Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Porque nos boicotamos a nós próprios?

465797820_122126839928445069_5721863755623814789_n

 

Como já tenho dito várias vezes, o ser humano é um "bicho" complicado.

Não é, pois, de admirar, que dessa complicação faça parte uma, provavelmente, irracional ou inconsciente tentativa de boicote a si próprio, e à sua felicidade.

A verdade é que toda a gente almeja estar de bem com a vida, sentir-se bem e feliz mas, quando isso acontece, irreflectidamente, as pessoas têm uma tendência a, por si mesmas, estragar esses momentos.

 

Como se tivessem necessidade de deixar de estar bem.

Talvez porque acreditem que não são merecedoras. 

Ou, talvez, porque não sabem viver assim...

Porque estão mais habituadas a momentos de tensão e, como tal, estranham a calmaria.

 

Outras vezes, porque tudo o que sabem que lhes faz bem, leva tempo.

Dá trabalho.

E fá-las sair da zona de conforto. 

Enfrentar mudanças.

Contornar receios.

Abrir portas ao desconhecido.

 

Então, mesmo sabendo que pode valer a pena, preferem boicotar-se.

Ficar com aquilo a que já estão habituados.

Que já conhecem, e do qual sabem o que esperar. 

Porque até podem, em teoria, saber tudo o que precisam de fazer.

Mas daí a pôr em prática, parece haver sempre um travão invisível que leva a melhor.

Seguir caminho

(1 Foto, 1 Texto #64)

1000023945 - Cópia.jpg 

 

Já era noite.

O céu estava escuro. Ainda mais escuro, pelas nuvens, que o encobriam.

Um pingo ou outro caía, ameaçando tornar-se cada vez menos espaçados, e mais fortes.

Mas, por enquanto, parecia favorável.

 

E, assim, lá ia ela, solitária, percorrendo o seu caminho.

Não indo muito depressa, também não parava.

Por um instante, o vento mostrou-se mais forte, e virou-a.

Mas ficar ali parada, rendida, não era opção.

 

Ainda havia um longo caminho a seguir.

Por isso, como uma guerreira, voltou a endireitar-se.

Não havia tempo a perder.

Ergueu-se, e fez-se, novamente, à estrada.

 

Quem sabe o que a esperava.

Ou quem a esperava.

Ou talvez nada a esperasse.

Mas isso não a impediu de ir.

 

Talvez seja apenas a sua natureza.

Talvez disso dependa a sua vida.

Talvez já nada a prenda ao lugar de onde veio.

E siga em frente, esperançosa de uma mudança.

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto 

"A Jovem e o Mar", no Disney+

images.jfif 

 

Este filme aborda a história verídica de Trudy Ederle, a primeira mulher a atravessar, a nado, o Canal da Mancha, a 6 de Agosto de 1926, com apenas 20 anos.

 

Numa época em que apenas aos rapazes era permitido nadar e competir, e apesar do risco que corria de vir a ficar surda, em consequência do sarampo, ao qual sobreviveu quando era criança, Trudy logrou, com muita persistência, resiliência, perseverança, teimosia e coragem, levar a sua ideia avante.

 

Contra a mentalidade machista da época, contra as expectativas e, literalmente, contra todos os obstáculos e adversidades da travessia, Trudy conseguiu aquilo que nenhum outro nadador tinha alcançado até àquela data, num total de 14 horas e 31 minutos, e teve o maior desfile em homenagem a um atleta, na história de Nova Iorque.

 

A criança que queria nadar, porque a irmã Meg também nadava, mas que toda a gente desvalorizava, porque não tinha jeito, teve a sorte de encontrar uma treinadora que, apesar de relutante, decidiu dar-lhe uma oportunidade e treiná-la, ficando surpreendida com a forma como, em pouco tempo, ela superou quase todas as suas outras alunas.

 

A mulher que se recusou a não ter uma palavra a dizer sobre o seu destino, que lutou contra a sociedade que dificultava as competições, deliberadamente, às mulheres, como se as quisessem reduzir à sua insignificância, através do boicote, foi aquela que, um dia, pôs todos a gritar o seu nome, deixou todos orgulhosos e estupefactos, e que mudou a história do desporto no feminino.

 

Destaque ainda, neste filme, para a força das mulheres, nomeadamente, a mãe de Trudy, que sempre fez tudo para que a filha concretizasse o seu sonho, apesar do receio constante de a perder, e da sua treinadora Charlotte, que sempre acreditou em Trudy, e depositou nela toda a sua fé - duas mulheres que fizeram a diferença, perante a mentalidade retrógada da época.

 

Em "A Jovem e o Mar" percebemos como é importante o apoio da família, como tudo se torna mais fácil quando sentimos que ela está lá para nós, que não estamos sós e abandonados à nossa sorte. Que, apesar do receio, e ainda que não consigamos alcançar aquilo a que nos propusemos, ela torce por nós.

 

Um filme do género de Nyad, mas numa outra época, com muito menos conhecimentos e tecnologias de suporte a feitos como estes, que vale a pena ver.

 

 

 

 

Imagem: disneyplus

 

Das legislativas do passado domingo...

2779730-cartoon-vector-ilustracao-de-mao-segurando

 

Acredito que uma boa parte da população vota por simpatia com determinado partido ou representante, ou por hábito antigo.

Quantas vezes não ouvimos, sobretudo os mais idosos, dizer que votam em "x" partido porque sempre votaram. Porque os pais votavam. Ou porque gostam muito de "x" líder, porque é muito simpático.

 

Acredito que muitas pessoas votam por saturação com o mesmo de sempre, com esperança numa mudança. 

E que outras tantas o façam apenas numa atitude de desafio, de ser do contra.

 

Acredito que apenas uma pequena parte da população conhece os programas de cada partido, sabe distinguir as promessas exequíveis das promessas vãs, as medidas praticáveis das utópicas, e vota de acordo com aquilo que, dentro do que há, poderá ser o menos mal.

 

Pessoalmente, prefiro um partido que mostra as coisas como elas são, de forma prática, ainda que o cenário oferecido não seja cor de rosa, do que aquele que me diz tudo aquilo que eu gosto de ouvir. Que, no fundo, as pessoas querem ouvir.

 

No entanto, independentemente do motivo que leva alguém a votar, pelo menos, já levou a pessoa a exercer o seu direito.

Vejo sempre tantas críticas à abstenção mas, depois, se as pessoas vão às urnas, e votam, chovem as críticas porque votaram em determinado partido. Ou seja, quase querem que as pessoas levantem o rabinho do sofá e vão votar, mas apenas nos partidos que os outros acham bons.

 

Sou da opinião que, se a pessoa estiver convicta de que está a votar no que lhe parece melhor (ainda que na prática não o seja) deve fazê-lo, sem julgamentos, nem recriminações.

Grandes perdas levam a grandes mudanças?

Sem Título.jpg 

 

Será?

A vida ensina-nos, ou tenta mostrar, em diversas ocasiões, que não nos devemos prender ao que quer que seja.

Porque nada é eterno. 

Nada permanece para sempre.

 

E, ao longo da vida, são várias a perdas que vamos tendo.

Umas, maiores.

Outras, mais insignificantes.

Em qualquer uma delas, a vida tenta fazer-nos ver que, até nas grandes perdas, podemos ter a oportunidade para grandes mudanças. 

 

Sim, há perdas que nunca se poderão "compensar". 

O que perdemos, nem sempre é substituível.

Por vezes, era mesmo único.

 

E sim, nem sempre dá para recuperar o que perdemos.

Mas dá para recomeçar, recriar, inovar, actualizar, seguir em frente, e ver as coisas de uma nova perspectiva.

Quem sabe aquilo que tínhamos não nos prendia e, ao perder-se, liberta-nos para algo diferente, e melhor?

Quem sabe não era, exactamente isso, o que precisávamos?