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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

1 Foto, 1 Texto #16

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Na natureza, como na vida, nada, nem ninguém, é poupado.

Seja novo, seja velho.

Tenha acabado de nascer, com uma vida pela frente, ou esteja perto de morrer.

Seja jovem, ou maduro.

 

Quando tem que ser, quando é mais forte, quando é algo contra o qual não se consegue lutar, calha a todos.

Umas vezes, faz poucas vítimas.

Outras, destrói dezenas de vidas, mostrando-se arrasadora.

A natureza. E a vida.

 

Naquela tarde, depois da intempérie, encontraram-nas caídas.

Não resistiram. Não aguentaram.

Ali, jazia, quem sabe, mãe e filha. Avó e neta. Ou talvez nem se conheçam mas, ainda assim juntas.

Inocentes. Vítimas atiradas, sem qualquer piedade, ao chão.

 

E, agora, o que será delas?

Talvez pontapeadas por quem ali passar.

Pisadas. Esmagadas. Enxotadas.

Ou talvez alguém se compadeça, e lhes dê um final mais digno.

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1Texto 

 

 

"Dançando Sobre Vidro", de Ka Hancock

Dançando Sobre Vidro, Ka Hancock - Livro - Bertrand 

 

"Dançando Sobre Vidro" foi a expressão usada para explicar como seria a relação entre Lucy e Mickey, nos momentos em que a bipolaridade deste se manifestasse na sua pior fase.

 

Pode não haver amor à primeira vista, mas algo fez com que Lucy e Mickey se sentissem atraídos e, de alguma forma, ligados, desde a primeira vez que se viram.

Lucy não teve medo de arriscar. Mesmo quando soube da doença de Mickey.

Já este, sempre com dúvidas, e não se achando merecedor de viver o amor, por conta de uma doença que não consegue controlar, quase deitou tudo a perder.

Podem ter considerado que se tratava de uma decisão irreflectida, de um capricho, mas a verdade é que se casaram, e sempre tentaram fazer funcionar a relação, com as peculiaridades de ambos.

Sim, porque Lucy também teve a sua dose de problemas de saúde, por conta de um cancro da mama, herança de família, que a estará constantemente a assombrar.

 

A destacar desta história, a "relação" especial de Lucy com a "Morte", a partir do momento em que o pai lhe disse que:

1 - a morte não é o fim; 2 - a morte não dói; 3 - não há que temê-la, porque ela traz consigo uma certa magia.

Desde então, sempre que alguém está prestes a morrer Lucy sente, antecipadamente, a sua presença.

 

Outro dos destaques vai para a relação entre as três irmãs - Lucy, Lily e Priss - cada uma com os seus próprios problemas, a sua própria personalidade, muitas vezes chocando entre elas, mas sempre unidas, porque o amor de irmãs fala mais alto.

 

Quanto à história de amor entre Lucy e Mickey, eles estabeleceram um acordo com várias regras, que deveriam ser levadas à risca, para que o casamento funcionasse.

Uma delas, dado o historial clínico de ambos, era não ter filhos.

 

No entanto, Lucy engravida.

E, a partir daí, vai ser todo um dilema, com três factores a contribuir para o pesadelo - a gravidez, o transtorno bipolar de Mickey e o cancro que voltou, desta vez com metástase no pulmão, e com a expectativa de cura muito baixa.

Ou Lucy aborta, e se concentra no tratamento para combater o cancro, ou leva a gravidez adiante, e arrisca-se a não sobreviver.

Já Mickey, perante a possibilidade de perder a mulher que ama, e acreditando que nunca poderá ser pai, sozinho, quer a todo o custo que Lucy aborte. Ao mesmo tempo, a sua situação piora, embora não se perceba bem se é consequência da bipolaridade, ou o simples medo normal de qualquer pessoa.

 

No dia em que está marcado o aborto, com Lucy já prestes a ser intervencionada, ela vê a "Morte".

Será a da sua filha? Ou será a sua?

O que significará?

A decisão que Lucy toma muda tudo ainda que, no fundo, não mude nada, porque a constante estaria sempre lá.

Resta a todos compreender essa decisão, aceitá-la, e fazê-la valer a pena.

 

É uma história que nos faz reflectir, mas achei que é dramática demais para todas as personagens e, por isso, peca um pouco, porque não havia necessidade.

Mas vale a pena ler!

 

 

SINOPSE:

"Lucy Houston e Mickey Chandler provavelmente não deviam ter-se apaixonado, muito menos casado. Ambos têm genes imperfeitos - ele é bipolar; ela tem um histórico familiar implacável de cancro na mama.
Mas quando os seus caminhos se cruzam na noite do 21º. aniversário de Lucy, surgem faíscas, e não há como negar a química que existe entre eles.
Sempre cautelosos a cada passo do caminho, eles estão determinados a fazer com que a sua relação funcione - e colocam esse compromisso por escrito. Mickey vai tomar sempre a sua medicação. Lucy não vai culpá-lo por coisas que estão fora do controlo dele. Ele promete honestidade. Ela promete paciência. Como em qualquer casamento, existem dias bons, dias maus e dias muito maus.
Ao lidarem com os seus desafios, tomam uma decisão difícil: não ter filhos. Depois de uma consulta médica rotineira, Lucy tem uma surpresa, algo que deveria ser impossível. Algo que muda tudo. Mesmo tudo.
De súbito, todas as regras são atiradas pela janela, e os dois têm de redefinir o que é verdadeiramente o amor."

 

 

 

A propósito do Titan...

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É certo que incidentes, acidentes e tragédias podem acontecer a qualquer momento, sem que se possa fazer nada para evitar.

É certo que temos muito pouco controlo sobre a nossa vida, e o que se passa à nossa volta. 

Mas isso não significa que tenhamos que brincar com as nossas vidas, ou servi-las, de bandeja, à morte.

 

Há determinadas situações em que uma pessoa ainda consegue ter o mínimo de controlo, ter poder de acção.

E outras, em que estamos totalmente dependentes.

É o caso de uma viagem de carro ou autocarro, em que estamos dependentes do condutor. De avião ou avioneta, em que dependemos do piloto. Um elevador, ou outros mecanismos do género.

E, neste caso, um submarino.

 

Só de pensar em entrar dentro dele, e imaginar ficar fechado, debaixo de água, sem qualquer hipótese de fuga, com oxigénio contado, já é suficientemente claustrofóbico, para não me meter lá dentro.

Porque é, literalmente, entregar a vida nas mãos de uma máquina, e confiar cegamente.

Quem já fez a viagem turística, garante que vale a pena o risco. Risco que, ao que parece, era do conhecimento de todos os que se atrevem a desafiar o destino.

 

Ainda assim, o que seria do mundo sem os aventureiros?

Hamish Harding era um desses aventureiros, que já tinha, inclusive, viajado até ao espaço, para além de ser detentor de três recordes mundiais do Guinness, incluindo o maior tempo durante um mergulho na parte mais profunda da Fossa das Marianas, o local mais profundo dos oceanos. 

Paul-Henri Nargeolet, um oceanógrafo francês mais conhecido como Sr. Titanic, tantas as vezes que visitou os seus destroços (cerca de 25 mergulhos ao naufrágio desde 1987), foi outro deles.

Stockton Rush, marido de uma descendente de duas vítimas do naufrágio do Titanic, era também o CEO da OceanGate Expeditions, proprietária do submarino que o levou à morte. Mas, bem vistas as coisas, ele era o próprio a afirmar que a segurança era "puro desperdício".

Consigo compreender a vontade e o desejo destes três homens, em aventurar-se nesta expedição.

Já é mais difícil compreender quanto aos restantes dois tripulantes - Shahzada Dawood e Suleman Dawood - membros de uma das famílias mais ricas no Paquistão que, aparentemente, queriam só mesmo uma aventura diferente. Aliás, o pai queria, e o filho, apesar de estar, segundo uma familiar "apavorado", acabou por fazer a vontade ao pai.

 

E não é dos aventureiros que reza, quase sempre, a História?

Cinco pessoas morreram. E ficarão para sempre na História.

Duas tragédias interligadas: Titanic e Titan, o navio inafundável e o submarino que levava curiosos a explorá-lo.

Às vítimas, e aos destroços, do naufrágio de 1912 juntam-se, agora, em 2023, as vítimas, e os destroços, da implosão do submarino.

Maldição?

Acaso?

Destino?

Consequência de soberba, ostentação e irresponsabilidade?

Que importa...

 

Posso nunca ficar conhecida, ou ficar para a História. Posso nunca viver grandes aventuras. Ou grandes feitos.

Ainda assim, prefiro não correr riscos desnecessários.

Já basta tudo aquilo que temos mesmo que fazer, ou sobre o qual não temos qualquer poder de decisão.

Prezo muito a minha vida para arriscar perdê-la por puro capricho ou curiosidade sabendo, à partida, que, alguma coisa correndo mal (e aqui havia muitas coisas que podiam correr mal), a morte era certa, sem fuga possível.

Mas cada um sabe de si...

 

 

Imagem: ladbible

 

 

 

Será, a vida, uma linda mentira?

Nenhuma descrição de foto disponível. 

 

Isto lembra-me uma outra questão, que ontem vi numa série, em que um dos protagonistas constatava, em conversa com outro, que era engraçado como dele, que era uma pessoa emotiva, ninguém gostava e como, ao outro, que era uma pessoa fria, todos adoravam.

Se calhar, talvez não seja tudo tão assim, "preto no branco".

 

É certo que, aquilo que temos de mais garantido na vida, uma pura verdade que, por mais que ignoremos, nos está destinada, é a morte.

A morte é vista, para grande parte de nós, como um fim.

O término da nossa passagem por este mundo.

A despedida.

A dor.

A saudade.

É uma coisa má, a que ninguém pode escapar, ou fugir.

Por isso é considerada uma verdade dolorosa, e quase ninguém gosta dela.

Até pode ser muito mais, ou melhor, do que aquilo que "pintamos". Pode não ser nada daquilo em que acreditamos.

Mas é a ideia que temos dela. E, dificilmente, a mesma mudará.

 

Agora, será a vida uma linda mentira?

Sim. E não.

Sim, no sentido em que, se a morte é a verdade, a vida será o oposto.

Uma farsa que nos é permitida experimentar, enquanto cá estamos.

Um engano. 

Um logro.

 

No entanto, considerando a vida como uma mentira, nem sempre será uma "linda mentira".

Para muitas pessoas, a vida é tão ou mais dolorosa, que a morte.

Para muitas pessoas, a vida é uma "mentira" difícil de viver, cheia de obstáculos, provações, sofrimento. 

De linda, para elas, pouco ou nada terá.

 

Ainda assim a vida, para mim, não é uma mentira.

É, quanto muito, uma parte da verdade que é o nosso percurso.

A parte que, apesar de tudo, nos dá esperança.

Nos faz acreditar.

Que nos permite decidir.

Mudar.

Escolher.

Viver.

 

Nem todos os que vivem amam a vida.

Nem sempre é fácil amar a vida.

Nem sempre as pessoas sabem como fazê-lo.

 

Muitos, apenas a consideram um dado adquirido.

Um direito.

Algo tão certo que nem se dá o devido valor.

Apenas vão passando por ela. Ou é ela que vai passando.

Ainda assim, preferem-na, à morte.

 

Porque é difícil gostar de, ou aceitar, algo que se desconhece.