Quantos mais jovens terão que morrer...
...para se pôr um ponto final nas praxes estúpidas e sem sentido que todos os anos se repetem?
Sim, todos os anos, por esta altura, se fala das praxes. E todos os anos, se ouvem vozes que defendem as praxes, vozes que defendem que certos comportamentos não podem ser considerados praxe, e vozes contra qualquer tipo de comportamento que provoque danos, sejam eles praxe ou não mas, curiosamente (coincidência ou não), sempre envolvendo caloiros e veteranos das universidades.
Ah e tal, são uma forma saudável de integrar os caloiros na vida universitária. Sim, algumas podem até ser. Todas aquelas que contribuam para a formação cívica dos caloiros, para a sua real integração no ambiente de uma universidade, para um espírito de equipa, entreajuda e solidariedade.
Mas não me parece que humilhar, subjugar, mandar, agredir, ameaçar ou maltratar, se enquadrem nessa categoria.
Não me parece que obrigar estudantes a enterrarem-se na areia e beber álcool sem parar, se enquadre num tipo de praxe útil para alguém, que não mentes perversas e sem qualquer carácter.
A tragédia do Meco resultou na morte de vários jovens, sem que se tenha apurado qualquer culpado. A culpa morreu, literalmente, na praia.
Melhor sorte teve a jovem de Faro, que foi levada para o hospital em coma alcoólico. Mas podia ter corrido muito mal.
E não me venham dizer que ninguém foi para lá obrigado, e que só participa quem quer. O problema não está em quem participa, de livre vontade ou não. O problema está em quem teve a ideia de praticar tais actos!
Até quando isto vai continuar a acontecer?
Até quando vão permitir que isto aconteça?
Quantos mais acidentes resultantes das praxes serão necessários?
Quantos mais jovens terão que morrer?
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