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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Afinal, há pobreza em Portugal?

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Vem esta questão a propósito de uma imagem humorística publicada numa rede social, comentada por alguém que afirma que, em Portugal, não há pobreza.

Há, sim, quem quer passar a vida a viver de ajudas, à custa de subsídios do governo, quem não quer trabalhar, quem prefere viver nas ruas em vez de num abrigo, e por aí fora.

Mais, quando comparado com outros países do chamado "terceiro mundo", não se poderá afirmar que exista pobreza em Portugal. Pelo contrário, estamos muito melhores.

 

Obviamente, há verdade em tudo isto.

Mas não podemos só olhar para um lado.

Para o lado de estarmos muito melhor que outros países. 

Quando oiço falar de pobreza em Portugal, penso também em tantas outras coisas:

- nos mais idosos, que vivem com reformas parcas, que mal lhes chega para comprar a medicação e alimentar-se, e muitas vezes têm que escolher entre uma coisa ou outra

- nos reformados que, em vez de estarem a descansar depois de uma vida de trabalho, são "obrigados" a continuar a trabalhar para poder pagar as suas contas

- nos idosos que vivem sozinhos, abandonados, em "casas" sem quaisquer condições habitacionais, e de higiene

- nas pessoas que trabalham para sobreviver, porque o ordenado que ganham mal chega para pagar a renda de uma casa, quando qualquer pessoa deveria ter direito ao mínimo - uma habitação, um tecto para morar

- nas pessoas que, por não terem como recorrer a hospitais, clínicas e médicos privados, e por não conseguir um atendimento e cuidados médicos mínimos a que deveria ter direito, através do Serviço Nacional de Saúde, acabam por abdicar da sua saúde, entregando-se à sorte, ou à morte

- nas pessoas que, para pagar as contas, se sujeitam a trabalhos onde são explorados ao máximo, em termos de horas de trabalho, salários baixos, mais deveres do que direitos, e sempre com a ameaça de que "se não quiser, há mais quem queira"

 

A pobreza em Portugal, para mim, não pode ser vista como a pobreza da fome, da miséria, das guerras, exploração.

É mais uma pobreza em termos de carência, das necessidades básicas, de bens e serviços básicos, como  alimentação, vestuário, alojamento e cuidados de saúde. 

 

É verdade que Portugal é um país desenvolvido.

Mas, e nessa mesma linha de comparação com outros países, podemos perceber que, neste momento, relativamente a outros países muito mais desenvolvidos, e com outras condições que aqui não existem, Portugal ainda tem muito a desenvolver.

 

É um país pacífico? É. Por enquanto...

Se desejaria sair de Portugal e morar noutro país? Não!

Para mim, continua a ser um bom país para viver.

Mas gostaria que algumas coisas mudassem.

 

E sei que, muito para além daquilo que se vê, existe muita carência em Portugal.

Não daquela que só existe porque os portugueses querem, ou fazem por isso.

Mas daquela em que estão a sofrer as consequências de desigualdades, de políticas, e de interesses, às quais não se lhes pode imputar qualquer culpa.

Agradecer por isso, não é mais do que mostrar uma satisfação que não se sente, e uma aceitação de que não se merece mais, conformando-se com o que é dado.

Quando se tem (ou deveria ter) direito a muito mais.

 

E por aí, qual a vossa opinião?

Há, ou não, pobreza em Portugal?

 

 

Imagem: cnnportugal

 

Os Migrantes, os Refugiados, e nós!

 

 

“Devemos estar conscientes da distinção entre imigrantes económicos, que estão a tentar escapar da pobreza extrema, e refugiados, que fogem de bombas, armas químicas, perseguição, estupro e massacres, de uma ameaça imediata às suas vidas”, por Angelina Jolie. 

 

Não sei se, com esta afirmação, Angelina quis apenas distinguir duas realidades, ou alertar para a necessidade de dar prioridade à questão dos refugiados, em detrimento dos migrantes. No entanto, tanto uns como outros têm em comum o facto de partirem em busca de um país seguro, onde possam viver em melhores condições, e sonhar com um futuro pacífico e próspero.

Se é verdade que a guerra representa um perigo de vida mais imediato, também é verdade que a pobreza e determinadas condições de vida desumanas, a médio e longo prazo, também o são.

No entanto, em conversa com o meu marido há uns dias, discutíamos dois pontos de vista legítimos, não sobre qual destes grupos deve ser ajudado primeiramente, mas sim sobre os objectivos de ambos os grupos, e a sua entrada nos países para os quais empreenderam viagens perigosas, arriscando muitas vezes a própria vida. Mais concretamente, se devemos deixá-los, ou não, entrar, e o que isso vai implicar para o nosso país, e para nós.

É verdade que sempre houve emigração e imigração, tal como sempre houve aceitação de refugiados em Portugal e noutros países. Mas agora têm sido centenas de milhares de pessoas, vindas do Oriente Médio, África e Ásia, a fazê-lo todos os dias, e cada vez mais e em maior número.

Alguns países adoptaram políticas de proibição de entrada destes migrantes e refugiados, fazendo alterações à lei em vigor até agora. A polícia patrulha as fronteiras e não hesitam em recorrer a gás, e violência física, se necessário for. 

Dizia o meu marido que estes migrantes e refugiados fazem aquilo que qualquer um de nós faria se estivesse no lugar deles, e que estão no seu direito de fugir da guerra e da pobreza. Concordo. Mas os países procurados também estão no seu direito de não os querer receber, e tomar medida para tal, sob pena de se tornar uma situação incontrolável.

Sim, se eu estivesse no lugar de qualquer um deles também gostaria de ser recebida e ajudada. É isso que eles esperam de nós.

Mas, pergunto-me eu, como é que um país que ainda está a sofrer os efeitos da crise, tem condições de receber estas pessoas? Como é que um governo que aconselha o seu povo, principalmente os jovens que são o futuro do país, a emigrar para outros países, pode agora receber povos de outros países?

Que condições é que o nosso país tem para oferecer a esses refugiados e migrantes, quando não as tem para oferecer aos portugueses?

Se não há emprego para nós, haverá para outros? Se existem tanta gente em portugal a viver em condições desumanas, como é que pode oferecer diferentes condições a quem vem de fora?

Se não existe dinheiro para proporcionar saúde e educação gratuita às nossas crianças, para oferecer melhores reformas aos nossos idosos, onde irão buscá-lo para ajudar os milhares de refugiados que vamos receber?

É óbvio que, mais uma vez, vale a bondade e o esforço da população portuguesa que, mesmo não tendo muito, ainda assim está sempre pronta a ajudar o próximo, porque o governo, apesar de "obrigado" a receber estas pessoas, pouco fará, na prática, para os ajudar e integrar.

E mais, quem nos garante que, ao aceitarmos essas pessoas cá, não estaremos a piorar ainda mais a situação que vivemos actualmente? Quem nos garante que não nos estaremos a envolver, embora sem intenção, em guerras que não são nossas?

Não tenho nada contra os migrantes e refugiados. Como disse, no seu lugar faria o mesmo. Mas, tendo em conta todos os sacrifícios a que o governo nos obrigou a fazer, por causa da crise, é justo pensar também em nós, e nas implicações que isso nos trará. 

 

O "cocó menina" de Nuno Markl

“Cocó menina”: a polémica obra de arte de Nuno Markl

 

A imagem que o seu filho Pedro imaginou, e que o pai Nuno desenhou para lhe satisfazer o pedido, valeu-lhe o bloqueio do facebook por meio dia!

Alguém apresentou queixa, o desenho foi censurado por, alegadamente, não estar de acordo com as políticas da rede social, Nuno Markl reclamou, e tudo voltou ao normal 12 horas depois, sendo o desenho original devolvido ao mural do humorista.

Assim, talvez já seja seguro o Pedro pedir ao pai um "cocó menino"!

A sério?

 

Em declarações à Renascença, Nuno Crato refere que pretende que "todos os alunos passem, mas que passem sabendo" e que "estas provas finais são um passo nesse sentido".


A sério? Pois eu lamento discordar do Sr. Ministro.


E não vou falar de todo o aparato que as mesmas envolveram, da aparente falta de organização e de meios, das contestações dos pais, nem do valor atribuído a estas provas. Já disse anteriormente que não concordo com o peso das provas na avaliação global. Aceito que haja uma introdução de provas e exames, para que os alunos se vão ambientando com uma situação que passará a ser mais frequente ao longo das suas vidas enquanto estudantes, que sirva como estudo meramente estatístico para avaliar os conhecimentos dos alunos e a eficácia dos métodos de ensino que estão a ser aplicados, mas não mais do que isso.


Quanto às afirmações do Sr. Ministro, simplesmente, parece-me contraditório afirmar que os alunos devem passar sabendo, quando na prática isso não acontece. Penso que ainda se aplica em muitas escolas a política de dificultar ou mesmo evitar os chumbos.


Segundo afirmações de alguns professores, pretende-se "Dificultar os chumbos para fabricar o sucesso. É este o objectivo das várias condições que têm de ser cumpridas para se poder reprovar um aluno no básico. Planos de recuperação, justificações escritas e uma legislação que determina claramente que a retenção só ocorre após a aplicação de uma avaliação extraordinária, são alguns dos pressupostos que têm de ser cumpridos. E, para chumbar um aluno duas vezes no mesmo ciclo de ensino, a escola tem de contar com o aval dos encarregados de educação."

 

Não é preciso ir muito longe: na turma da minha filha, existem pelo menos duas crianças que, pela lógica, já teriam ficado retidas num dos anos anteriores. No entanto, até agora, têm passado sempre, talvez devido aos planos de recuperação.

Por outro lado, uma das primas da minha filha chumbou no 2º ano e, no 4º, a professora perguntou aos pais se queriam que ela a passasse ou chumbasse, uma vez que não estava preparada para seguir em frente para o 2º ciclo. Os pais optaram por retê-la mais um ano.


Agora expliquem-me como é que uma criança que passa sempre, sem que esteja em condições para isso, sem que saiba o necessário para isso, chega depois ao 4º ano preparada para uma prova deste género. E porque é que, só na transicção do 1º para o 2º ciclo, há esta preocupação toda para que os alunos passem, sabendo, quando até aí passaram sem saber?