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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

De que valem determinadas palavras e gestos?

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De que valem palavras bonitas, dedicatórias, homenagens?

De que valem gestos pré definidos, quase "obrigatórios", e padronizados?

Se as acções contradisserem tudo isso?

 

De que que vale transformar as mulheres, por um dia, em princesas para, nos restantes dias (se não mesmo no próprio), voltarem a ser gatas borralheiras?

É quase como tirar aquela loiça bonita que guardamos no armário, cheia de pó e teias de aranha, porque não se usa no dia a dia mas, numa ocasião especial, tiramos para fora, para "fazer bonito", para os outros verem. E, no dia seguinte, voltamos a arrumá-la no armário.

 

Não sou contra gestos, nem palavras. Mas que venham acompanhadas de acções.

E que não se limitem às comemorações da praxe.

 

Ontem, houve quem quisesse comprar flores para oferecer às "mulheres da sua vida", porque era o Dia da Mulher.

E, com sorte, a mesma pessoa que tanto se empenhou, numa fila enorme, para poder oferecer uma flor à "sua mulher", é a mesma que espera que a "sua mulher" faça aquilo que, a ela mesma, não apetece fazer.

Ontem, houve quem escrevesse lindas dedicatórias às "mulheres da sua vida", porque era o Dia da Mulher.

E, com sorte, a mesma pessoa que tantos "likes" e admiração obteve com tal atitude, é a mesma que critica, embirra e discute com a "sua mulher", por causa de tarefas domésticas e afins.

 

As acções, os gestos, as atitudes, veem-se no dia a dia. E não quando fica bem. 

É esse o meu problema com estas datas comemorativas.

Na maior parte das vezes, e dos casos, são feitas de hipocrisia e de fingimento temporário.

E logo tudo volta ao "normal", ao mesmo de sempre.

 

Frustração

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Ali estava...

À sua frente, uma tela em branco.

Uma página, pronta a receber as palavras que a iriam preencher.

As palavras que, alguém, algures, iria, mais tarde, ler.

 

Mas não lhe ocorria nada que pudesse escrever.

Pelo menos, nada digno de suscitar interesse a quem lesse.

Tinha uma ou outra ideia, mas não era sobre nada daquilo que queria falar.

Queria algo diferente. Algo que entusiasmasse. 

 

Já tinha experimentado sair à rua, para ver se lhe vinha a inspiração.

Mas esta nem deu sinal.

Nada do que via lhe parecia diferente do habitual. Nada digno de nota.

Deu uma vista de olhos pelas novidades do dia, mas continuou sem ideias.

Abriu o livro que andava a ler, numa página aleatória, na esperança que alguma palavra fizesse o clique, mas nada surgiu.

 

E como se irritava, quando isto acontecia.

Parecia que a mente lhe estava a pregar uma partida de mau gosto.

Não é que tivesse que cumprir uma obrigação, porque escrevia por gosto, sempre que lhe apetecia.

Quando lhe apetecia.

 

Mas não escrever porque, simplesmente, não tinha ideia sobre o que falar, era diferente.

E quando isso se prolongava por vários dias, ainda pior.

A tela, aborrecida, parecia questionar o que impedia as letras e palavras de a ocuparem.

E quem lhe dera saber responder. Ou satisfazer-lhe a vontade.

 

No entanto, naquele dia, teria de se resignar.

Nada seria escrito.

Quem sabe no dia seguinte.

E, conformando-se, encerrou o computador, e fechou o ecrã...

 

 

A evolução da pandemia em palavras

Pin em Ideias de comidas

 

No outro dia pus-me a pensar em como tudo isto começou.

No receio que sentimos. Em todas as medidas que começámos a adotar.

A novidade das máscaras. O uso (e abuso) do álcool gel.

As roupas que iam directamente para a máquina mal chegávamos a casa. Os sapatos à porta.

As compras de quarentena e desinfectadas.

As autarquias a desinfectar as ruas.

Parecia um filme. De terror.

 

Depois, começámos a encarar a nova realidade, e a aceitá-la.

Vieram uns termos novos. 

A modernice da App, que se tornou um fiasco.

A chegada das vacinas, e a corrida à salvação.

A adopção de um certificado que incentivou tanta gente, quanta a que limitou.

 

Por entre restrições, estados de tudo e mais alguma coisa, e números atrás de números, chegou a testagem massiva.

E um novo alívio das medidas, que começa a deixar cair por terra tudo aquilo a que quase fomos obrigados a ter sendo que, daqui a uns tempos, se a tendência se mantiver, ninguém mais quererá saber de vacinação, e os certificados, de vacinação e recuperação, servirão apenas para guardar como relíquias. 

 

Esta é uma espécie de evolução da pandemia, desde o início até hoje, em palavras:

  • coronavírus
  • pandemia
  • contágio
  • máscaras
  • álcool gel
  • luvas
  • tapetes desinfectantes
  • câmaras de desinfecção
  • confinamento
  • quarentena
  • estado de emergência, calamidade, alerta
  • app stay away covid
  • vacinas
  • certificado de vacinação
  • restrições
  • matriz de risco
  • índices
  • testes (PCR, antigénio, rápidos)
  • contacto de risco
  • certificado de recuperação
  • endemia

 

Agora, e ainda a lidar com os cacos da pandemia, chegou a vez de uma outra guerra...

 

Silêncios...

 

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Há silêncios que estão cheios de palavras. E silêncios que são ocos.

Há silêncios que existem, porque não é necessário pronunciar, o que quer que seja, para que os outros nos entendam. E silêncios que existem porque não há nada para dizer.

Há silêncios que são um livro aberto. E outros, que são um mensagem indecifrável, que ninguém consegue descodificar.

Há silêncios que dizem tudo. E outros, que não dizem nada.

Há silêncios que tranquilizam. E outros, que incomodam.

Há silêncios que transmitem paz. E outros, que escondem guerras.

Há silêncios que libertam. E silêncios que aprisionam.

Há silêncios que nos dão vida. E silêncios que matam.

As palavras, e a sua interpretação, não pertencem somente a quem as escreve

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Sempre que escrevemos, apropriamo-nos das palavras para transmitir a nossa mensagem.

Apenas nós sabemos o que pretendemos expressar, o que sentimos quando utilizamos cada uma delas, e o que pretendemos dizer, ao pô-las no papel.

 

Aquela, é a nossa verdade.

Uma verdade que pode ser compreendida, ou até partilhada, por quem a lê.

Mas que pode, também, ser entendida de muitas outras formas e sentidos, por quem está do outro lado.

 

Porque, no fundo, as palavras, e a sua interpretação, não pertencem somente a quem as escreve, mas a todos nós.

É por isso que, de cada vez que alguém lê algo que um autor escreveu, pode eventualmente deduzir o significado que as suas palavras pretendiam expressar, mas nunca terá a certeza porque, cada uma das pessoas pode ler uma mesma frase, um mesmo excerto, uma mesma obra, e retirar dela interpretações totalmente diferentes.

E se é verdade que o autor poderia não querer exprimir nada daquilo que as pessoas entenderam, também é verdade que essas interpretações aferidas, em determinados contextos, fazem sentido para essas pessoas, e até para quem as escreveu, ainda que com outro objectivo, e delas tomar conhecimento.

 

No fundo, escrevemos de nós, para o mundo. 

E, a partir desse momento, as palavras deixam de ser nossas.

Apenas a ideia que lhes deu vida se mantém na nossa posse.

E apenas nós, enquanto autores, poderemos, ou não, limitá-las a esse pensamento e dá-lo a conhecer a quem não o compreendeu, ou deixá-las livres de correrem por aí, englobando outros tantos pensamentos, que nelas encontram abrigo.