"Depois de tudo o que tínhamos passado, pensei que tínhamos finalmente acertado o passo, e que estávamos em sintonia.
A nossa amizade ainda era jovem, apenas cinco meses, mas foram suficientes para te conhecer, saber como eras, o que pensavas, como te sentias.
Eras aquela pessoa que eu queria, sem dúvida, ter como amigo, sempre ao meu lado. Com quem queria partilhar as minhas vitórias, as minhas conquistas, os meus medos, os meus fracassos, as minhas alegrias ou tristezas, as minhas desilusões. Nunca pensei que, um dia, serias uma delas...
Eras tudo aquilo que se poderia pedir, ou desejar. Um exemplo daquilo que todos procuramos num amigo.
Tivemos os nossos problemas, as nossas parvoíces, e conseguimos sempre superar, e nunca deixar que isso afectasse a nossa amizade.
Talvez eu não tenha visto os sinais, ou talvez não os tenha querido ver. Ou, talvez, não tenhas dado qualquer sinal de que, um dia, sem qualquer explicação, sairias da minha vida, assim, do nada.
Num momento, caminhávamos lado a lado, e conversávamos sobre coisas banais. Quando dei por isso, caminhava sozinha e, de ti, nem sinal. Tinhas evaporado.
Não deixaste rasto, não deixaste pistas, não deixaste uma única pegada que fosse.
De outras pessoas, eu poderia até esperar isso. Mas não de ti...
E não encontro explicação para o facto de não me teres dito na cara que não querias mais a minha amizade, que não querias mais falar comigo,que não me querias mais na tua vida. Não encontro explicação para teres cortado todos os laços que nos uniam, sem uma única palavra.
Penso que, pelo menos, merecia isso. Uma palavra que fosse, vinda de ti. Mas nem isso me deste...
E eu, sabendo que sempre arranjaste forma de não perdermos o contacto, por muito que não queira pensar o pior de ti, não consigo ver as coisas de outra forma. Perdoa-me se estou errada mas, sem a tua versão da história, eu só posso contar com aquela que a minha cabeça está a construir, seja ela verdadeira ou não.
E assim terminei o ano, sem ti para me acompanhar nesta passagem, sem ti para celebrar a chegada de um novo ano, e muitos mais de amizade.
Se me desiludiste? Muito!
Se fiquei triste? Sabes que sim!
Mas se há coisa que aprendi, e vou aprendendo, é que, por muito que custe, temos que deixar para trás quem não quer seguir connosco.
E eu vou fazer-te a vontade, e deixar-te ficar onde tu decidiste ficar, algures em 2017, a meio da nossa conversa.
Não me arrependo de tudo o que tive que fazer para nunca deixarmos de falar, nem dos planos que cheguei a fazer, com a minha família, de um dia irmos até aí visitar-te.
Guardo todas as boas recordações que tenho de ti, mas também a mágoa que sinto dentro de mim. Contigo aprendi a ser mais cautelosa, a não me entregar tanto, a não confiar em tudo o que parece. Mesmo sabendo que ainda me vou desiludir muitas mais vezes.
Quem sabe um dia não nos voltemos a encontrar. Eu gostava...Ou talvez nunca mais nos cruzemos. E mesmo que isso acontecesse, nada seria igual. Porque aquilo que tínhamos, uma vez quebrado, por mais que tentemos remediar, nunca será o mesmo.
Ou, quem sabe, eu esteja a ver tudo mal, e haja uma boa justificação para o teu silêncio e a tua ausência. Como eu queria acreditar nisso! Mas duvido...
Por isso, estejas onde estiveres, sê feliz. Eu vou tentar fazê-lo também!
E, como dizia a nossa música:
"so im letting go of everything we were
it doesnt mean it doesnt hurt...
we built it up
to watch it fall
like we meant nothing at all
i gave and gave
the best of me
but couldn't give you what you need
you walked away
you stole my life
just to find what you're looking for
but no matter how i try
i can't hate you anymore..."
Texto inspirado em duas pessoas cuja amizade terminou repentinamente no final de 2017.
E é assim que temos que viver as nossas vidas. Com pessoas que entram nas nossas vidas e nos acompanham, e outras que vão ficando pelo caminho, dando lugar a outras que ainda estarão por vir.
Custa sempre, mas temos que seguir em frente.