Há dias em que me sinto fervilhar por dentro.
Em que me sinto invadir, subitamente, por uma torrente de palavras que não encontra espaço para se acomodar cá dentro e teima em querer sair. Mas quando estou prestes a permitir que isso aconteça, perco a vontade de o fazer.
E, qual onda de água que fica parada, precisamente, quando se preparava para engolir tudo, mando as palavras para trás, e permaneço calada.
Tal como um tsunami causa estragos, também palavras (ainda que sinceras) proferidas de rompante, no momento errado, podem provocar o mesmo efeito. Embora não seja igualmente saudável bloquear a saída, correndo o risco de o cano rebentar por outro lado!
Mas, não bloqueando, há sempre aquela questão da sinceridade e frontalidade, e de se averiguar se me servirá de alguma coisa despejá-las, ou se apenas provocará mal-estar a quem as ouvir e, nesse caso, é preferível o silêncio, até que a onda perca a sua força, e se desvaneça em pleno oceano!