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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

O covid está a transformar-se nas novas gripes e constipações

Constipações - Aprender uma coisa nova por dia

 

À velocidade, e curto espaço de tempo, a que a maioria das pessoas se reinfectam, e tendo em conta os sintomas, na sua maioria, semelhantes, e já sem a gravidade assustadora dos primeiros tempos, acredito que o covid se está a transformar nas novas gripes e constipações.

Antes, as pessoas tinham uma ou outra gripe, duas ou três constipações por ano.

Agora, têm covid.

E, para alguns, é até menos sintomático, e melhor que as outras, pelos sintomas ligeiros, ou quase inexistentes, que se manifestam!

Resta assimilar, aprender a conviver, e aceitar esta nova normalidade que, neste momento, não é mais do que aquilo a que já se estaria habituado, antes da pandemia.

 

Desafio de Escrita do Triptofano #11

Fugir à normalidade

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A caminho de uma gala solidária

 

Anacleta: Pablito, não queres fazer um desviozinho?

Pablo: Não posso, menina. Tenho instruções para a levar, sem demoras, à gala de beneficência.

Anacleta: Chato! Não te cansas de fazer sempre o mesmo? De ser assim tão certinho?  

Pablo: É o meu trabalho, menina. Se não o fizer bem feito, sou despedido. E se for despedido, não tenho como sustentar a minha família.

Anacleta: Podias sempre arranjar outro trabalho, mais divertido! Isto é uma seca. Sempre a mesma rotina, sempre as mesmas pessoas, sempre as mesmas malditas regras. Cada dia igual ao anterior. Não há nada pelo qual anseies. Que te faça querer viver. Olha para estes soldados! Todos iguais. Todos alinhadinhos. Que falta de personalidade!

Pablo: Não diga isso, menina. É apenas sentido de dever, e respeito para consigo e para com a sua família.

Anacleta: Tretas! Vá lá, Pablito. Vamos fugir um pouco à normalidade. Só hoje.

Pablo: A menina é teimosa! Não lhe expliquei já...

 

E parou de falar, ao ver que Anacleta já tinha tirado as roupas de cerimónia, e estava agora com uma t-shirt, calças e ténis.

 

Pablo: Mas o que é isso, menina?!

Anacleta (dando umas tesouradas na farda de Pablo): Isto?! Isto é a nossa desculpa perfeita! Agora que não estamos apresentáveis, podemos faltar à gala, e ir onde quisermos.

Pablo: A menina sabe os problemas que me está a arranjar? A mim, e a si! Ou acha que os seus paizinhos vão ficar contentes consigo?

Anacleta: Quero lá saber. Também já tiveram a minha idade! E, se calhar, também já quebraram as regras. Descontrai, Pablito. Vais ver que vais gostar!

 

Depois de umas horas a satisfazer os caprichos de Anacleta, Pablo dá-lhe a entender que está na hora de regressarem, e enfrentarem as consequências daquele acto de rebeldia.

E lá voltam, Pablo receoso, e Anacleta cansada e pensativa, a caminho de casa.

 

Às tantas, diz Anacleta: Sabes, Pablito, não percebo porque é que as pessoas são todas tão diferentes onde estivemos.

Pablo: Então, menina? Ainda há pouco se queixava de tudo ser sempre igual. 

Anacleta: Eu sei, Pablito. Mas é que se tudo for diferente, não nos encaixamos em nada. Sentimos que não pertencemos a nada.

Pablo: Mas não era isso que a menina queria? Ser alguém diferente?

Anacleta: Sabes que mais? Acho que afinal, até gosto da minha normalidade. É bom estar de volta.

Pablo (pensando para com os seus botões): Pelo menos ganhou juízo.  Sempre serviu para alguma coisa.

 

Anacleta (ao fim de uns instantes, como que lendo o pensamento de Pablo): Mas sabes que, mais dia, menos dia, vamos fazer outra escapadinha! Sabes porquê?

Pablo: Não faço ideia, menina.

Anacleta: Porque é a única forma de nos relembrar daquilo que temos, daquilo que somos, e do quão gratos devemos estar. De nos relembrar de que nem tudo é sempre bom, mas também nem tudo é sempre mau. De querer voltar para onde, antes, queríamos sair. Estás a perceber?

Pablo: Sim, menina. A única forma de lidarmos e aceitarmos a normalidade, é fugindo dela, de vez em quando.

Anacleta: Olha! Até que és um sábio companheiro de aventuras, Pablito! Quem diria...

 

 

Texto escrito para o Desafio de Escrita do Triptofano

 

Também participam:

Maria Araújo

Ana D.

 

 

Ainda fazem sentido as reuniões presenciais de pais?

Primeira Reunião de Mães e Pais do Colégio Ideia - Colégio Ideia

 

Antes da pandemia, as reuniões de pais eram algo habitual, fosse no início do ano lectivo, fosse no início de cada período seguinte e, em alguns casos, a reunião final de ano.

O objectivo era transmitir informações importantes, entregar as fichas de avaliação dos alunos, e outros assuntos que poderiam ser do interesse de pais e alunos.

E, claro, como não poderia deixar de ser, a eleição dos representantes dos encarregados de educação.

 

Depois, veio a pandemia, e as reuniões foram suspensas.

Houve directores de turma que realizaram as ditas reuniões através de plataformas online.

No meu caso, elas deixaram de existir.

Foi um alívio. 

Não precisei de perder tempo, e os anos correram normalmente, pelo que ficou óbvio que as mesmas não são essenciais.

Os directores de turma podem sempre enviar os recados ou informações, por outros meios.

Os pais podem sempre marcar atendimento com os directores de turma, se quiserem saber ou tratar de alguma coisa.

As pautas com as notas dos alunos já saem no INOVAR, pelo que nem é necessário irmos lá só por isso.

 

Andava eu feliz da vida, quando a minha filha me mostra a convocatória para uma reunião na escola.

Já deveria ter calculado. 

Em ano lectivo que se pretender normal, o regresso das reuniões presenciais de pais não poderia faltar.

E lá fui eu, preparada para o filme do costume.

Só que o filme foi outro. Bem mais surpreendente! 

 

Chegada à escola, a funcionária da portaria não tinha qualquer indicação de reunião naquela sala, mas lá me mandou seguir viagem.

Ao entrar no bloco, outra funcionária avisou-me que a reunião tinha passado para outra sala e encaminhou-me para lá.

Fui a primeira a chegar. Ups...

Não conhecia a professora mas, devo confessar, estou fã!

A minha filha teve sorte com a professora de Português e directora de turma.

Enquanto estávamos sozinhas, fomos falando de livros. Dos que iriam dar em aula, e daqueles sobre os quais fariam trabalhos.

 

À hora marcada, ainda só eu tinha chegado. Esperámos uns minutos. Apareceu uma mãe. 

Entregou-nos a folha de presenças para assinar, e uns folhetos informativos sobre a Associação de Pais da escola.

Chegou uma outra mãe, com o marido.

Passavam cerca de 15 minutos da hora marcada.

A DT deu início à reunião, na esperança que, entretanto, mais alguém aparecesse.

Mas não. 

Apareceram apenas 3!

3 encarregados de educação, numa turma de 26 alunos!

 

Estamos a falar de uma turma de 12º ano. Em que alguns dos alunos já são maiores de idade.

E os que não são, já são crescidinhos.

Talvez por isso, os pais considerem que não se justifica marcar presença, numa reunião em que, salvo uma ou outra informação, já conhecem o guião de cor.

Depois, há a falta de tempo. De disponibilidade. De vontade. O não se perceber porque não se opta por outros meios, para transmitir a mensagem, que sejam mais práticos e cómodos.

Será que ainda fazem sentido as reuniões presenciais de pais, nos tempos que correm? Sobretudo no ensino secundário?

 

A minha vontade também era zero. Mas fui. Sempre acompanhei o percurso da minha filha, e este é o último ano. Daqui a pouco tem 18 anos, e jé está por sua conta.

Por isso, com pouca vontade, fui.

Mas, tal como a professora, nunca pensei que aparecessem tão poucos pais.

Acho que a directora de turma ficou surpreendida, e desapontada. Deve ter sido o ano, e talvez a turma, em que menos pais compareceram.

 

Devo confessar que, por conta dessa escassez de pais, foi uma "santa reunião", como há muito não assistia!

O pior, foi o momento da eleição dos representantes dos encarregados de educação.

Tendo em conta que éramos 3, e nenhuma de nós tinha vontade de o ser, teríamos que ir a votos o que, provavelmente, daria um "empate técnico", já que íamos votar nas duas mães restantes.

Para piorar mais o cenário, uma das mães informou que, como é professora, não se sentiria à vontade nesse papel.

Sobravam duas mães: eu, e outra.

Portanto, eu, que sempre fugi desse cargo como o diabo da cruz, vejo-me agora, neste último ano, eleita por falta de opções e alternativas, juntamente com a outra mãe.

Até disse na brincadeira que, se soubesse, também não tinha ido!

 

A outra mãe ainda tentou deixar o cargo em aberto, para o caso de algum outro encarregado de educação ter interesse, mas se nem à reunião compareceram, como poderiam ter interesse em representar os outros pais?

 

Enfim...

A directora de turma nem sabia bem o que escrever na acta da reunião sobre esse ponto.

No fim, agradeceu a nossa presença e disponibilidade, desejando um bom ano aos nossos filhos. 

E nós, mães e agora representantes dos pais, desejando que tudo corra bem, para que não sejamos necessárias!

Sobre a vacinação, falta de escolha e "chantagens"

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De uma forma geral, muito antes da Covid-19, a vacinação fazia-se com relativa normalidade.

As pessoas seguem o plano de vacinação com confiança, e acreditando que isso lhes vai salvar as vidas, e as dos seus filhos, caso seja necessário sendo que, se não for, também não prejudicam ninguém.

À excepção de uma ligeira febre ou reacção no local da picada, raros são os casos graves de resultantes da vacinação. E uma minoria aquela que insiste em não vacinar.

 

A vacina da gripe, por exemplo, só a tomava quem queria. Ninguém obrigava ninguém a tomá-la.

Os que tomavam ficavam, muitas vezes, com sintomas da gripe. E diziam "fui levar a vacina, mas acabei por ter gripe". Uns, desistiam. Outros, achavam que era um "mal necessário" em prol de uma protecção, a longo prazo (não muito longo, visto que a vacina é anual), maior e melhor.

 

As vacinas que são obrigatórias em determinadas viagens, também nunca ninguém as contestou.

Era muito simples: se queriam viajar, tinham que se vacinar. E levavam as vacinas. E viajavam. 

 

Lembro-me, por exemplo, da vacina da meningite, que ainda não fazia parte do plano de vacinação no tempo da minha filha. Tinha que ser paga pelos pais, e havia duas à escolha. Uma mais cara que a outra. Éramos nós, pais, que escolhíamos a que queríamos, comprávamos e levávamos ao centro de saúde, para ser administrada.

 

Mais recentemente, veio a vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV).

Esta mais debatida, por a ela estarem associados alguns efeitos indesejáveis e problemas que teriam resultado da sua administração.

Com esta, muitos pais ficaram receosos, e optaram por não sujeitar os filhos à administração da mesma.

Eu não vi problemas, e a minha filha levou-a logo aos 13 anos.

Mais uma vez, houve hipótese de escolha.

 

Agora, em pleno século XXI, chegam as vacinas contra a Covid-19.

Vacinas criadas em tempo recorde, ou não fosse grave e urgente a situação que levou a criá-las.

Por vezes, a pressa é inimiga da perfeição. A urgência faz saltar etapas, e ocultar determinadas informações. Ou não conseguir detectar tudo o que pudesse não correr como previsto.

Mas, outras, até se consegue um bom trabalho, e eficaz.

 

Apesar da pressão exercida sobre a população, para que seja vacinada (e que acredito que seja ainda maior no que respeita a contratações laborais, ou acessos a determinados locais, um pouco como o fazem as escolas com as vacinas que já constam do plano de vacinação), e eventual discriminação para com aqueles que não a querem levar, a vacina não é obrigatória. Pelo menos, na teoria, só a leva quem quer. Na prática, terão que levar aqueles que quiserem aceder a algo, que obrigue a tê-la.

 

Sendo uma escolha, e havendo várias à escolha, apesar de se afirmar que, se estão no mercado, é porque são todas fiáveis, penso que cada um deveria tomar aquela que preferisse, desde que estivesse disponível.

Outra hipótese seria adoptar uma, gratuita, para o plano nacional de vacinação e, quem não quisesse essa, teria que pagar pela que preferisse, se ou quando estivesse disponível.

 

Como não é esse o caso, e as vacinas não abundam por aí, cabe a cada um decidir se quer levar já, a que existe, ou se prefere esperar que surjam outras, sujeitando-se às que sobrarem no final, ou a não haver nenhuma.

 

Não acho que uma vacina deva ser imposta. Muito menos nestas circunstâncias. E com base na falta de escolha, agravada com uma espécie de "chantagem", quando as pessoas já se sentem inseguras.

Mas, da mesma forma, não se pode afirmar que uma vacina não é eficaz, apenas porque algumas pessoas tiveram reacções adversas, com maior ou menor gravidade.

Uma vacina, um medicamento ou um tratamento que foi benéfico para muitos, não deixa de ser bom por algumas pessoas não se darem com ele.

 

A penicilina, por exemplo, presente em antibióticos ou através de injecções, é uma das maiores "armas" da medicina e, no entanto, há pessoas que são alérgicas, e que podem ter consequências graves em contacto com ela. Mas não é por isso que a penicilina deixa de ser eficaz e útil, e se perde a confiança nela.

Um médico que salva dezenas de vidas, perde uma ou duas. Deixa de ser bom médico por isso? 

 

O que se passa é que ainda não houve tempo para as pessoas ganharem confiança.

Ainda não houve tempo para as pessoas encararem as vacinas anti Covid-19 como uma outra qualquer.

A urgência, não deixa a poeira baixar. 

A falta de dados concretos quanto à eficácia ou tempo de imunização, bem como de quanto em quanto tempo terá que ser levada, impede-nos de confiar.

O facto de vir apenas com a promessa de uma eventual menor gravidade na contracção da doença, mantendo-se todas as medidas preventivas como até aqui, faz duvidar da utilidade da mesma.

A verdade é que podemos contagiar, e ser contagiados, ainda que tenhamos levado a vacina.

 

Uma coisa é certa: tal como em qualquer decisão que se tome na vida, teremos que assumir a responsabilidade pela mesma, e lidar com as suas consequências.

Se levarmos a vacina, e tivermos o azar de ter problemas, vamos sempre pensar "mais valia não ter levado".  Se não a levarmos, e formos parar a uma cama de hospital por conta disso, pensamos "porque é que não levei a vacina".

Nada é garantido, nada é 100% seguro e eficaz, e uma acção gera sempre uma reacção, da mesma forma que uma decisão acarreta sempre uma responsabilização.

Resta decidir com confiança, positivismo e com o máximo de informação que seja necessária a essa decisão, seja ela tomada agora, ou adiada.

 

Imagem: jornaleconomico

 

Balanço da primeira semana e meia de aulas

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A primeira conclusão a que cheguei é que terei que fazer uma reclamação por conta das máscaras oferecidas: provocam amnésia!

É que, quando pergunto à minha filha como correram as aulas, o que disseram os professores, ou o que estiveram a fazer, diz que já não se lembra.

Brincadeira à parte, até se adaptou bem a passar horas com máscara.

 

Ainda antes do início das aulas, dizia-se que as primeiras quatro semanas seriam para rever a matéria do último período do ano anterior.

Em algumas disciplinas, no entanto, já está a dar matéria do 11º ano. E noutras, os professores avisaram, nos primeiros dias, que na semana seguinte teriam que começar com matéria deste ano.

 

As aulas são quase todas na mesma sala, com lugar marcado. A diferença em relação ao ano passado é que as secretárias, individuais, em vez de estarem juntas, estão separadas.

O acesso à papelaria e ao bar está mais condicionado. Não podem andar pela escola à vontade, como antigamente.

Os intervalos são mais curtos, mas podem sair das salas. As idas à casa de banho são preferíveis durante a aula.

 

Têm aulas normais de educação física, com a diferença de que têm que andar com um saco com garrafa de água, máscara e gel desinfectante atrás.

E são divididos em grupos, sendo que o grupo com quem a minha filha está, nem sequer são os colegas que, nas salas, estão sentados mais proximamente.

Acabaram por tocar todos na mesma bola, quando jogaram basquetebol.

Não podem tomar banho na escola, e devem ir, de preferência, já equipados de casa.

 

E, para já, é isto.

 

 

Imagem: noticiasaominuto