Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Histórias Soltas #26: Emoções desvairadas

89717e6b6cd0a134a12c1c14d0ea757d.jpg

 

Lidar com uma emoção de cada vez é uma coisa.

Dá tempo para assimilar.

Para tentar compreender.

Para "digerir".

Para contornar, combater ou eliminar.

Com tempo...

 

Lidar com todas ao mesmo tempo, é bem diferente.

Sem que nada o faça prever, elas chegam.

Desvairadas.

Descontroladas.

Desembestadas.

 

Chegam como uma avalanche.

Que arrebata.

Que engole.

Que desnorteia.

 

Num momento, uma euforia que surge, sabe-se lá de onde.

Capaz de fazer pairar. Quase voar.

Acreditar que ainda não é tarde. 

Que tudo pode mudar. 

Que tudo é possível.

Uma leveza, bem estar e paz, carregada de esperança.

Uma euforia que não é habitual. E que se estranha.

Mas sabe bem.

 

No momento seguinte,  uma tristeza sem motivo.

Sem razão.

Aquele aperto no peito.

Aquele nó na garganta.

Lágrimas que caem fora de horas.

Que não fazem sentido.

 

E, quando a montanha russa de emoções para, depois de várias voltas e loopings, tudo volta ao ponto de onde partiu.

A realidade do costume.

O "voltar à Terra".

O corpo a dar sinal de que não se deu bem com toda esta loucura. 

A pedir descanso, para recuperar.

 

E, depois, é como se nada tivesse acontecido.

Nenhuma emoção estranha.

Nada de anormal.

Tudo está no lugar de sempre.

Que, muitas vezes, não é lugar nenhum...

 

 

 

Montanha russa

 

Como num parque de diversões, o meu companheiro desafia-me a dar uma volta na montanha russa!

Olho para ela - subidas a pique, descidas vertiginosas, loopings de arrepiar...e é tão grande...tão alta...

Digo-lhe que não vou conseguir, claro, e que o melhor é ficarmos cá em baixo e deixar os outros andarem!

Ele afirma, convicto, que não tenho que ter medo, que vai ser divertido e que está ao meu lado. E eu penso "pois, pois, isso dizes tu. Eu não consigo ver o lado divertido e descontraído da coisa"!

Mas de tanto me "massacrar" para experimentá-la, lá me resolvo então a acabar com o tormento de uma vez por todas - afinal, são só alguns minutos, e depois de ele ver o estado em que de lá saio, nunca mais me volta a falar de montanhas russas!

Estou, então, prestes a comprar o bilhete, e a sentar-me no lugar que me será destinado, com aquele nervoso miudinho de quem ainda nem começou e já se arrependeu de ter aceitado, de quem sabe que não pode voltar atrás nem se levantar sem que a viagem tenha terminado, de quem conta os segundos que mais parecem uma eternidade, para que a montanha comece a andar e acabe depressa, mas sempre na esperança que algum imprevisto a impeça de funcionar!

Afinal, surgiram mesmo imprevistos, e parece que a montanha vai permanecer parada até nova ordem.

Experiência adiada, ainda que sem direito a desistência...