Para que serve mesmo um "médico de família"?
"O médico de família está focado no indivíduo como um todo, no seu contexto familiar e social, promovendo o seu bem-estar físico e psíquico, para que o paciente possa viver na plenitude das suas faculdades.
Este médico é o pilar dos cuidados de saúde e é responsável por coordenar todos os aspetos do mesmo, trabalhando em sinergia com outras especialidades, no melhor interesse do doente.
O médico de família aborda todo o tipo de doenças de todo o tipo de sistemas, em todas as faixas etárias e em ambos os géneros. Observa e orienta doentes com queixas respiratórias, cardíacas, urinárias, musculares, neurológicas e outras. ", de cuf
No outro dia, em conversa com o meu irmão, questionei-me para que serve mesmo um médico de família.
No verdadeiro sentido da palavra.
E que diferença encontramos entre esse, e um qualquer outro médico que nos atenda, em substituição do primeiro.
Isto, a propósito de a nossa médica de família se lembrar, agora que o meu pai tem 81 anos, e por conta de uma dor que tem na sequência de uma queda, de passar um exame para diagnóstico de osteoporose.
E se tiver? De que adianta agora?
Não deveria ter passado esse exame há uns 10/ 20 anos atrás? Para que fosse possível prevenir?
Isto é só um exemplo.
Posso dar mais.
Há já alguns anos, queixei-me à médica de família que costumava ter enxaquecas.
Resposta: nesses dias, deitas-te na cama, às escuras e em silêncio, até passar, e pões o teu marido a fazer as tarefas domésticas. Se necessário, tomas comprimidos.
Nunca teve a iniciativa, ou me perguntou se eu queria que me encaminhasse para a especialidade, para descobrir a causa das enxaquecas, e ver o tratamento mais adequado.
É suposto um médico de família conhecer bem o seu doente.
No entanto, acompanhando-me desde a infância, nunca me alertou para o perigo dos meus imensos sinais no corpo, ou me aconselhou a ser vigiada por um dermatologista, por prevenção.
Em 2021, fiz uns exames que deveriam ser repetidos, para controlo.
Em 2023, fui à médica, e ela nem se lembrou disso.
A ideia que dá é que a pessoa vai lá, queixa-se de qualquer coisa, e é nisso que se foca (quando se foca), esquecendo o resto.
Aliás, pelo que vejo, qualquer informação mais antiga já nem consta no processo.
Então, pergunto-me eu: será que os médicos de família, hoje em dia, acompanham os seus pacientes como deveriam?
Por vezes fico com a sensação de que, indo a outro médico do mesmo centro de saúde, à falta de vaga para a médica de família, sou melhor atendida. E que há uma maior preocupação e interesse.
A minha mãe, por nunca ir às consultas, perdeu a médica de família.
Passou para outra unidade (onde estão os utentes sem médico de família), e foi-lhe atribuída outra médica.
Posso dizer que, da única vez em que precisou dela (infelizmente já tarde demais), a médica foi mais prestável, expedita e atenciosa, que a nossa médica de família.
Agora que a médica de família está prestes a reformar-se, será que as coisas vão ser piores?
Sei que, em vários centros de saúde, as coisas são um descalabro, quer a nível de comunicação, de marcação de consultas, ou emissão de credenciais para exames.
Médicos de família ausentes, de baixa ou sem vagas.
Aqui até vai funcionando.
E acredito que, talvez, não seja assim tão mau a nossa médica de sempre ir embora.
Quem sabe, não fica alguém melhor no seu lugar...
E por aí, qual a vossa experiência com médicos de família?