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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

É o mundo que está perdido, ou nós que nos perdemos nele?

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O mundo está louco. Virado do avesso.

Ou, então, somos nós, que vamos enlouquecendo, com tudo aquilo com que nos deparamos à nossa volta.

O mundo está perdido. Sem rumo.

Ou, então, somos nós que estamos perdidos, nesse rumo para onde nos arrastam, sem que o tenhamos escolhido.

Muitas vezes, a vida atira-nos para o “olho do furacão”, para o meio da tempestade.

Prende-nos na “montanha-russa”, e faz-nos andar em velocidades e perigos vertiginosos, sem opção.

Ou, então, obriga-nos a assistir a um “filme de terror”, no qual não temos como intervir para salvar aquelas personagens que estão a vivê-lo.

Muitas vezes, só queremos que pare. Que acabe. Que chegue ao fim, e nos seja possível libertar, fugir para bem longe.

Só queremos que a maré nos arraste até à areia, onde não haverá mais perigo.

Refugiar no nosso porto de abrigo, onde nos sentimos seguros. Na nossa bolha protectora.

Onde o sol ainda brilha.

Onde a sanidade ainda prevalece.

Onde a paz ainda é a constante...

O Adoldo

(e como pequenos gestos podem tornar o nosso dia mais leve)

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Faço aquele caminho diariamente.

Várias vezes por dia.

E já se torna tão habitual que, muitas vezes, já nem paro para observar.

Quando a colónia lá andava, não havia dia em que não espreitasse, para ver se via os bichanos.

Depois, a colónia desfez-se.

Há pouco tempo, apareceu por lá um solitário, tigrado, cinzento. Fez-me voltar ao hábito. Mas deixei de o ver. E o hábito perdeu-se.

Ainda mais nestes dias de chuva, em que uma pessoa quer é chegar depressa ao destino.

 

Hoje, um desses dias de chuva, de chapéu aberto e a caminho do trabalho, estive mesmo para seguir em frente.

Não sou muito de acreditar em sextos sentidos, chamamentos e afins, mas algo me fez mudar de ideias, e ir até lá, só naquela...

Para meu espanto, na caixa onde cheguei a ver o tal gato tigrado, estava um cão.

Lindo, aparentemente meigo. Não ladrou, não se assustou, nem se mexeu. Ficou a ver-me falar com ele, e tirar as fotografias. 

Não fazia ideia se estava perdido, abandonado, se era de alguém da zona. Mas nunca o tinha visto antes.

 

Publiquei a foto no facebook, e partilhei num grupo de animais desaparecidos aqui de Mafra. Just in case...

Acho que, quando publicamos algo do género, pensamos sempre que não dará em nada.

Várias pessoas partilharam a publicação.

E chegou até ao dono.

Ao que parece, o cão tinha fugido no fim de semana, voltado para casa mais tarde, e entretanto voltou a fugir.

Não é daqui perto. A casa dele ainda fica a uns 3 km.

Por volta das 10h, já não estava naquele sítio.

Mas deve ter ficado por perto porque, pouco depois, quando o dono foi até lá procurá-lo, ele apareceu.

 

Foi assim que o Adolfo - é esse o nome do fugitivo - voltou para a sua casa, em segurança.

E o meu dia se tornou mais leve, por ter dado um pequeno contributo para este desfecho.

 

 

Quando começamos a desistir de procurar algo que não fazemos ideia onde possa estar

Procurar uma agulha no palheiro | Portugueasy

 

Num dia, temos tudo arrumadinho, organizado, cada coisa no seu respectivo lugar.

Depois, à medida que o tempo vai passando, vamos usando, tirando do sítio, e colocando depois, por falta de tempo, ou preguiça, para qualquer lado que seja prático, no momento.

E assim, ao longo de meses, e anos, lá se vai a organização. 

Porque nunca há tempo para arrumar quando ainda são poucas coisas, e acabamos por acumular tudo, dificultando a missão de procurar aquilo que há muito perdemos, não sabemos onde paira, nem onde possa estar.

 

Procuramos num lado, mas não está.

Procuramos noutro, mas só encontramos mais confusão.

E, às tantas, perguntamo-nos se, o que procuramos, ainda existirá. E se ainda existe, se algum dia o iremos encontrar. Ou encontrar a tempo.

Por vezes, quando não fazemos ideia de onde procurar, começamos a perder a esperança, e a achar que o melhor é dar por perdido definitivamente.

Se é certo que não devemos desistir, também é verdade que essa busca indefinida nos leva a perder muito tempo, sem saber se trará o resultado esperado.

E se até encontrarmos? Em que condições estará? Poderá voltar a ser usado? Servirá ainda o mesmo propósito? Ou foi tempo perdido para encontrar algo que, de qualquer forma, já não serve?

Quem sabe só assim, aceitando que não vale a pena procurar o que podemos nunca encontrar, ou que pode não estar no mesmo estado que um dia conhecemos, possamos dar oportunidade a algo novo.

 

Mas fica sempre a dúvida se, tendo a sorte de encontrar, não estaria tal e qual como tínhamos deixado, apenas abafado com tudo o que tínhamos, entretanto, atirado para cima...

 

Acredito que o mundo está perdido...

 

...quando crianças de 11 anos disparam sobre colegas ainda mais novos por causa de uma discussão acerca de um cão. 

Aconteceu no Tenessee, nos EUA, supostamente porque uma menina de 8 anos, colega de escola e vizinha de um menino de 11, quando o rapaz lhe pediu para ver os seus cachorrinhos, lhe disse que não, riu e virou costas. O rapaz terá então ido a casa buscar a caçadeira do pai, e disparou sobre a menina, que acabou por falecer.

Cada vez mais se mata por muito pouco, ou mesmo nada, e a idade de quem comete estes crimes é cada vez menor.

Quando as entidades competentes andam a fiscalizar mais arduamente a posse legal de armas, existem cada vez mais jovens a ter acesso a elas.

Existem cada vez mais pais a deixarem as suas armas ao alcance destas crianças, sem qualquer cautela ou segurança, de modo a evitar acidentes e vinganças fatais.  

E cada vez mais crianças morrem assassinadas por outras crianças.

Como é que podemos travar os terroristas, que lutam pelo poder, pela fé desmedida, pela expansão do fanatismo, quando não se conseguem travar estas crianças? 

Como é que podemos ter esperança de resolver as diferenças pacificamente, quando à mínima contrariedade se desencadeia um guerra?

Como é que pudemos acreditar no poder da palavra, quando cada vez mais o poder se encontra numa arma, numa bala mortal?