"Nem Todas as Árvores Morrem de Pé", de Luísa Sobral
Confesso que foi a curiosidade que me levou a querer ler este livro da Luísa Sobral, o seu primeiro romance.
A capa é simples, mas bonita. Desprendida, mas cativante.
E a apresentação dos capítulos, original e informativa.
Quando comecei a ler, logo ali nos primeiros capítulos, pensei que não ia gostar.
Não estava a conseguir envolver-me na história.
No entanto, ao continuar a ler, o meu pensamento mudou.
A história começa pela narrativa da M. sendo, depois, alternada com a da Emmi.
E o que parecia ser duas histórias distintas, de duas mulheres que nada tinham a ver uma com a outra, revela-se uma mesma história ainda que, muitas vezes, em tempos diferentes, de uma filha, e de uma mãe.
De uma filha, que nunca teve a atenção da mãe, e que idolatrava o pai, até perceber o monstro que ele era. De uma filha que, ao contrário da mãe, se atreveu a fugir.
E viver toda uma vida fora do seu país.
Afastada da sua família, mas "adoptada" por quem a ajudou, e lhe quis bem.
Uma vida com muitas aventuras, com momentos felizes e, outros tantos, de tristezas.
E de uma mãe que, um dia, acreditou estar a viver o seu conto de fadas, mas depressa se transformou num filme de terror.
Para ela, a sua filha era a "filha" do monstro e, por isso, nunca se quis apegar a ela.
Até ao dia em que percebe que a filha fugiu e, aí, ela começa a vê-la como sua filha. Como alguém de quem se orgulha, e que teve a coragem que, ela própria, não teve.
A verdade é que, ainda que em tempos diferentes, mãe e filha terão a mesma iniciativa.
Mas será que, algum dia, esses tempos se acertam, e elas têm a oportunidade de se reencontrar?
Conseguirão elas, depois de tantos anos, refazer as suas vidas?
Voltar a amar?
E por aí, já alguém leu este romance?
O que acharam?
Deixo aqui algumas das citações que mais gostei ao longo desta leitura, e que me marcaram.
Sinopse:
"Este é um romance sobre duas mulheres unidas pela desilusão e pelos cinquenta anos mais tristes da história da Alemanha. Com uma estrutura muitíssimo original e uma galeria de personagens inesquecível, Nem Todas as Árvores Morrem de Pé marca a estreia fulgurante de Luísa Sobral na ficção.
Emmi, que nasceu pouco antes de Hitler ascender ao poder na Alemanha, perde o pai na guerra e tem uma adolescência difícil, trabalhando desde muito cedo para ajudar em casa. É num bar aonde vai com os amigos depois do trabalho que conhece Markus, um homem de Berlim Leste que lhe escreve cartas maravilhosas e por quem se apaixona perdidamente.
Apesar de a mãe torcer o nariz ao seu casamento num momento em que a Guerra Fria está ao rubro, a irmã apoia-a, e Emmi acaba por ir viver com Mischa, como lhe chama, para a RDA. Inicialmente, tudo corre bem, mas, depois de o Muro de Berlim ser erguido, a separação da família e a chegada de uma carta anónima deixam-na na mais profunda depressão.
M. nasce após a divisão das duas Alemanhas e é o fruto perfeito do socialismo: com uma mãe ausente e educada por uma ama que adora plantas, M. idolatra o pai, desconhecendo por completo o mundo ocidental e crescendo ao sabor de uma realidade distorcida. Até que um dia, ao ouvir o testemunho chocante de uma rapariga, descobre que, afinal, não é só o Muro que tem um outro lado."