ideia que temos dela. E, dificilmente, a mesma mudará.
Agora, será a vida uma linda mentira?
Sim. E não.
Sim, no sentido em que, se a morte é a verdade, a vida será o oposto.
Uma farsa que nos é permitida experimentar, enquanto cá estamos.
Um engano.
Um logro.
No entanto, considerando a vida como uma mentira, nem sempre será uma "linda mentira".
Para muitas pessoas, a vida é tão ou mais dolorosa, que a morte.
Para muitas pessoas, a vida é uma "mentira" difícil de viver, cheia de obstáculos, provações, sofrimento.
De linda, para elas, pouco ou nada terá.
Ainda assim a vida, para mim, não é uma mentira.
É, quanto muito, uma parte da verdade que é o nosso percurso.
A parte que, apesar de tudo, nos dá esperança.
Nos faz acreditar.
Que nos permite decidir.
Mudar.
Escolher.
Viver.
Nem todos os que vivem amam a vida.
Nem sempre é fácil amar a vida.
Nem sempre as pessoas sabem como fazê-lo.
Muitos, apenas a consideram um dado adquirido.
Um direito.
Algo tão certo que nem se dá o devido valor.
Apenas vão passando por ela. Ou é ela que vai passando.
Ainda assim, preferem-na, à morte.
Porque é difícil gostar de, ou aceitar, algo que se desconhece.