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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Um Ano Para Ser Feliz"

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Quase se pode dizer que este filme é um "três em um": tem romance, tem o luto pela morte de um ente querido e tem a típica lista de objectivos a cumprir!

Como "cereja no topo do bolo", ainda lhe acrescentaram os DVD's, gravados pela falecida mãe. Quando assistimos, parece apenas uma conversa normal entre mãe e filha, como se tivesse surgido, naturalmente, naquele instante, e não há muitos meses atrás.

 

Alex é a filha mais nova de Elisabeth.

A filha com quem ela tem uma relação especial que, por vezes, os irmãos não compreendem.

Nos últimos tempos, Alex andava um pouco à deriva na sua vida, e a mãe quis tentar resgatar, de alguma forma, a mulher que sabia que a filha poderia ser.

Os DVD's, entregues por etapas, após a morte da mãe, consoante Alex fosse cumprindo os itens da sua lista de objectivos, escrita na adolescência, mas totalmente actual, foi a forma que encontrou.

 

À medida que Alex vai visualizando os vídeos, e seguindo os conselhos da mãe, vai percebendo que, por vezes, é preciso olhar as coisas de uma outra perspectiva. Que todos cometem erros. Mas tudo (ou quase tudo) se pode resolver, melhorar, perdoar.

 

Houve apenas um objectivo, de todos os que tinha que cumprir até ao final do ano, que Alex acredita que falhou: encontrar o verdadeiro amor.

Mas será que falhou mesmo? Ou apenas não o consegue ver?

 

A efemeridade do amor

(1 Foto, 1 Texto #78)

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Não de todos, claro!

Há amores que resistem. Que sobrevivem. Que perduram.

Assentes em alicerces firmes.

Seguros por fortes raízes.

 

Mas, outros, são tão efémeros como esta flor.

Tão difícil de despontar.

E quando, finalmente, o consegue, apesar de todas as adversidades, logo vê o seu fim chegar.

Num dia, estava ali, solitária, a querer mostrar que era possível, mesmo que as expectactivas fossem mínimas.

E, no seguinte, já lá não estava.

 

Como um amor que morreu, ainda mal tinha começado.

Porque, tal como a árvore onde esta flor nasceu, que um dia já floriu e deu frutos em todo o seu esplendor, e que agora parece condenada a meros galhos e meia dúzia de folhas, também há amores que estão destinados a ser breves. 

A não vingar.

A estar condenados, ainda antes de acontecerem.

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto

Esta noite o céu brilhará um pouco mais

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"Perder um pilar abana um pouco a estrutura. Mas mantém-se de pé.

Quando se perde os dois, a estrutura desmorona por completo."

 

O meu pai conseguiu, por duas vezes, surpreender-me.

Recuperar, quando eu acreditava que se estava a deixar ir.

Não sei se lutava por ele, se por nós.

Se se mantinha vivo porque ainda queria viver. Ou se por saber que estávamos a fazer de tudo para que vivesse.

 

Mas a vida é efémera.

Já sabemos disso.

E, quando o que separa a vida, da morte, é o sofrimento, e a dor; quando se passa a viver numa realidade à parte; quando apenas se existe; então, desistir é o melhor a fazer.

 

O meu pai já viveu tudo o que tinha a viver.

Já só queria que a morte o levasse. 

Quem sabe, para junto da mulher.

 

Em duas semanas, tudo mudou.

De repente, o meu pai deu lugar a um "vegetal", alguém que já não conseguia falar o que quer que fosse, alimentado por uma sonda, drogado e preso a uma cama de hospital.

Aí, percebemos... 

E, embora já estivessemos mentalizados, nunca pensámos que a notícia chegaria tão cedo.

 

Não me cheguei a despedir.

Mas recordo o último momento que passei com ele. Escassos minutos em que comeu aquilo que mais gostava: uma fatia de bolo!

Um último esforço, por mim.

Antes de ser levado para o hospital.

Ainda consciente. E ciente.

 

O meu irmão, não teve a mesma sorte.

Foi visitá-lo ontem, e viu um outro pai.

Um pai que estava a horas da morte. Ainda que não o soubesse.

 

O meu pai acreditava em Deus.

Então, quero acreditar que Deus lhe fez a vontade, e o levou, na hora certa.

Evitando passar por tudo aquilo que ele não queria, e dar trabalho e preocupações a quem ele não queria.

 

O meu pai era um ser humano extraordinário (mas eu sou suspeita)!

Um pai sempre presente.

Com quem aprendi muito do que hoje sei. E me fez o que hoje sou.

Com quem vivi imensas aventuras.

Generoso. Desprendido do que não tinha valor.

 

Influenciou-me de várias formas, e uma delas foi a escrita.

Então, não poderia homenageá-lo de outra forma.

E porque ele adorava fazer as suas reflexões, a observar o mar, esta será, talvez, a imagem que mais espelha a sua despedida deste mundo, antes de ascender a um qualquer outro plano, que lhe esteja reservado.

 

Até sempre, pai!

 

 

 

"Para a Minha Irmã", de Jodi Picoult

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Esta deve ser uma das poucas histórias que, de certa forma, nos deixa de "pés e mãos atados", sem conseguir tomar partido, com absoluta convicção, de nenhum dos lados. 

Sabemos o que está errado. Sabemos o que é errado. Sabemos quem está mal. 

Mas...

Como podemos julgar? Como podemos condenar?

Quem não faria tudo o que pudesse para salvar um filho?

O problema é, a que preço?

 

O que implica, e como se repercute, em toda a família, toda a dinâmica estar centrada na filha doente. Tudo depender, e ocorrer, em função dela.

Enquanto isso, há um filho, claramente, negligenciado, "chutado para canto", como se fosse, nem digo uma personagem secundária, mas um mero figurante.

E há uma filha, na qual depositam todas as esperanças de cura, feita à medida, por encomenda, e da qual, ano após ano, desde o seu nascimento, vão "roubando" um pedacinho, como sanguessugas, até não haver mais o que retirar.

Ou até não ser mais preciso. 

 

Kate, a filha doente, é uma sobrevivente. 

Talvez, como dizem, esteja apenas à espera que os pais lhe permitam partir mas, como eles insistem tanto que ela se mantenha viva, ela faz o que pode, e o que não pode, para não os defraudar, e vai aguentando tudo, com resiliência.

Uma resiliência que Anna sempre demonstrou, também, porque, afinal, era a sua irmã, e estava nas mãos dela ou, literalmente, no corpo dela, salvá-la.

Mas chegou a um ponto em que, para ela, se calhar, chega. 

Se calhar chega, de nunca lhe perguntarem como ela se sente. De nunca lhe pedirem autorização. De a usarem. De não pensarem, por uma vez que seja, nela.

 

Compreendo o lado dos pais.

Viram naquela filha a única hipótese de salvarem a outra, à partida, sem grandes riscos para a dadora, e com o mínimo benefício que fosse, para a receptora, prolongando um bocadinho mais a sua vida.

Compreendo que uma mãe, perante uma filha com uma doença com esta gravidade, esqueça tudo o resto e apenas esteja focada em não deixar a filha morrer.

Mas ela tem outros filhos!

O pai, por outro lado, é uma pessoa mais sensata, mais razoável. Apoia a mulher, mas questiona-se sobre o que estão a fazer. Se será certo. Se deveriam fazê-lo.

É a pessoa que consegue agir com alguma lucidez, e discernimento, apesar do drama que também é dele.

 

Obviamente, nenhuns pais vão pedir permissão a um bebé, ou uma criança, para algo que ela própria não sabe bem o que é.

Mas a verdade é que a pessoa mais afectada, Anna, também tem direito ao seu corpo. A não ser invadida. A não ser usada sem o seu consentimento. A não pôr a sua saúde em risco, por menor que seja esse risco, sem estar devidamente informada, e querer, ainda assim, fazê-lo.

A não ver a sua pessoa, e a sua vida, anuladas, porque o que importa é, apenas e só, Kate. 

É disto que se trata.

E, chega um momento, em que é preciso parar.

 

Com um processo de emancipação em curso, interposto por Anna, e a pressão e culpabilização constante da mãe para que ela mude de ideias, toda a história se vai desenrolando, entre reuniões, tutora e advogados, sem sabermos qual será a decisão final do juiz.

E confesso que, depois de tudo, não gostei do final.

Para mim, não fez sentido.

Mas, afinal, também a vida é assim.

 

 

Sinopse:

"Luke Anna não está doente, mas até parece estar. Aos treze anos, já fez inúmeras cirurgias e transfusões para que Kate, a sua irmã mais velha, possa combater a leucemia que a afeta desde a infância. Anna foi concebida para ser dadora de medula compatível com Kate, uma vida e um papel que ela nunca questionou...até agora. À semelhança da maior parte dos adolescentes, Anna começa a questionar quem realmente é. Mas, ao contrário da maioria dos adolescentes, sempre foi definida em função da irmã. E é então que Anna toma uma decisão impensável para a maioria das pessoas, uma decisão que faz com que a sua família desmorone e que pode ter consequências fatais para a irmã que ela adora.

Para a Minha Irmã questiona o que significa ser um bom pai ou mãe, uma boa irmã, uma boa pessoa. Será moralmente defensável fazer qualquer coisa para salvar a vida de uma criança, mesmo que isso implique desrespeitar os direitos de outra? Valerá a pena tentar descobrir quem se é de facto, quando essa pergunta nos faz gostarmos menos de nós próprios? Deveremos seguir o nosso coração, ou deixar-nos conduzir por outros?"

Sobre a proposta de alargamento do prazo para o aborto

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Abortar é matar uma vida? Sim.
Existem formas de evitar chegar a esse ponto? Existem.
É um direito que assiste a todas as mulheres, se assim o decidirem? Sim. E ainda bem.

 

Ainda que o Estado proporcione todas as condições, financeiras e psicológicas (que nunca o fará!), para evitar um aborto com base na falta de apoio, a verdade é que nem sempre é, esse, o único motivo para se abortar.
Só quem está prestes a assumir (ou não) essa responsabilidade, que é trazer uma criança ao mundo, a este mundo louco, sobretudo nos dias que correm, tem o direito de decidir se está pronta e preparada para assumi-la em todos os sentidos, ou não.

 

Não é uma decisão que se tome de ânimo leve, deve ser bem pensada, sem pressões alheias (tanto para um lado, como para o outro), e que não se deve basear em promessas vãs, ou em estatísticas de natalidade.
O corpo é da mulher, é ela que passa pelas transformações, pelas dores do parto.
É uma responsabilidade para a vida, que lhe pode mudar a vida, para o bem, e para o mal.
E que, muitas vezes, acaba por ser só dela, quando a outra parte se descarta.
Portanto, sendo ela a única responsável, e a única com a qual só ela poderá contar, é justo que seja da mulher o poder de decisão.

 

Porque as outras pessoas até podem ser contra - cada um tem direito à sua opinião - mas não têm o direito de influenciar ou querer decidir a vida dos outros, com base nas suas crenças e convicções. Até porque depois, no dia a dia, não são elas que lá estarão, a ajudar essas mulheres a quem quiseram fazer desistir de algo que elas não queriam.

 

Sendo totalmente a favor do aborto, concordo com o alargamento do prazo.

Dez semanas é muito pouco, tendo em conta o tempo que leva a perceber ou confirmar a gravidez, e o tempo que se perde em todo o processo, desde que se dá início, até ao acto em si.

Até porque as semanas nem são contadas a partir do dia da concepção, mas da última menstruação (para quem a tem), pelo que está a ser roubado tempo precioso (duas semanas) às mulheres que se decidem pelo aborto.

No entanto, infelizmente, acredito que as alterações propostas vão cair em saco roto, e serão vetadas.