Para lá da ribalta - o filme
Noni Jean é filha de mãe solteira. O seu pai não quis saber de nenhuma delas, a família não deu o apoio que seria de esperar e, quando Noni nasceu, passaram a estar por sua conta.
Quem vemos no início do filme é uma mãe desesperada, que parece querer o melhor para a filha. Noni irá participar num concurso de talentos no dia seguinte, e Macy precisa de ajuda para "domar" o cabelo da filha, para que ela cause boa impressão.
Noni era apenas uma criança, que gostava de cantar, gostava de música, e tinha uma bonita voz. E ficou felicíssima com o 2º lugar alcançado no concurso, e com o seu primeiro prémio. Tudo poderia ter ficado por aqui. Mas não...
Macy queria mais para a sua filha. Macy não se contentou com o 2º lugar alcançado pela filha, e obrigou-a a deitar fora o prémio, e a lutar para ser uma vencedora.
E é assim que, anos mais tarde, vemos uma Noni Jean completamente diferente, na entrega do seu primeiro prémio Billboard, pelo tema que partilhou com o mundialmente conhecido Kid Culprit (interpretado por Machine Gun Kelly).
Noni poderia ser uma Beyoncé, uma Rihanna, uma Miley Cyrus, ou tantas outras cantoras da actualidade, que aliam a beleza, muitas vezes "postiça", a uma boa voz, e a uma equipa por detrás, que diz o que deve e não deve fazer, o que deve e não deve vestir, o que deve e não deve cantar.
É esta Noni Jean que existe na actualidade - a filha que a mãe "vendeu" e obrigou a "prostituir", pelo sucesso, pela fama, e pelo dinheiro.
Não sei se é o que se passa em muitos dos casos reais que conhecemos, e que levaram ao suicídio de grandes artistas, sem que encontrássemos uma explicação para tal. Mas foi o que levou Noni a tentar suicidar-se - uma tentativa de fuga à "prisão" que é a sua vida.
Nada em Noni é real - as roupas ousadas são uma questão de imagem, o namoro com Kid é marketing e aliança para sucesso, as músicas que canta não lhe dizem abolutamente nada, mas são aquelas que dão dinheiro e prémios. Tudo são aparências.
A própria tentativa de suicídio teve que ser camuflada, mascarada de deslize por ter bebido demais, por conta da comemoração pelo prémio recebido. E a polícia vê-se "obrigada" a corroborar a história, para não estragar a pintura.
A única pessoa que percebeu que Noni precisava de ajuda, foi o polícia que a salvou. Foi também o único a ver o que havia por baixo daquela imagem fabricada, da bonequinha sexy que todos os homens deveriam desejar.
Mas isso não chega. Noni terá que perceber por ela própria aquilo que quer, e decidir se quer libertar-se da mãe/agente e daquilo que espera dela, de uma vez por todas, fazendo a sua própria música, e tomando as rédeas da sua carreira, ou continuar naquele mundo em que é preciso vender o corpo para ser alguém.
Será que ainda resta alguma coisa da Noni Jean que era em criança?
Quem é a Noni, para além das extensões, unhas postiças, e roupas vulgares e diminutas?
Será que a sua voz ainda vale por si, e mais que tudo o resto?
Poderá ela ainda ser um exemplo para todas as adolescentes, sendo ela própria?
Ou acabará engolida pelo mundo que a mãe lhe mostrou desde cedo, até ao dia em que a tentativa se converta em suicídio consumado, e a mãe perceba , então, que há muito a sua filha precisava de ajuda, de uma mãe que a defendesse e ajudasse, e não uma agente que a atirasse aos lobos?
Um filme que pode até ser exagerado ou meramente fictício, mas que eu acredito que mostra uma situação bem real, e que explica muita coisa...