Somos, de uma forma geral, um povo brando e passivo
Aquilo que temos de sobra, em valentia, coragem, revolta e crítica sobre o que está mal no país e no mundo, esgota-se em meia dúzia de linhas, em comentários nas redes sociais, em meia dúzia de palavras, numa qualquer conversa de café ou de circunstância, num desabafo que nos é permitido, mas que só serve mesmo para nos aliviar o stress momentâneo.
No fundo, acabamos por acatar, contrariados, tudo o que os outros decidem por nós, e nos impõem.
Acabamos por agir como cordeirinhos. Alguns, desviam-se do caminho só para provocar, mas logo voltam. Os poucos que realmente querem deixar o rebanho são isso mesmo, muito poucos.
E acabam por ser arrastados de volta, ou por ser ostracizados pelos demais.
São os poucos que lutam por todos, mas de quem todos se desmarcam, na hora de os apoiar.
Quantas dessas pessoas transpõem essa linha, para transformar aquilo que estão a sentir, e aquilo que querem ver mudar, em manifestações que produzam algum efeito real?
Se virmos bem, aquilo que hoje temos, que alguns conseguiram para todos nós, temo-lo, porque se fizeram revoluções, porque meia dúzia de pessoas ousou sair para as ruas, manifestar-se, expressar aquilo que queria, e lutar pela mudança.
Não foi, ficando sentados no sofá, enquanto bebem uma cervejinha na esplanada, ou a criticar tudo e todos nas redes sociais.
Aí, são todos valentes.
Já no terreno, muitos enfiam o rabinho entre as pernas, e saem de mansinho, para que ninguém dê por eles. Afinal, não querem problemas para o seu lado.
Pois, é verdade.
As revoluções acarretam consequências, para quem se envolve nelas e as leva a cabo, mas é também por elas que somos o que somos, temos o que temos, e conhecemos o mundo que hoje conhecemos.
Não terá valido a pena?