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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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O inferno na Terra

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É difícil descrever o que sentimos perante uma tragédia como a de Pedrógão Grande...

Por isso, deixo aqui um texto que foi partilhado por quem lá esteve, e viu o terror à sua volta:

 

"Sinto necessidade de vos contar o que eu e o Rui Castro vimos, sentimos. Saímos às 2h de Gaia, chegamos às 4h a Pedrogão (madrugada). Os acessos estavam todos cortados. Percorremos centenas de kms e não havia sinal de bombeiros.

As pessoas estavam todas na rua. Todas. Só depois das 5h é que conseguimos andar por estradas que ainda não estavam interditas, mas com fogo por todos os lados. Conseguimos passar. Às 6h começamos a encontrar os primeiros carros incendiados. Uns atrás dos outros. Desfeitos.

6h30, já com luz do dia, descobrimos umas aldeias no meio do fumo que cega de tão denso. Começam a surgir os corpos. Não consigo descrever bem, a partir daqui, o que aconteceu. Uns atrás dos outros. Famílias inteiras no chão, carbonizadas, e não dentro dos carros como alguns jornalistas têm avançado. Casas completamente destruídas pelas chamas.

"São imensos menina, mas não podemos apanhá-los, não temos autorização" disse-me um bombeiro quando lhe perguntei pelos corpos. Falei com moradores de duas aldeias com cerca de 80/100 habitantes que já não diziam coisa, com coisa. Só falavam nas pessoas desaparecidas. "Isto é o inferno na terra, meu amor" disse-me uma idosa em lágrimas.

Certo é que os bombeiros nunca lá foram até agora. Muitos dos que morreram são locais, fugiam de carro quando se despistaram, explodiram, ou simplesmente sufocaram. Nunca vi nada assim."

 

Andreia Novo, RTP

 

 

Imagem Sábado