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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Lágrimas que uma folha amparou

(1 Foto, 1 Texto #67)

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Num passeio pelo bosque, a filha pergunta à mãe:

- O que são estas gotas?

- São lágrimas que uma nuvem chorou, e que esta folha amparou.

- E porque chorou a nuvem?

- Porque já estava muito carregada e, quando assim é, tem que aliviar o peso que carrega. 

- Então, agora, já está mais leve?

- Talvez. Ou talvez tenha que chorar mais algumas vezes. Mas, com o tempo, ficará. 

- E como sabemos?

- Quando vires que ela está branquinha como um floco de neve, ou uma bolinha de algodão, por entre o céu azul.

- E porque é que a folha amparou as lágrimas?

- Para se mostrar solidária com a nuvem, e dizer-lhe que não está sozinha.

- Então, vão ficar sempre ali?

- Não, filho. Primeiro, toda a folha ficou molhada. Agora, apenas restam algumas gotas que, daqui a uns tempos, se irão evaporar.

- Isso quer dizer que quando a nuvem estiver leve, também a folha secará?

- Talvez. Vai tudo desaparecendo aos poucos, até que não reste nenhum vestígio daquele momento mais frágil que, um dia, partilharam.

- E a nuvem vai ficar leve para sempre, ou vai sentir-se pesada outra vez?

- É provável que, uma vez ou outra, as nuvens voltem a ficar mais cinzentas, e chorem novamente. Faz parte da vida.

- E a folha, vai estar sempre ali para amparar as lágrimas?

- Esperemos que sim. Que haja sempre uma folha, uma flor, ou um galho para o fazer.

 

Passados uns instantes, a filha volta a questionar:

- Mãe, quando eu for uma nuvem, tu serás a "minha folha"?

Ao que a mãe responde:

- Sempre! 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto 

Desobriga-te!

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Desobriga-te...

... de tudo aquilo que, felizmente, não tens necessidade de dizer ou fazer por obrigação!

 

Atreve-te...

... a recusar o que não te faz bem.

 

Livra-te...

... desse peso que insistes em carregar pela vida fora e que, se vires bem, não te serve para nada a não ser pesar-te nas costas, e dificultar-te a caminhada.

 

Sacode...

... as preocupações, as angústias, as incertezas... Tudo aquilo que não ajuda em nada, nem a ninguém.

 

Tudo flui melhor, e se torna mais leve, quando aligeiramos a vida!

 

 

Rodeia-te de pessoas que tragam leveza à tua vida!

12 Things That Lift My Spirit in Dark Times

 

Não escolhemos a pessoas que entram na nossa vida.

Mas podemos escolher aquelas que queremos que permaneçam.

E se a vida já nos faz, por vezes, carregar algum peso, resultante das nossas vivências, não será bom ter, ao nosso lado, pessoas que ainda nos atiram mais peso para cima.

 

Por isso, neste novo ano, rodeia-te de pessoas que gostem de estar contigo, que te façam rir, que te animem, que te façam mostrar o melhor de ti, que te aceitem como és, e que tragam, de alguma forma, leveza à tua vida!

 

Se soubessem que iam morrer...

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... o que não poderiam deixar de dizer, e a quem?

 

Os momentos que antecedem a morte de alguém funcionam, quase sempre, como uma espécie de confessionário, de máquina da verdade, de dizer tudo o que há para dizer, e desprender-se desse fardo na despedida, para que a sua passagem a outro mundo seja permitida, e em paz.

 

Por vezes, as pessoas carregam, durante anos, esse “fardo” de palavras que sempre quiseram dizer, mas nunca saíram, de gestos que sempre quiseram fazer, mas foram sempre adiando, de conversas que não passaram de pensamentos, de perdões que nunca foram concedidos, ou pedidos, de revelações que sempre permaneceram em segredo, e tantas outras coisas, porque nunca era o momento, porque algo as travava, porque ficava sempre para “um dia” ou, simplesmente, nunca chegaria a acontecer.

 

E, carregando esse fardo não vivem, muitas vezes, a vida da melhor forma, com a alegria, a felicidade, a liberdade ou a paz que poderiam ter, porque esse peso as prende a algo não resolvido.

 

Mas, depois, o aproximar da hora da morte tem esse efeito, qiual “varinha de condão”, de fazer, finalmente, as pessoas abrirem-se, dizerem tudo o que lhes vai na alma, confessarem os seus erros e pecados, em busca de absolvição, ou perdoar aos outros, revelar os seus verdadeiros sentimentos, porque mais vale tarde que nunca e querem que, quem cá permanece saiba, agora que essas pessoas vão partir e já não há mais nada fazer, aquilo que nunca quiseram que se soubesse, em vida.

 

Não seria tão mais simples, e tão melhor, se isso não dependesse da morte, para acontecer?

É certo que é, muitas vezes, apenas neste momento que as pessoas percebem que o tempo está a acabar, que é a última oportunidade que não podem desperdiçar, que é “agora ou nunca”.

E que, no momento em causa, tem sempre aquele efeito redentor.

Mas, para quem cá fica, fica sempre aquele sabor agridoce, de agradecimento, pela verdade, ainda que tardia, mas também de tristeza, por não ter acontecido antes, evitando tantas situações, mágoas, tristezas, ressentimentos, mal entendidos que se vão prolongando por anos, ou décadas, sem qualquer necessidade.

E para quem parte, a par com essa sensação de libertação, uma outra, de arrependimento, por não ter falado antes, e aproveitado melhor, enquanto podia.

Isto, quando é possível ter essa oportunidade, porque algumas pessoas partem sem o poder fazer.

 

Assim, mudo a reflexão para "ainda que saibam que não vão morrer tão depressa, ou assim o esperam, o que não queriam deixar de dizer já, e a quem?".

Pensem nisso, e façam-no já porque, amanhã, pode ser tarde demais!

 

 

Texto inspirado pelo último episódio da série "The Good Doctor".