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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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Segunda-feira

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É segunda-feira.

Levanto-me.

Espreito pela janela. Está nublado. E frio.

Aqueço-me com uma chávena de chá quente, enquanto passo os olhos pelas novidades do dia.

 

Como todas as segundas, é sinónimo de regresso ao trabalho, e à rotina.

De mais uma semana pela frente. E de poucas horas de sono.

Mas, por incrível que pareça, não tenho muito sono. E não me dói a cabeça!

 

Segunda-feira é aquele dia que poucos gostam, a não ser que estejam de férias, de folga, ou seja feriado. 

No entanto, hoje até nem sinto aquela aversão habitual.

 

Depois de tudo feito, saio para a rua.

O sol já espreita numa parte de céu azul, que afastou as nuvens e o nevoeiro, mantendo-os à sua volta.

E, apesar de se sentir o ar gelado da manhã, ao sol, sabe bem estar. 

Pelo caminho, o cheiro a relva.

E os montes de folhas amarelas caídas no chão.

 

É segunda-feira.

No entanto, não parece segunda-feira.

O que é bom!

Mas...

Trará esta segunda-feira atípica e, aparentemente, tão positiva, como se costuma dizer, "água no bico"?

 

Porque é que temos tendência para pensar sempre o pior?

 

 

Quem me conhece já sabe que não costumo ser uma pessoa muito positiva dependendo, obviamente, da situação em si, e das circunstâncias. 

Há quem considere que isso é um grave defeito, mas eu prefiro ser "realista" e ter os pés bem assentes na terra, do que sonhadora e viver num mundo que só existe nos nossos sonhos.

Claro que, quando as coisas acontecem aos outros, tento sempre puxar pelo meu positivismo, ou desvalorizar a gravidade das situações. Mas quando me diz respeito, ou mais precisamente, à minha filha, vejo-me várias vezes a pensar o pior.

O episódio de ontem só veio comprovar esta teoria.

A minha filha tem o hábito de me ligar quando sai da escola, e quando chega a casa, para eu ficar mais descansada. Ontem, como sempre, ligou quando estava a sair. Como estava entretida com o trabalho, nem reparei nas horas, até porque algumas vezes ela liga um bom bocado depois de chegar a casa.

Entretanto, recebo uma chamada do meu pai a perguntar pela minha filha, porque ainda não tinha chegado a casa. Activou-me logo o botão "alerta vermelho"!

Já tinha passado mais do dobro do tempo que ela leva no caminho da escola a casa. Liguei logo para ela. Tinha o telemóvel desligado! 

Ainda com algum poder de discernimento, lembro-me de ligar para o meu marido, para saber se por acaso ela estaria com ele. Não me atendeu.

A esta altura já eu estava numa pilha de nervos, a pensar o pior!

Felizmente, ao fim de uns minutos, a minha filha ligou-me a dizer que estava a chegar a casa. Afinal demorou porque esteve à espera de uma colega de turma, para ver se vinha com ela e com a mãe para casa de carro, mas acabou por não ter boleia. Não passou de um valente susto.

Mas porque é que o ser humano tem tendência para pensar ou esperar sempre o pior? Será um mecanismo de defesa? Querer estar mentalizado ou preparado para a pior das hipóteses, para não ter surpresas? Não se iludir para não se decepcionar? Não criar muitas expectactivas para não correr o risco de vê-las cair por terra? Será o pessimismo uma característica enraizada na personalidade de algumas pessoas?

Talvez um pouco de tudo isso. E daquilo que nos rodeia, do mundo em que vivemos, daquilo que presenciamos, ouvimos ou conhecemos. 

Mas tenho para mim que até as pessoas mais positivas sentem, de vez em quando, medo, dúvida e apreensão, e vêem-se, algumas vezes, confrontadas com o seu lado mais negativo, ainda que jurem a pés juntos que isso nunca acontece. E, da mesma forma, embora o possam negar, as pessoas mais negativas também têm esperança, sonhos e expectativas, e conseguem pôr o pessimismo de parte em algumas ocasiões!