"Parar é morrer", dizem.
Mas, por vezes, para não morrer, é preciso parar.
Naquela subida, que parecia não ter fim, ela subia, insistia, passo a passo, sem parar, ainda que todas as forças lhe estivessem a fugir pelo corpo porque sabia que, se parasse, por um minuto que fosse, já não conseguiria continuar.
No início, movia-a a coragem, a determinação, a força.
Depois, a perseverança.
E, à medida que ia subindo, a obstinação. A vontade de superar o desafio.
Que logo se transformou em teimosia. Em sobresforço, contraprodutivo.
Uma espécie de testagem dos limites, que já há muito acusavam estar a ser ignorados.
Mas, depois, deu-se por vencida. Parou. Sentou-se, esgotada.
Ali permaneceu, por bastante tempo.
Acreditava mesmo que, dali, já não conseguiria sair.
Que tudo tinha sido em vão.
Ainda assim, restava-lhe uma centelha de orgulho. De dignidade.
Algo a impelia fazer uma derradeira tentativa. Porque há coisas que não devem ficar a meio. E seria mais fácil chegar ao destino, do que retornar ao ponto de partida.
Quando se tentou pôr de pé, ficou surpreendida.
As dores já não se faziam sentir tanto. Já não se sentia tão cansada.
Não faltava assim tanto para alcançar o topo. Não custava tentar.
Motivada e esperançosa, retornou à subida, acabando por alcançar o objectivo a que se tinha proposto.
E assim, depois de vencida, acabou vencedora.
Mas como saber se as subidas que iniciamos têm uma meta ou se, pelo contrário, são eternas e infinitas?
Na verdade, não sabemos.
Mas, se não acreditarmos que elas nos levam a algum lado, de que nos servirá subi-las?
Se não existir topo, de que adianta escalar?