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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Das pedras com que nos deparamos no nosso caminho

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Sabem aquela expressão "As pedras que encontrar no caminho, guardarei todas, para um dia construir um castelo"?

Para algumas pessoas, não é apenas uma frase, é mesmo a sua forma de estar na vida.

 

Enquanto algumas usam essas "pedras" como desculpa, para não avançar, ou guardam-nas, em jeito de peso que são obrigadas a carregar, dificultando-lhes a vida, outras encontram formas de lhes dar uso, de utilizá-las a seu favor, e seguir em frente.

 

Há quem passe a vida a lamentar-se pela tragédia, e quem se alegre, apesar de, ou graças, a ela.

Há quem se valha dos maus momentos, para justificar o facto de não fazer nada. E quem se sirva deles para ir à luta.

Há quem transforme a dor em mágoa. E quem a transforme em força.

Há quem se deixe moldar ao que de mau lhe aconteceu. E quem, apesar de tudo, mantenha a sua essência.

 

Há quem queira permanecer na escuridão. E quem procure encontrar a luz.

Há quem se resigne. E quem nunca deixe de procurar a saída. 

 

Haverá sempre quem passe a vida a vitimizar-se. E quem decida não se transformar para sempre numa vítima.

Haverá sempre quem queira viver a sua vida infeliz.

E quem nunca baixe os braços, para voltar a ser feliz!

 

 

Inspirado no post de ontem da Sofia, e em todas as pessoas que não se deixam vencer pelas adversidades da vida, que não desistem, que vão à luta. E que escolheram ser felizes!   

Deixar para trás quem não quer seguir connosco

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"Depois de tudo o que tínhamos passado, pensei que tínhamos finalmente acertado o passo, e que estávamos em sintonia.

A nossa amizade ainda era jovem, apenas cinco meses, mas foram suficientes para te conhecer, saber como eras, o que pensavas, como te sentias. 

Eras aquela pessoa que eu queria, sem dúvida, ter como amigo, sempre ao meu lado. Com quem queria partilhar as minhas vitórias, as minhas conquistas, os meus medos, os meus fracassos, as minhas alegrias ou tristezas, as minhas desilusões. Nunca pensei que, um dia, serias uma delas...

Eras tudo aquilo que se poderia pedir, ou desejar. Um exemplo daquilo que todos procuramos num amigo.

Tivemos os nossos problemas, as nossas parvoíces, e conseguimos sempre superar, e nunca deixar que isso afectasse a nossa amizade.

Talvez eu não tenha visto os sinais, ou talvez não os tenha querido ver. Ou, talvez, não tenhas dado qualquer sinal de que, um dia, sem qualquer explicação, sairias da minha vida, assim, do nada.

Num momento, caminhávamos lado a lado, e conversávamos sobre coisas banais. Quando dei por isso, caminhava sozinha e, de ti, nem sinal. Tinhas evaporado.

Não deixaste rasto, não deixaste pistas, não deixaste uma única pegada que fosse.

De outras pessoas, eu poderia até esperar isso. Mas não de ti...

E não encontro explicação para o facto de não me teres dito na cara que não querias mais a minha amizade, que não querias mais falar comigo,que não me querias mais na tua vida. Não encontro explicação para teres cortado todos os laços que nos uniam, sem uma única palavra.

Penso que, pelo menos, merecia isso. Uma palavra que fosse, vinda de ti. Mas nem isso me deste...

E eu, sabendo que sempre arranjaste forma de não perdermos o contacto, por muito que não queira pensar o pior de ti, não consigo ver as coisas de outra forma. Perdoa-me se estou errada mas, sem a tua versão da história, eu só posso contar com aquela que a minha cabeça está a construir, seja ela verdadeira ou não.

E assim terminei o ano, sem ti para me acompanhar nesta passagem, sem ti para celebrar a chegada de um novo ano, e muitos mais de amizade.

Se me desiludiste? Muito!

Se fiquei triste? Sabes que sim!

Mas se há coisa que aprendi, e vou aprendendo, é que, por muito que custe, temos que deixar para trás quem não quer seguir connosco. 

E eu vou fazer-te a vontade, e deixar-te ficar onde tu decidiste ficar, algures em 2017, a meio da nossa conversa.

Não me arrependo de tudo o que tive que fazer para nunca deixarmos de falar, nem dos planos que cheguei a fazer, com a minha família, de um dia irmos até aí visitar-te.

Guardo todas as boas recordações que tenho de ti, mas também a mágoa que sinto dentro de mim. Contigo aprendi a ser mais cautelosa, a não me entregar tanto, a não confiar em tudo o que parece. Mesmo sabendo que ainda me vou desiludir muitas mais vezes.

Quem sabe um dia não nos voltemos a encontrar. Eu gostava...Ou talvez nunca mais nos cruzemos. E mesmo que isso acontecesse, nada seria igual. Porque aquilo que tínhamos, uma vez quebrado, por mais que tentemos remediar, nunca será o mesmo.

 

Ou, quem sabe, eu esteja a ver tudo mal, e haja uma boa justificação para o teu silêncio e a tua ausência. Como eu queria acreditar nisso! Mas duvido...

Por isso, estejas onde estiveres, sê feliz. Eu vou tentar fazê-lo também!

 

E, como dizia a nossa música:

"so im letting go of everything we were
it doesnt mean it doesnt hurt...

we built it up
to watch it fall
like we meant nothing at all
i gave and gave
the best of me
but couldn't give you what you need
you walked away
you stole my life
just to find what you're looking for
but no matter how i try
i can't hate you anymore..."

 

Texto inspirado em duas pessoas cuja amizade terminou repentinamente no final de 2017.

 

E é assim que temos que viver as nossas vidas. Com pessoas que entram nas nossas vidas e nos acompanham, e outras que vão ficando pelo caminho, dando lugar a outras que ainda estarão por vir.

Custa sempre, mas temos que seguir em frente.

Expectativas

O que queremos ou esperamos das outras pessoas? O que querem as outras pessoas de nós? O que queremos de e para nós próprios?

Em algum momento, ou momentos, da nossa vida, esperamos algo de alguém. Esperamos compreensão, esperamos solidariedade, esperamos amizade, esperamos amor, esperamos companhia, esperamos palavras, esperamos gestos de alguém, esperamos atenção, esperamos carinho, esperamos lembranças…

Por vezes, não só esperamos, como exigimos!

Mas devemos nós esperar tanto dos outros, criar demasiadas expectativas? Ou isso só levará à desilusão? Não será melhor esperarmos menos e sermos surpreendidos? Afinal, ninguém deve ser responsabilizado pelas expectativas que criamos. E, de certa forma, quando essas expectativas não são satisfeitas, podemos acabar por desenvolver ressentimentos, mágoas, críticas, e até ódio.

E quando os papeis se invertem e são as outras pessoas que esperam demasiado de nós? Como é que nos sentimos? Pressionados? Sobrecarregados com um fardo que nos puseram em cima como se fosse nossa obrigação carregá-lo? Frustrados por não correspondermos a essas expectativas?

Não podemos passar toda a nossa vida a esperar e exigir dos outros, assim como os outros não podem passar a sua vida a fazê-lo em relação a nós.

E quanto a nós próprios? O que queremos para nós? O que esperamos e exigimos de nós próprios? Será que não procuramos nos outros aquilo que nós próprios não nos conseguimos dar?

Ou serão essas expectativas que criamos dia após dia, uma espécie de estímulo, de energia que nos move e torna mais fácil e agradável a nossa existência, que nos faz seguir em frente, com entusiasmo e com esperança?  

O que seria de nós de nunca esperássemos nada de nós próprios, dos outros e da vida? Seríamos mais felizes assim, sem qualquer expectativa?

Será melhor não esperar nada de ninguém, correndo o risco de ser ou não surpreendido, ou criar expectativas, ainda que a não concretização das mesmas nos possa desapontar?

A Tica fugiu de casa

 

 

 

A nossa Tica fugiu ontem de casa.

Apanhou-me distraída no espaço de alguns minutos, e saiu pela janela da entrada, que estava entreaberta enquanto a máquina de secar roupa estava a trabalhar.

Quando dei por isso, tinha ela acabado de sair. Fui atrás dela, mas fugiu para um lado. Depois voltou para trás, mas em vez de ir para casa, olhou para mim e saltou para a rua, depois foi para o quintal dos vizinhos e enfiou-se debaixo de uma carrinha. 

Chamei-a, mas nem se mexeu.

Parva, estúpida, palerma, idiota...sei lá o que lhe chamei na altura, irritada como estava por ela ter fugido. Tem tudo cá em casa, é tratada como uma rainha (tomara muitos terem a mesma sorte) e é assim que agradece. Não dá valor à sorte que tem. Pois se não está bem em casa, fique na rua, para onde sempre quis ir. Nós é que somos maus por tentar protegê-la, por evitar que ela vá para a rua sozinha e lhe aconteça alguma coisa.

Os animais são como as pessoas, têm que aprender à sua custa, com os seus erros. Espero é que a lição não lhe saia cara.

Com este estado de espírito só pensava que, quando ela voltasse, ia levar um belo raspanete. E ia ficar de castigo sem ir à rua nos próximos dias para aprender. Depois, pensei em, simplesmente, ignorá-la por uns tempos para ela perceber que nos magoa cada vez que foge de casa.

No entanto, a minha fúria dura pouco, e com o passar das horas, sem ela dar sinal, só quero mesmo que ela volte, para recebê-la de braços abertos, como a um filho pródigo.

Não voltou. Passou a noite toda fora. Uma noite em que, a cada barulhinho, me levantava para ver se ela estava à porta. Sem sucesso. Em que ouvia a chuva lá fora e imaginava onde ela poderia estar - se estaria ao frio, se estaria molhada. Ou se tinha encontrado um abrigo. Se alguém a tinha apanhado, ou se algum cão a tinha atacado, ou algum carro atropelado. Se estaria presa em algum sítio sem conseguir sair.

A essa altura, o meu único desejo era que ela estivesse bem, onde quer que estivesse, mesmo que não voltasse.

De manhã, procurámos nos sítios em que ela normalmente se costuma esconder. Nada. Chamámos por ela, apitámos os seus ratos, agitámos a caixa da ração. Apareceram outros gatos, mas não a Tica.

A verdade é que não há muito que possamos fazer. Não sabemos onde está ou para onde foi. Só podemos esperar que ela apareça, e bem. Foi ela que escolheu o seu caminho. Mas custa-me não saber dela.

Já tentei ser compreensiva, optimista, forte, realista ou indiferente para não descambar. Para não me lembrar que todas as noites ela dormia encostadinha a mim, e esta sabe-se lá onde dormiu. Para não me lembrar do último olhar que me deu antes de saltar o muro e fugir. Para não me lembrar que todas as manhãs estava a postos para receber o dono e ir para a janela da sala, para não pensar na falta que ela faz e como a casa fica mais vazia sem ela...

Pode até parecer um exagero, mas a Tica é como uma filha para mim. E a pior coisa que pode acontecer a uma mãe, é perder um filho...

Tudo se desvanece com o tempo

 

Em determinados momentos da nossa vida, deixamo-nos invadir por mágoa, raiva ou até mesmo ódio, sentimentos provocados por situações menos boas pelas quais passamos ou por pessoas que nos ferem.

E, se eles são rápidos a surgir, mais demorados são a nos deixar. Muitas vezes, porque nos servem de “alimento”, porque insistimos que eles devem permanecer eternamente connosco para que nos lembrem a cada minuto do mal que está na sua origem, e por prevenção para que não se volte a repetir.

Mas a verdade é que, ao nos apegarmos a esse tipo de sentimentos, não conseguimos seguir com a nossa vida. Funcionam como um travão, uma barreira, um nevoeiro que não nos deixa ver mais além.

São sentimentos que vão corroendo e deixando a sua marca. Mas só até determinado ponto.

Se o permitirmos, estaremos para sempre acorrentados, e a nossa vida condenada ao sofrimento. Mas, a maioria das vezes, por vontade própria, ou sem nem sequer darmos por isso, chegará o momento em que todas as marcas da corrosão se desvanecerão no tempo. Chegará o dia em que a mágoa, a raiva ou o ódio se evaporarão, e darão lugar à indiferença, à serenidade, à liberdade.

Liberdade porque, nesse momento, percebemos que o passado ficou lá atrás, deixou de nos condicionar o presente, e abriu caminho para vivermos em paz o nosso futuro!