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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

A subida

Pode ser uma imagem de natureza, céu e lusco fusco

 

"Parar é morrer", dizem.

Mas, por vezes, para não morrer, é preciso parar.

 

Naquela subida, que parecia não ter fim, ela subia, insistia, passo a passo, sem parar, ainda que todas as forças lhe estivessem a fugir pelo corpo porque sabia que, se parasse, por um minuto que fosse, já não conseguiria continuar.
 
No início, movia-a a coragem, a determinação, a força.
Depois, a perseverança. 
E, à medida que ia subindo, a obstinação. A vontade de superar o desafio.
Que logo se transformou em teimosia. Em sobresforço, contraprodutivo.
Uma espécie de testagem dos limites, que já há muito acusavam estar a ser ignorados.
 
Mas, depois, deu-se por vencida. Parou. Sentou-se, esgotada.
Ali permaneceu, por bastante tempo.
Acreditava mesmo que, dali, já não conseguiria sair.
Que tudo tinha sido em vão.
 
Ainda assim, restava-lhe uma centelha de orgulho. De dignidade. 
Algo a impelia fazer uma derradeira tentativa. Porque há coisas que não devem ficar a meio. E seria mais fácil chegar ao destino, do que retornar ao ponto de partida.
 
Quando se tentou pôr de pé, ficou surpreendida.
As dores já não se faziam sentir tanto. Já não se sentia tão cansada.
Não faltava assim tanto para alcançar o topo. Não custava tentar.
 
Motivada e esperançosa, retornou à subida, acabando por alcançar o objectivo a que se tinha proposto.
E assim, depois de vencida, acabou vencedora.
Mas como saber se as subidas que iniciamos têm uma meta ou se, pelo contrário, são eternas e infinitas? 
 
Na verdade, não sabemos.
Mas, se não acreditarmos que elas nos levam a algum lado, de que nos servirá subi-las?
Se não existir topo, de que adianta escalar?
 
 
 
Inspirado neste texto!
 

Não desistam dos vossos sonhos

 

Por muito que os nossos sonhos possam parecer inalcançáveis ou impossíveis de realizar, não devemos desistir deles.

Primeiro, porque sonhar faz-nos bem. Leva-nos a abstrair deste mundo louco e injusto em que vivemos, e viajar para outras paragens, onde tudo pode ser diferente, mais simples e mais feliz. Onde os nossos sonhos se tornam reais e nos sentimos realizados.

Depois porque, de entre todos esses sonhos que temos, existem mesmo alguns que podemos vir a concretizar. No entanto, para que isso aconteça, é preciso acreditar nesses sonhos. Porque, se nós próprios não acreditarmos neles, mais ninguém acreditará.

Acreditar é o primeiro passo. O segundo é fazer do nosso sonho um objectivo, e ir à luta para o alcançar. Nesse processo, pode acontecer batermos a várias portas, e haver muitas que permanecem fechadas sem qualquer resposta, e outras que nos abrem mas nos batem com elas na cara logo em seguida. Mas, em todas essas portas, pode haver uma que se abre e nos convida a entrar! E, a partir daí, tudo pode mudar. E mais portas se poderão abrir. Só precisamos de estabelecer o primeiro elo, quebrar a primeira barreira.

Nessa altura, pensamos no que teríamos perdido se a nossa atitude tivesse sido outra. E felicitamo-nos por ter conseguido alcançar os objectivos a que nos propusemos.

Ora, isto é tudo muito bonito de se dizer, quando se está na "mó de cima". Quando se tem ajuda ou conhecimentos. Quando já tivemos a sorte de concretizar aquilo com que sonhámos. Para quem está sozinho, a começar do zero, é bem mais difícil pôr em prática. 

Mas não é impossível. Não podemos é ficar à espera que as coisas nos caiam no colo. Há que ser persistente, perseverante, paciente, agarrar as oportunidades certas, embora por mais pequeninas ou insignificantes que possam parecer, lutar, e não desistir nem à primeira, nem à segunda, nem à terceira.  

Afinal, são os sonhos que comandam a vida!

5 anos depois...

...continuo a não ter muito jeito para declarações românticas ou frases de amor!

Aquilo que sinto é o que tenho mostrado ao longo destes 5 anos em que estamos juntos, são os pequenos (e os grandes) gestos do dia a dia, aquilo que me apetece dizer quando oiço uma música, ou quando vejo uma imagem ou um cenário que me faz pensar em nós, e deitar cá para fora o que me vai na alma.

Se tivesse que escolher uma palavra para caracterizar estes 5 anos de união seria, talvez, perseverança. Porque nos mantivemos firmes apesar dos abanões, porque fomos persistentes, porque remámos juntos (nem sempre para o mesmo lado, é certo) até onde estamos hoje, porque não desistimos! 

Somos dois sagitarianos teimosos, casmurros, orgulhosos, temperamentais e de "pelo na venta" que muitas vezes "disparam flechas" um contra o outro! Mas temos, acima de tudo, muitos momentos de muito amor, amizade, cumplicidade, brincadeira e união, que valem ouro! 

Que continuemos assim por muitos mais anos, a cuidar de um amor que semeámos há 5 anos atrás no Jardim do Cerco e que, desde então, tem vindo a crescer, a florescer, e a tornar-se mais forte!

Sobre os casais que adoptam crianças…

…e depois as querem devolver!

 

 

Tenho uma única filha. Biológica. Até aos dois anos, sempre foi uma criança sossegada. A partir daí, mudou. Com a separação dos pais, ficou pior. Entre os 4 e os 7 anos, foram várias as birras que fez, só para testar os meus limites. Eu era a mãe, era comigo que vivia, era eu que lhe dava educação, que impunha regras, que não lhe satisfazia todas as vontades. O pai era um aliado! E eu, a má da história!

As birras começavam por nada em especial, mas começavam, e quase sempre acabavam mal. Muitas vezes a tive que arrastar de casa dos meus pais até à nossa, muitas vezes atirou com coisas, deu pontapés no que lhe aparecia à frente, tentou bater-me…Muitas vezes me disse que não gostava de mim, que eu era má, que queria ir viver com o pai, que preferia que eu morresse… Muitas vezes me enervei, chorei e pensei em lhe fazer a vontade, porque já não aguentava mais…

Mas não o fiz. Procurei ajuda para saber como lidar com toda essa situação, e aprendi a impor-me, a controlar-lhe as birras, a não mostrar o quanto isso me afectava. Hoje, com 9 anos, ainda tem uma ou outra birra, comum a todas as crianças, mas nunca voltou a ter aquele comportamento agressivo e revoltado.

Afinal, e como eu costumo dizer na brincadeira, “um marido podemos sempre despachar, mas um filho é para a vida”!

É esse pensamento que deve ter em mente quem pretende adoptar uma criança. O problema, é que nem sempre os casais que adoptam vêem essas crianças como seus filhos biológicos. Não é que os pais biológicos não abandonem os filhos, porque muitos o fazem. Mas, por norma, os “verdadeiros pais”, aqueles que sabem o real significado dessa palavra, nunca abandonariam um filho. E conheço pais adoptivos que foram mais “pais” que os biológicos.

O que acontece é que, não raras vezes, quem adopta, não está realmente preparado para esse passo, embora o pense. E só se apercebe disso depois de já ter a criança consigo. Ou não se apercebe. Provavelmente consideram-se óptimos pais. A culpa será da criança que é mal comportada, que tem problemas, que não teve uma infância fácil, que não é perfeita, que não é de todo o que tinham imaginado. Mas isso é algo que se resolve com facilidade: já que é um período experimental, devolve-se a criança. Ou troca-se por outra. Já que têm essa possibilidade, porque não aproveitá-la?!

E assim se reduz, de certa forma, uma criança a uma mercadoria, a um peso, a um objecto que afinal chegaram à conclusão que não querem e trocam por outro. Algo que, possivelmente, nunca fariam com um filho biológico. Escolhem o caminho mais fácil.

Mas que disse que ter um filho seria uma tarefa fácil. Nunca o foi, e nunca o será! Talvez para alguns casais não seja tão difícil do que para outros mas, definitivamente, fácil não é. E, se não estiverem cientes disso, então é preferível não iludir estas crianças que, tal como as outras mas, normalmente, mais sofridas, apenas querem uma família que as aceite como são e que as ajude a minorar ou ultrapassar os traumas do passado. Isso implica uma luta diária constante. E implica determinação, perseverança, educação, apoio, regras, limites, dedicação e, acima de tudo, amor!