"Katla" poderia ser uma série sobre o vulcão subglaciar da Islândia.
Ou poderia ser uma série de suspense, e ficção científica, sobre o mistério que se esconde por detrás do surgimento de pessoas cobertas de cinza que, numa situação normal, não sobreviveriam. De pessoas iguais, como se de clones se tratassem. Ou das mesmas pessoas, em épocas diferentes.
Até poderíamos ir para o campo do sobrenatural, em que os mortos, de certa forma, ressuscitam.
Onde há lugar a lendas, mitos e segredos que, por vezes, é melhor não serem descobertos.
Ou sobre religião. Anjos? Demónios? Haverá, em tudo aquilo que está a acontecer, a mão de Deus? Ou nem por isso?
Mas "Katla" não é apenas sobre isso.
Aliás, é muito pouco sobre isso.
"Katla" é, sobretudo, sobre um reconciliar com o passado.
E, com ele, uma nova oportunidade no presente.
É sobre poder emendar o que não está bem. Sobre poder esclarecer o que ficou por dizer.
Sobre tomar consciência dos erros. Daquilo em que a vida se transformou. Ou foi transformada.
"Katla" é sobre aceitação. Constatação. Perdão.
Sobre ultrapassar os traumas. E seguir em frente.
Tudo o que aconteceu ao longo da série teve um propósito.
E esse propósito foi, quase na sua totalidade, cumprido.
Um ano depois da erupção do Katla, e do desaparecimento de Ása, irmã de Gríma, esta vive uma crise no casamento, para além de estar a recuperar de um esgotamento que teve na altura em que procurava a irmã.
Um ano depois, aparece uma mulher coberta de cinza, em hipotermia, afirmando ser uma mulher que, na realidade, trabalhou ali há 20 anos atrás mas, para ela, é como se fosse no tempo presente.
No entanto, a "verdadeira" Gunhild está mais velha, como é óbvio, e vive na Suécia com o filho. Então, quem é esta mulher?
Mais tarde, outra mulher coberta de cinza aparece. Desta vez, é Ása, que todos julgavam morta, apesar de o corpo nunca ter aparecido.
O que é mais difícil de acreditar é que Mikael, o filho de Darri e Rakel, falecido há três anos, esteja vivo, e tenha aparecido naquele lugar.
Surge também uma versão mais nova de Magnea, a mulher de Gísli, que está acamada e em estado terminal.
E, por último, uma segunda Gríma, igual à original, mas muito melhor psicologicamente, e com muita vontade de viver a vida e o amor por Kartjan que, a legítima, parece ter esquecido.
Com o surgimento de cada uma destas misteriosas criaturas, descobrem-se segredos há muito guardados, e muitas vidas irão mudar. Umas para melhor. Outras nem tanto.
Ainda assim, eram mudanças necessárias.
No fim, tudo parece ter seguido o seu rumo.
Mas novas figuras, nascidas no vulcão que, segundo Darri, esconde um meteorito capaz de gerar criaturas humanas, estão a caminho de Vík, o que deixa em aberto uma segunda temporada.
Uma série que vale a pena ver!