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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quando duas peças parecem não encaixar

(A propósito do Dia Mundial do Puzzle)

Puzzle grande com fotografia

É fácil dizer "se tentarmos, se fizermos um esforço, se nos decidarmos a isso, se realmente for isso que queremos, conseguimos".

Não é bem assim.

Simplesmente, há peças que encaixam, e outras que não.

Tentar encaixar duas peças de um puzzle, que já percebemos que não podem ser encaixadas, é negar o evidente, e ignorar o óbvio.  

Claro que podemos insistir. Forçar. Mas de que adianta? Elas continuarão sem encaixar. Com sorte, ainda acabam por ficar danificadas.

Ou, então, podemos sempre tentar moldá-las para que se ajustem. Tirar um bocadinho daqui. Acrescentar um bocadinho dali.

Mas, para quê? Por pura teimosia?

As peças deixam de ser o que são, perdem uma parte de si, ganham outra que não faz parte de si, só para se encaixarem?

E, ainda que encaixando, será que farão sentido? 

Então, talvez se deva, em vez de insistir em encaixar duas peças que, simplesmente, por mais que se tente, não encaixam, procurar a peça certa.

Porque ela estará algures por aí. Pode é demorar mais tempo a encontrá-la.

 

Deixar os outros confortáveis, deixa-nos confortáveis também?

Como Impedir as pessoas de te manipularem emocionalmente

 

Ao longo da vida, vamo-nos deparando com situações em que parece que destoamos, que não nos encaixamos. Ou as pessoas assim nos fazem crer.

Então, para que sejamos aceites, para que possamos "encaixar", moldamo-nos àquilo que é esperado de nós. Ou fazemos ainda mais, mudando a nossa forma de ser, para nos podermos integrar, e seguirmos o caminho que escolhemos.

No fundo, tentamos deixar os outros confortáveis com a nossa presença, para que não nos criem obstáculos, e tenhamos a vida um pouco mais facilitada ou, pelo menos, mais calma, sem levantar ondas, tentando passar o mais despercebidos possível.

 

Mas, até que ponto, agir de forma a que os outros, ao nosso redor, se sintam confortáveis com a nossa presença, faz-nos sentir mais confortáveis?

Será mesmo verdade que é conforto que nós sentimos? Lidamos bem com isso? Fazemo-lo sem esforço?

Sentimo-nos realmente bem com isso?

Ou será apenas uma ilusão? Um alívio por não termos que estar constantemente a lutar? Um atenuante? Uma pausa que nos deixa mais confortáveis, durante aquele período de tempo?

 

Será uma trégua temporária em relação aos outros, ou o início de uma luta interior entre aquilo que somos e pensamos, e aquilo que "somos obrigados a ser e pensar", enquanto não chegamos à meta?

 

Num dos episódios de The Good Doctor, Claire afirmava que, em toda a sua vida, tinha tentado deixar os outros confortáveis com a sua presença. E que, ainda agora, depois de se formar como médica, o continuava a fazer.

E às tantas, dizia ela para o colega "Mas tínhamos que o fazer, não tínhamos? Para chegar até aqui?"

 

Talvez...

Mas torna-se cansativo. 

E a verdade é que, como já percebemos, não conseguimos agradar a todos.

No fundo, é como se nos anulássemos. 

Deixamos de ser nós. E como é que, deixando de ser nós, isso nos fará sentir confortáveis?