A pergunta de ontem do Sapo era:
"Concorda com a distribuição de preservativos grátis nas escolas?"
E eu, com toda a sinceridade, respondi "não sei". Porque, de facto, não sei se isto será boa ou má ideia.
Até porque a questão principal não passa por aí, mas sim muito antes disso.
Concordo que deveria haver uma disciplina de educação para a sexualidade nas escolas. Inventam tantas disciplinas para preencher horário, que não fazem qualquer sentido, nem têm qualquer utilidade. Esta seria, sem dúvida, muito mais importante.
A verdade é que os jovens têm curiosidade em saber mais, e em experimentar mais, cada vez mais cedo.
No tempo dos meus pais, sexo só depois do casamento, e já na idade adulta.
No meu tempo, isso era coisa em que começávamos a pensar aos 16/ 17 anos. Uma ou outra, inclusive, ficava grávida.
Hoje, vemos adolescentes de 14/15 anos a namorar. Namorar é uma maneira de dizer - andam aos beijos com um, ficam interessadas e falam com outros. Outras há que avançam mais, seja por vontade própria, seja por estarem iludidas com falsos amores e promessas vãs, seja para ser aceite, ou por se ver forçada.
Pior, vemos crianças de 11/12 anos, a quererem fazer e experimentar, o que estes adolescentes de que falei antes, precocemente, fazem.
Vemos crianças/ adolescentes a engravidarem cada vez mais cedo, a abortarem cada vez mais, a utilizarem de forma errada os métodos de contracepção disponíveis (ou a não utilizarem sequer), e a utilizarem a pílula abortiva como método recorrente de contracepção.
E, claro, no meio de tudo isto, a falta de protecção e possível transmissão de doenças sexuais.
Por isso, se me perguntarem se é urgente uma disciplina que os elucide, que os informe, que lhes explique os prós e os contras, que os aconselhe, que os previna, e que funcione como acréscimo ao trabalho dos pais nesse sentido, concordo.
Agora, até que ponto distribuir preservativos de forma gratuita pelos estudantes - e aqui penso que a ser cumprido, deveriam também distribuir a pílula - não será uma forma de incentivo, de mascarar o verdadeiro problema, não sei.
Mas, entre o não fazer nada, e algo de pior acontecer por falta de medidas destas, e o poder evitar males maiores com elas, ainda que sejam insuficientes, acho que é preferível a primeira opção.
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