Em qualquer jogo, como na vida, existem regras.
E, ainda que essas não sejam infringidas, há que saber estar.
Um jogo é um jogo e, como tal, sendo o objectivo ganhá-lo, cada um usa a estratégia que melhor lhe servir, para chegar à vitória.
Essa estratégia poderá ser individual, a pares, ou em grupo, ainda que só um acabe por sair vencedor.
Também na vida, usamos as ferramentas que estão ao nosso alcance, e ajudamos, ou somos ajudados, a conquistar os nossos objectivos.
Em ambos se elaboram planos, se tentam alcançar metas.
Em ambos - jogo e vida real - temos, por vezes, meio mundo contra nós. Temos obstáculos. Temos barreiras.
Em ambos nos sentimos mais fortes, em determinados momentos, e vamos abaixo, noutros.
Mas em nenhum deles deveria haver agressões, seja elas físicas ou verbais, desrespeito, atitudes infantis e vingativas.
Em nenhum deles deveria haver uma vitória, "espezinhado" os outros.
Quando se trata de reality shows, nomeadamente, o Big Brother, há sempre várias hipóteses: ou a pessoa está em personagem, ou encara o jogo como aquilo que é, um jogo, e vai delineando a sua estratégia que poderá passar por alternar entre si próprio e personagem, ou não, ou a pessoa assume, como muitos concorrentes fazem, que são eles próprios, e que mostram aquilo que são.
A julgar por esta actual edição, e se aquelas pessoas estão a mostrar aquilo que são, estão a mostrar que vale tudo por jogo.
Que o jogo está acima das "amizades", das relações, dos sentimentos.
Que o jogo está acima da imagem que possam passar cá para fora, e que as prejudica mais do que ajuda.
Que vale insultar, massacrar, humilhar, armar-se, viver em clima de constante guerra, desrespeitar, por dinheiro
E que vale, ao mesmo tempo, por vingança, acabar com o prémio pelo qual estão a lutar, deixando de fazer sentido continuar lá a fazer o que quer que seja.
Quando as pessoas começam a ficar perdidas, sem rumo, sem argumentos, sem nada que justifique as suas acções, então, se calhar, é melhor para para pensar no que está a fazer.
Ainda é ela própria? Ainda está em personagem?
Onde acaba uma, e começa a outra?
O que não se percebe, também, é aqueles concorrentes que se afirmam genuínos e, depois, a cada gesto irreflectido que fazem, que depois traz consequências, mostrarem-se arrependidos, e afirmar que não são aquela pessoa, que não são assim. Então, em que ficamos? São, ou não são? Ou é conforme convém?
Gosto de jogo limpo. Jogo sujo, nem tanto.
E depois, há aqueles que apelam para que as pessoas que os criticam tenham alguma consciência do que dizem, e do que acusam, porque por vezes fazem críticas de mau gosto e acusações graves.
Pois eu diria para os mesmos, e para quem os defende, que essa consciência deve começar por quem tem as acções.
E que parece não medir, pesar, perceber o impacto e as repercussões que as mesmas podem ter, para si, e para quem os rodeia.
Será que compensa queimarmo-nos, por jogo e dinheiro?