As relações não surgem, apenas e só, porque é suposto.
Porque é isso que se espera.
Ou existe algo que faz nascer e desenvolver essa relação, ou não adianta.
É quase como aquela semente que colocamos na terra mas, sem as condições adequadas, acaba por morrer lá enterrada. Ou até brota, mas logo murcha e morre.
No novo programa da SIC, "Amigos Improváveis", juntaram idosos e jovens, naquilo a que consideram amizades improváveis que é suposto transformarem-se, quem sabe, em amizades para a vida.
Ora, logo à partida, sendo um programa de televisão, a naturalidade e espontaneidade não serão as mesmas.
É suposto estarem abertos à experiência, darem-se bem, colaborarem.
Ainda assim, ao ver as relações entre os vários concorrentes, é possível perceber o que está ali a ser relativamente natural, ou forçado.
Ana e Fernanda
Há uma total falta de noção, de parte a parte, para saber como levar cada uma, a entrar no mundo da outra, e ficar ali numa espécie de consenso que dê para ambas.
Uma parecia rígida demais. Ainda assim, tem vindo a surpreender. A outra, parecia ter energia e vontade de animar a vida de ambas, mas só a vimos triste, adoentada, a chorar, e sem vontade de fazer o quer quer que fosse, que não fosse do seu gosto ou agrado.
Para já, a Ana deixou a casa da sua sénior.
Não me parece que resulte dali grande amizade.
Diogo e Silvina
No caso da Silvina e do Diogo, apesar de a primeira usar, muitas vezes, uma capa de durona e picuinhas, ao mesmo tempo que, já na experiência, se mostra muito (demasiado) extrovertida, por contraste com um Diogo, aparentemente, mais tranquilo e tímido, acredito que possa resultar dali uma amizade para a vida. Mais do que com a candidata que lhe suceder, penso eu.
Em termos de prestação e entrega à experiência, o Diogo é um dos meus preferidos, e que mais se está a entregar.
Ana Catarina e Maria Lina
A Ana Catarina e a Maria Lina estão ali de corpo, alma e coração.
Parecem dar-se lindamente, sem forçar, sem estar ali com muito teatro.
Parecem mesmo neta e avó.
Acredito, e espero, que essa amizade continue fora da experiência.
Elegeria a sua prestação como a relação mais genuína.
Elisabeth e Tatiana
Esta é uma relação que não me inspira.
Acredito que, quando a experiência terminar, vá cada uma para seu lado, sem qualquer relação de amizade.
A Elisabeth parece, ou quer mostrar-se, uma mulher "prá frentex", mas mostra também um lado demasiadamente despreocupado e desinteressado, diria até, algo desajeitado, que acaba por se reflectir na sua relação com a Tatiana que, não precisando ainda de mais paninhos quentes, também não saberá lidar com a atitude e comportamento da sua sénior.
João/ Natália e Pedro
Adoro este casal, sobretudo o Sr. João.
Quanto ao Pedro, é o concorrente que, na minha opinião, mais se tem entregado à experiência e vivido a mesma na sua totalidade.
No local totalmente diferente do que está habituado, a fazer actividades que nunca imaginou, ele tem mantido o espírito aberto.
Não sei o quanto disso é porque até fica com conteúdos para o seu canal ou porque, para além de ter sido bem recebido e acolhido, também ele gosta dos séniores que o escolheram, e poderá resultar dali uma amizade. Ainda que não como a que imagino para a Ana Catarina e Maria Lina.
Ainda assim, a mim, parece-me que se darão melhor com o Pedro, do que com a Bárbara, que irá a seguir.
De qualquer forma, seja em programas de televisão, ou na vida real, a regra é a mesma: não adianta juntar as pessoas e dizer - agora sejam amigas - porque não funciona assim.
A amizade, tal como qualquer outra relação entre as pessoas, tem que vir de dentro de cada um de nós, tem que ser sentida, tem que ser recíproca, tem que ser verdadeira e genuína, tem que crescer naturalmente.
Ou nunca terá pernas para andar.
Muito menos, forçada.
Imagens: sic