O dinheiro faz falta a muitos, e é sempre bem vindo, principalmente para aqueles que estão sem trabalho, vivem com dificuldades financeiras, ou têm dívidas para pagar.
Por outro lado, se nos derem a oportunidade, através de tempo de antena ilimitado, de promover o nosso trabalho, a nossa actividade e, a partir daí, criar oportunidades ainda melhores, por que não aproveitar?
E se, no meio de tudo isso, ainda nos oferecerem de bandeja o(a) parceiro(a) ideal para uma relação?
Então será ouro sobre azul! Ou não...
Até onde estão as pessoas dispostas a ir, por meia dúzia de euros, e 5 minutos de fama?
Até que ponto estão dispostas a agir como actores contratados para representar um papel que, na verdade, não são?
Até que ponto estão dispostas a envolver família e amigos nestas suas aventuras e loucuras, e sujeitá-los ao escrutínio público?
Até que ponto estão dispostas a revelar os seus segredos, o seu passado, os seus erros a todos, com as consequências que daí advenham?
Até que ponto estão dispostas a sacrificar o seu trabalho, por promessas e suposições que podem não dar em nada?
Até que ponto estão dispostas a queimar a sua imagem achando que, mesmo assim, vão sair beneficiados?
Até que ponto as pessoas estão dispostas a sujeitar-se a violência psicológica de tal forma que, podendo sair, decidem continuar?
Até que ponto as pessoas se acham no direito de ser rudes, mal educadas, até mesmo estúpidas, só porque não concordam com as regras, ou com o que estão a obter?
Até que ponto, e até quando, estão essas pessoas dispostas a fingir algo que não são, e algo que não sentem?
Até que ponto estão as pessoas tão desesperadas por amor, que se rebaixam e insistem em bater na mesma tecla, quando o piano nunca funcionou?
Até que ponto as pessoas gostam assim tanto de fazer figura de parvos, para entreter quem os vê?
Até que ponto as pessoas precisam assim tanto do dinheiro, da fama, e de um programa de televisão, para serem felizes?
Vale tudo?
Ao que parece, vale!
Mesmo que dali a uns tempos ninguém mais se lembre deles, e volte tudo ao normal.
Só isso explica o facto de uma mulher, que já disse e mostrou que não sente nada pelo companheiro, que o acusa de ser agressivo, manipulador, de a rebaixar a toda a hora, que chora e afirma sentir-se esgotada e triste com essa relação, decidir continuar ao lado dele.
Se é para promover o seu trabalho, como dizem, achará mesmo que isso abonará a seu favor?
Se é, como dizem, para ficar perto de outro concorrente por quem se sente atraída, não seria mais fácil abandonarem os dois o barco e serem felizes cá fora?
Só isso explica o facto de um homem, que diz que ninguém está ali pelo verdadeiro propósito que afirmou ir, e que era a base da experiência, que se faz de coitadinho, traído, ignorado e não amado, decidir manter-se ao lado de uma mulher que, nas suas próprias palavras, não serve para ele nem para nenhum homem.
Só isso explica o facto de duas pessoas totalmente diferentes, quer em formas de estar, quer em formas de pensar, e que não gostam de nada um no outro, nem fisica, nem psicologicamente, decidirem permanecer juntas?
Só isso explica o facto de se continuar a aguentar birras de crianças em adultos, cobranças, discussões, desprezo, indiferença, quando podem sair fora a qualquer momento.
Mas o público agradece o esforço!
Afinal, o que seria de nós sem essas pessoas, e esses momentos totalmente alucinados e hilariantes que nos proporcionam, e que tanto nos divertem?!
O que seria de nós sem este serviço público, que descredibiliza cada vez mais os psicólogos, neuropsicólogos e coachers, denominados especialistas em matérias sobre as quais não têm qualquer poder de intervenção, e mostra a cada semana que, como era de esperar, erraram e continuam a errar em tudo?
O que seria se nós sem esta mostra do que podemos encontrar no dia a dia, na sociedade, do mais liberal ao mais conservador; do mais autêntico e até ingénuo, ao mais astuto e fingido, escondido atrás da máscara; do mais cool e easy going, ao mais stressado e complicado, do mais psicopata e controlador, ao mais falso e dissimulado?