Nunca estaremos preparados para a morte
É aquilo que de mais certo temos na vida.
Sabemos que chegará. Sabemos que nada a impedirá.
Mas, ainda assim, nada, nem ninguém, está preparado, nem nos prepara, para quando ela chega.
Porque, o momento em que estivermos totalmente preparados para ela, será o momento em que já nos conformámos, em que perdemos a esperança, em que baixamos os braços e deixamos de lutar.
Por isso mesmo, nunca estaremos preparados para a morte dos nossos entes queridos.
Como os nossos pais.
Pai, é pai. Mãe, é mãe. São eternos, no nosso pensamento.
Estarão sempre lá para nós, tal como nós, para eles. Aguentam tudo, são valentes, são rijos, são sobreviventes. São o nosso apoio, o nosso abrigo, os nossos conselheiros.
Por vezes são chatos, rabujentos, dão trabalho, dão-nos preocupações. Mas não o fazemos tantas vezes, também nós, enquanto filhos?
E, no entanto, não deixamos de os amar, e eles a nós.
Por isso, por muito que a vida nos vá dando indícios de que as coisas estão diferentes, de que as probabilidades estão a aumentar, de que o tempo está a fugir pelos dedos, de que algo se pode aproximar, ignoramos, fingimos não ver, ou acreditamos, sinceramente, que é apenas um mau pensamento, numa má fase, e que tudo voltará a ficar bem.
A morte dos meus pais é algo que, felizmente, ainda não me surge muito no pensamento. Penso sempre que ainda têm muitos anos pela frente.
Mas já vi muitos pais, e mães de pessoas que me são próximas, ou nem tanto, deixarem este mundo. Muitas vezes, cedo demais. Para alguns, já seria um desfecho previsível. Para outros, nem tanto.
E, seja em que circunstância for, nunca é fácil. É sempre um choque, uma sensação de punhalada, de vazio, de inconformismo.
Podemos tentar confortar, de todas as formas que conseguirmos, os filhos e familiares que ficam, mas nenhum gesto ou palavra, por mais sincera e sentida que seja, apaga a dor da perda.
Só quem passa por isso, saberá.
O mais próximo que tive de alguém a falecer na família, foi a minha tia e madrinha. E custou-me, na altura.
Mas mãe, é mãe. E pai, é pai. É diferente.
O maior consolo, para um filho que perde uma mãe, ou um pai, é saber que, em vida, esteve sempre lá para eles. Que não deixou nada por dizer. Nem por fazer.
Que viveram e partilharam os melhores momentos que poderiam ter vivido, e partilhado.
Acreditar que, onde quer que estejam, estarão bem. Que já fizeram o que tinham a fazer neste mundo, e agora resta-nos continuar o seu legado, até chegar a nossa vez.
E que um dia, quem sabe, se reencontrarão.
Hoje, soube que partiu a mãe de uma blogger desta plataforma, com quem tenho uma relação meramente virtual, mas que já considero de amizade - a Joana.
Este texto é dedicado a todos aqueles que já perderam os seus pais e, especialmente, para a Joana, a quem desejo muita força, neste momento tão triste para si e para a sua família.
Um beijinho, Joana!
Um abraço apertado, e muita força e coragem