"Pura Raiva", de Cara Hunter
Há por aí um homem perigoso à solta, que vai atacar quem, e quando, menos se espera...
Em primeiro lugar, tenho a dizer que a autora podia ter encurtado um pouco a história, sem fazer render tanto o peixe.
Depois, confesso que me ludibriou. Comecei a ler, e levei tudo para um lado, ainda que sem entender que ligação poderia haver, até porque nada parecia bater certo. Entretanto, embrenhei-me tanto na ação que estava a decorrer que, quase a chegar ao fim, tive dificuldade em recordar aquilo que tinha lido logo no início e que, agora sim, fazia sentido. Mas já tinham passado tantas páginas, e tantos acontecimentos...
Por fim, referir que, em determinados momentos, a informação é excessiva, e fica tantas vezes pendente, que é muito fácil perder o fio à meada e, às tantas, não perceber nada do que se está a ler.
Posto isto, "Pura Raiva" é uma história sobre raiva, e sobre inveja.
Sentimentos pouco nobres que não são exclusivos dos adultos, e que podem manifestar-se em tenra idade.
Se isso se traduz, na prática, em agressões, em violência, em crime?
Quem sabe...
E é caso para dizer que, por norma, quem mais parece estar do nosso lado, e ter menos motivos, é quem, na verdade, mais tem algo contra nós, que disfarça, dissimuladamente.
Família.
Amigos.
Ninguém está livre de suspeitas.
Há por aí alguém perigoso à solta, que vai atacar quem, e quando, menos se espera...
A primeira vítima escapou com vida. Uma adolescente.
Sorte? Ou intencional?
Faith não quer apresentar queixa e tenta, a todo o custo, esconder algo que ela quer pôr para trás das costas.
Determinada a não dar nas vistas, nem chamar a atenção sobre si, Faith acaba por mudar de ideias, quando surge a possibilidade de haver novas vítimas.
E a seguinte não tarda a desaparecer. Outra adolescente.
Residente na mesma zona. Estudante na mesma escola.
Terá ela a mesma sorte?
Os suspeitos são muitos. Quase todos vão dar a um beco sem saída.
Mas não se pode confiar em ninguém.
Nem mesmo, num pai. Numa irmã. Nas melhores amigas...
Cada criminoso tem a sua própria justificação, ainda que nada justifique, para os seus crimes.
Mas há "motivos" que nos levam mesmo a ter dificuldade em digerir a maldade de que o ser humano é capaz, por razões tão fúteis, tão estúpidas, tão sem sentido.
Ainda que para eles, cada vez mais cedo, lhes pareça motivo e razão suficiente para tratar alguém assim.
E é por isso que, quando a justiça parece querer falhar, há que dar um empurrão, para que os criminosos não se safem.
Para que não façam novas vítimas.
Para que, quem foi atacado, e sobreviveu, possa seguir a sua vida, sem medos.
Até ao dia em que a justiça lhes devolva a liberdade, e volte a aprisionar as vítimas...
Até ao dia em que o passado se torne presente, e ameace o futuro das mesmas...
"UMA RAPARIGA É RAPTADA NAS RUAS DE OXFORD. MAS ESTE É UM RAPTO DIFERENTE, PARA O INSPETOR FAWLEY.
Uma adolescente é encontrada a vaguear pelos arredores de Oxford, desorientada e angustiada. A história que Faith Appleford conta é assustadora: amarraram-lhe um saco de plástico na cabeça e levaram-na para um local isolado. Por milagre, sobreviveu. Mesmo assim, recusa-se a apresentar queixa.
O Inspetor Fawley investiga, mas há pouco que ele possa fazer sem a cooperação de Faith, que parece esconder alguma coisa. Mas o quê? E porque será que Fawley continua com a sensação de que já viu um caso como este?
Quando outra rapariga desaparece, Adam Fawley não tem escolha e tem mesmo de enfrentar o seu passado."