Sobre o filme da Netflix "O Teu Filho (Tu Hijo)"
Estreou há pouco tempo, na Netflix, o filme "O Teu Filho", no original "Tu Hijo" e, pelo que li sobre o mesmo, fiquei curiosa.
Daquilo que vi, coloquei a mim mesma estas questões:
Até onde estamos dispostos a ir para vingar os nossos filhos?
Se alguém ataca, agride, magoa, atenta contra os nossos filhos, seja de que forma for, e percebermos que a justiça pouco faz para descobrir os culpados e condená-los, teremos nós a determinação para corrermos nós atrás deles? Para fazermos o trabalho de investigação que competiria a quem de direito? Para, se consideramos justo, fazer justiça pelas próprias mãos?
Não nos tornará essa vingança pelo que os monstros fizeram aos nossos filhos, em monstros também? Tão ou mais cruéis do que aqueles que queremos punir?
Até que ponto conhecemos mesmo os nossos filhos?
Podemos até achar que conhecemos bem os nossos filhos, mas isso não passa de uma mera ilusão. Ninguém conhece totalmente as pessoas com quem vive, com quem lida, com quem convive, que fazem parte da família, que são do seu próprio sangue, que consideram melhores amigos.
Das pessoas, inclusive dos nossos filhos, só conhecemos aquilo que elas nos mostram, que nos querem mostrar, que permitem que conheçamos.
Isso não significa que aquilo que pensamos não esteja certo, que não tenhamos razão na forma como os vemos e os caracterizamos.
Apenas quer dizer que não podemos estar cem por cento certos, e que poderá haver muito mais do que aquilo que julgamos, por detrás das pessoas com quem convivemos, que desconhecemos, e que vem à tona, quando menos esperando, como uma bomba prestes a explodir nas nossas mãos.
O que estamos dispostos a fazer para proteger os nossos filhos?
Os nossos filhos são isso mesmo: nossos!
E, como pais, temos uma espécie de instinto, a par com o dever e obrigação de proteger os nossos de todos aqueles que lhes querem fazer mal ou, de alguma forma, predudicar.
Mas, o que estamos dispostos a fazer para tal? Vale tudo? Ou há limites?
E se eles, na verdade, não merecerem essa protecção? Seremos capazes de nos isentar da condição de pais, e agir de forma justa, não só para com os nossos, mas também para com os demais?
Ou o instinto de protecção fala mais alto, e faremos tudo o que for preciso para que a verdade permaneça enterrada tornando-nos, além de monstros, cúmplices de crueldades tão ou mais graves do que aquelas de que os nossos filhos foram vítimas.
A história: