"Ilha das Memórias", de Nora Roberts
Numa noite como outra qualquer, num centro comercial como outro qualquer, o inesperado aconteceu: um massacre, levado a cabo por três adolescentes armados, que começaram a disparar sem parar matando, um a um, todos os que ali tinham ido, por um qualquer motivo, sem sonhar com o destino que os esperava.
Mas nem tudo correu bem.
Alguém chamou a polícia.
Alguém ajudou a salvar vidas.
Pessoas escaparam.
Pessoas que, de uma forma ou de outra, sobreviveram para contar a história.
Pessoas que, de uma forma ou de outra, se destacaram.
Ganharam protagonismo. Superaram o trauma. E seguiram com a sua vida.
Enquanto isso, os causadores de tudo isso, morreram.
Um, abatido pela polícia. Os outros dois, honrando o pacto firmado, mataram-se um ao outro.
Seria de supor que o assunto, apesar das mazelas causadas, estaria encerrado.
Não está.
Cedo ficamos a saber quem, realmente, planeou o ataque, e quais são os seus planos para aqueles que, de alguma forma, se meteram no seu caminho, e sobreviveram.
Entre eles, Simone Knox, a primeira pessoa a ligar para a emergência.
Reed Quartermain, um jovem que se tornou polícia e vai fazer de tudo para deter a nova ameaça.
Essie McVee, a agente da polícia que assassinou o seu irmão.
E tantas outras pessoas... Tantos novos alvos a eliminar.
Há uma razão. Ou, talvez, várias.
Quase sempre giram à volta do mesmo.
E nunca são justificação suficiente para tais actos.
Mas o cérebro por detrás deste novo massacre tem tudo delineado, justificado, e não vai parar.
Sem que alguém consiga travar, mas a começar a dar sinais de que começa a perder o controlo, a questão não é se vai voltar a matar, mas quando, onde, e quem será a próxima vítima.
Este é um livro que fala sobre superação.
Como superar o trauma de ser baleado, e ficar limitado. Ficar com marcas físicas, e psicológicas.
De ver pessoas a morrer, ou já mortas, à nossa frente, ao nosso lado, em cima de nós.
Como diferentes pessoas, lidam de formas tão diferentes mas, no fundo, sentem uma dor semelhante.
E, no meio de tudo isto, como amizades se constroem. Ou se firmam.
Como famílias se atacam, e se afastam. Ou permanecem unidas.
Como cada um se vai descobrindo a si próprio, e ao seu propósito na vida.
Como se vai abrindo para as novas oportunidades, para um novo futuro.
Ou como vai ficando preso naquele mesmo dia, naquela mágoa, sem conseguir ultrapassar, e voltar a viver, ainda que vivo.
Porque a verdade é que muitas pessoas morreram.
Pais, filhos, amigos...
Há muito a lamentar, sem dúvida.
Mas tantas outras sobreviveram.
E cabe a essas fazer a vida, e o simples facto de estar vivas, valer a pena.
Por si, e por todos os que não tiveram a mesma chance.
E por quem acha que vai conseguir destrui-las, mais cedo ou mais tarde, e acabar o que ficou inacabado.
O que menos gostei do livro, para além de se saber logo que vai ser o assassino de serviço, foi o facto de o dito cujo conseguir matar uma pessoa atrás da outra, e safar-se sempre, sem que consigam sequer chegar perto, gozando com a polícia e com todos à sua volta.
E depois, perante isso, o fim acaba por ser fácil e rápido demais.
Vale ainda a pena pelo Barney, o cão que sofreu de maus tratos e vai ser acolhido pelo chefe da polícia, aprendendo a voltar a confiar nos humanos, socializando, e tornando-se os melhores amigos.