Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

O mistério das moedas espalhadas no chão

moedas.gif

 

A zona onde moro é um poço de mistérios.

O mais recente, é o das moedas que, por acaso, ou propositadamente, apareceram espalhadas no chão da rua.

Não juntinhas.

Não em fila, a indicar um caminho percorrido.

Estavam espalhadas aleatoriamente, uma para cada lado.

 

Seria um teste?

Uma experiência?

Uma nova modalidade de ataque às vítimas, distraídas que estão a apanhar moedas do chão?

Alguém que não queria moedas "pretas" e decidiu deixar por ali para quem estiver atento?

Ou, simplesmente, alguém que por ali passou, com um bolso roto?

Mistério!

 

Não é que a fortuna seja grande: eram moedas de 1, 2 e 5 cêntimos!

Mas deu para apanhar em dois dias diferentes.

Agora imaginem que a moda pega, mas com notas!

 

 

Quando nos querem cobrar um serviço que não pedimos

Pré-visualização da imagem

 

Num dia em que o meu pai tinha ido dar a sua voltinha matinal, passa por ele o coveiro da vila, muito indignado, que as coisas não se fazem de borla, e se querem que ele faça as coisas têm que pagar, e menciona o nome dos "Cravinas" (à qual pertence a minha mãe).

O meu pai, sem perceber nada, ficou calado. Não fazia a mínima ideia ao que o homem se referia.

 

No dia seguinte, perguntou-me se eu tinha ido ao cemitário, e contou-me essa situação do coveiro.

Disse-lhe que não tinha pedido nada, nem sequer o tinha visto. Diga-se de passagem, vejo-o mais fora do cemitério, do que lá dentro.

Portanto, alguém da família Cravina, que não nós, lhe devia ter pedido alguma coisa, e ele não estava satisfeito.

Não sei ao certo o que lhe pediram mas, se não fizer parte das suas funções, acho bem que queira ser pago. Mas não nos meta ao barulho, porque não lhe pedimos nada.

 

Este sábado, fui ao cemitério.

E começou a fazer-se luz.

A campa ao lado da minha mãe, que também pertence à família, estava toda arranjadinha, com saibro, e colocaram o berço que tinham tirado há um ano, e não tinham voltado a pôr.

A da minha mãe, também estava arranjada, mas sem o berço (a mim não me faz falta porque não dá jeito nenhum se quiser lá pôr flores), e desapareceu a fotografia da minha mãe.

Procurei pelo coveiro, mas nem sinal dele. 

Voltei lá à hora do fecho.

Era um outro coveiro que lá estava. Disse que às vezes as fotografias caem, ou descolam, e guardam lá numa casinha, mas que tinha que falar com o colega, porque tinha sido ele a tratar das campas.

Informou-me que foi a irmã do falecido (ao lado da minha mãe) que tinha pedido para arranjar a campa do irmão. E que, da minha mãe, foi uma outra senhora, que não faço ideia quem seja.

Fiquei de passar por lá para ver a história da fotografia no próximo fim de semana.

 

Entretanto, hoje ao almoço, estava a ir para casa, chama-me o coveiro (que estava na esplanada do café) a dizer que já tinha arranjado a campa da minha mãe, e faltava só pôr o berço.

Disse-lhe que isso não me interessava, que apenas queria saber da fotografia. Respondeu que não sabia, mas que ia ver. 

Quando lhe perguntei quem tinha pedido a ele para arranjar as campas, veio com esta conversa:

"A do lado foi a tua prima que pediu. Mas já que estava a arranjar uma, parecia mal não arranjar a outra. Ainda por cima vem aí o dia de finados. Arranjei a da tua mãe também, que depois o Sr. Manuel se quiser logo dá qualquer coisita."

E foi aí que fez sentido a conversa que teve no outro dia com o meu pai. Estava a ver se cobrava o serviço!

 

 

 

"Um Estranho Caso de Culpa", na Netflix

Um Estranho Caso de Culpa | Site oficial da Netflix

 

Comecei a ver esta série o ano passado, num dia em que, à falta de melhor, assisti ao primeiro episódio.

Não achei nada de especial, e fiquei por ali.

Há uma semana, o meu marido disse que ia começar a ver. Acabei por ver com ele. Já não me lembrava bem do que tinha visto, por isso, vimos aquele episódio como se fosse a primeira vez, e cativou-me logo!

Na altura não deu para ver mais nada, mas fui pesquisar sobre a série. 

Foi, então, que percebi que o episódio que tínhamos visto, por engano, era o segundo, e não o primeiro.

E não conseguia perceber qual a relação entre um e outro, porque pareciam episódios de duas séries completamente diferentes!

 

No primeiro episódio, um rapaz - Mat - é condenado por, acidentalmente, ter matado outro, cumpre pena de prisão, sai, e volta a refazer a vida, ao lado de Olívia. Entretanto, a mulher desaparece misteriosamente, e Mat não sabe o que pensar, nem o que fazer, pedindo ajuda a uma amiga, para descobrir onde Olívia está.

No segundo episódio, vemos a história de Lorena, uma orfã criada num colégio de freiras, que se torna inspectora da polícia e que, agora, é chamada ao colégio para investigar a morte de uma das freiras. Uma freira que, como percebemos, se calhar não é bem o que aparenta ser, e na qual muita gente parece ter um interesse suspeito.

Portanto, nada a ver!

 

Só com a continuação começamos, então, a perceber a ligação entre ambos os episódios, e entre as várias personagens.

À medida que os episódios avançam, percebemos que o Mat é, na verdade, uma personagem dispensável, porque tudo poderia acontecer sem ele. Acabou por ser apenas um "bode expiatório", para nos desviar do verdadeiro elo de ligação.

 

Emma, a freira conhecida como Maria, vem-se a descobrir, foi uma prostituta que trabalhou, em tempos, para Aníbal Ledesma e que, por algum motivo, se escondeu no colégio para recomeçar a sua vida, levando com ela um "seguro de vida".

Com ela trabalharam Kimmy, de quem ninguém sabe. Lavanda, que um cliente acabou por matar. Cassandra. E Candance, também assassinada.

 

A inspectora Lorena suspeita de Mat, e tenta a todo custo encontrar provas da sua culpa, ao mesmo tempo que os investigadores da UDE a querem afastar do caso, e chegar primeiro à informação. Porquê?

 

Em cada episódio, é desvendado o passado das personagens: quem eram, o que faziam, o que escondem, em quem se tornaram, e que segredos guardam consigo.

E qual o motivo para o passado voltar a bater à porta, quando achavam que o tinham deixado encerrado lá atrás.

O que andam à procura? O que levou à morte de Emma?

O que esconde Olívia?

E quem mais morrerá para que a verdade não venha à tona?

 

Uma série a não perder.

E não desistam no fim do primeiro episódio, como eu tinha feito, porque vale mesmo a pena continuar!

 

 

 

"O Dilema", de B. A. Paris

251483214_4405013672947237_1629660781543070563_n.j

 

Se descobrirmos algo que sabemos que, inevitavelmente, teremos que contar a alguém, e que poderá destruir essa pessoa, o que fazemos?

Adiamos a revelação, por  uns últimos momentos de felicidade dessa pessoa, antes de o seu mundo ruir?

Por altruísmo?

Ou fazêmo-lo o quanto antes, antecipando o sofrimento e a decepção?

 

Escondemos o segredo durante mais uns dias, ou semanas, porque não sabemos como o revelar?

Porque sabemos que irá afectar várias pessoas e relações?

Porque queremos uma última oportunidade de normalidade?

Por egoísmo?

Ou isso deveria ser a última coisa em que pensar?

 

Lívia descobriu um segredo que tem vindo a esconder de Adam, o seu marido, não só porque ela própria ainda tem dificuldade em acreditar, mas também porque sabe que, a partir do momento em que o contar, tudo irá mudar na sua família e círculo de amigos.

E também porque, afinal, ela vai ter a sua festa de aniversário. Aquela com a qual sempre sonhou, e tem vindo a planear ao longo dos últimos anos. À partida, não fará assim tanta diferença para os outros, que ela o faça antes ou depois da festa mas, para ela, faz. E ela quer tanto a festa...

Irá, Adam, perdoá-la?

 

Adam descobriu algo que irá destruir Lívia, da mesma forma que já o está a fazer a si, e que, mais cedo ou mais tarde, terá que contar a ela.

Mas ela está tão feliz. É o dia da festa porque tanto ansiou. E ele não quer estragar-lhe essa felicidade. Até porque, bem vistas as coisas, ainda não tem a certeza dos factos. Ou não quer acreditar que seja verdade.

E não serão umas horas que farão a diferença. Ou farão?

Irá, Lívia, perdoá-lo?

 

Por isso, Lívia, pensando um pouco em si e na concretização do seu desejo, e Adam, na felicidade de Lívia, que estás prestes a acabar, omitem os seus segredos até ao dia seguinte.

Ela, radiante e feliz mas, ao mesmo tempo, receosa dos tempos que virão quando contar a verdade, sem saber que haverá uma outra verdade ainda pior que essa.

E ele, cada vez mais curvado pelo peso que carrega sozinho, para que todos os outros estejam bem, e felizes, umas últimas horas.

 

Se erraram os dois? 

Talvez...

Se um segredo era bem mais grave que o outro, e havia mais motivos para ser contado de imediato, que o outro?

Talvez...

Se contar o segredo a Lívia iria mudar alguma coisa? Não.

Mas se Lívia tivesse contado o seu segredo a Adam, antes, talvez não existisse outro mais grave para revelar. Talvez se tivesse podido evitar o que aconteceu.

Ou talvez não...

 

O que é certo é que os segredos foram revelados e, agora, resta lidar com a dor, com o sofrimento, e com os cacos por eles deixados.

Como enfrentar tudo sem se destruirem, e à sua família? Como manter as amizades intactas?

Como se reerguerem, depois da queda?

 

Em "O Dilema", toda a história se centra nos preparativos para a festa, na festa, e no pós festa, sendo que as revelações, embora o leitor as saiba mais cedo, só são feitas entre personagens mesmo para o final.

Até lá, sentimos toda a tensão, todas as dúvidas, toda a angústia, os pensamentos e desejos de cada um deles, relativamente ao outro.

Bastaram uns segundos para mudar toda a vida deles.

O presente é o que é. Não se pode mudar.

Já o futuro, está sempre em aberto...

 

 

As Cinco Juanas, na Netflix

La-venganza-de-las-Juanas-estreno.jpg

 

Juana Manuela (Manny) - a stripper 

Juana Valentina - a jornalista

Juana Matilde - a cantora

Juana Caridad - a noviça

Juana Bautista - a vidente

 

Qual a probabilidade de o destino juntar cinco mulheres tão diferentes, num mesmo espaço, e perceberem que para além do nome, e de uma marca de nascença, partilham também o mesmo pai, que nenhuma delas conhece?

Pois...

Mas acontece!

 

Agora, elas vão unir esforços para descobrir que é o progenitor, e porque nenhuma das suas mães lhes contou nada sobre ele.

Aliás, à excepção da mãe de Manny, que acaba por contar à filha o que aconteceu, apenas a mãe de Caridad está viva também. Mas internada há vários anos, e incapacitada de explicar seja o que for.

Já a mãe de Valentina acabou de morrer. E a de Bautista, morreu quando ela ainda era criança. Num acidente de carro, muito suspeito.

Quanto à mãe de Matilde, essa desapareceu há muitos anos, enviando apenas alguns postais.

Assim, terão que ser elas a desvendar o segredo, que envolve o passado obscuro de um político importante, que tudo fará para o impedir de vir à tona.

 

A série aborda a realidade das casas de strip, as dúvidas sobre a vocação religiosa, o apoio a mulheres vítimas de violência e tráfico humano, o drama da violação, o poder e influência da classe política, capaz de comprar e abafar tudo, a qualquer preço, a corrupção, a obsessão e a traição. 

 

Mas também aborda o amor. Aquilo que se é capaz de fazer por aqueles que se ama, ainda que eles não o percebam.

O perdão.

A aceitação.

 

As Cinco Juanas ou, na versão original, "La Venganza de Las Juanas" acaba por ser mais uma história de descoberta de cada uma das personagens sobre si próprias, de forma a poder recomeçar as suas vidas, depois de todo o seu mundo ter sido virado do avesso.

E não tanto de vingança.

Embora se espere que ela chegue, e faça a sua justiça.

 

Eu comecei a ver e gostei muito.

Tem 18 episódios, mas vê-se muito bem.

Deixo aqui o trailer: