Da aplicação StayAway Covid
e porque ainda não a instalei
Quando foi disponiblizada a aplicação StayAway Covid, e o primeiro ministro afirmou que todos deveriam instalar, por uma questão de civismo, foram várias as pessoas que a instalaram de imediato, por si, e pelos outros.
A ideia em si, é boa. É mais uma forma de prevenção. De informação. De contenção.
Mas peca, por falta de informação e esclarecimentos, quanto à forma como deve ser utilizada, quais os procedimentos a tomar por quem a usa, e as implicações de não lhe dar o uso devido.
E se, por um lado, ainda existem resistentes que optam por não a instalar, por questões de privacidade ou segurança, parece-me que a preocupação deveria ser outra.
Se uma pessoa ficar infectada e inserir esses dados na aplicação, cumpriu o seu dever. Até aí, muito simples.
Mas, e se a pessoa estiver do outro lado? Se for a pessoa que recebe o alerta de que esteve próximo de alguém infectado? O que deve fazer? Quais são os seus deveres, e como ficam protegidos os seus direitos?
Se ignorar, e se vier a verificar que até está infectado e, entretanto, andou a infectar outros, o que lhe acontece? Afinal, ele foi avisado! Tem implicações legais? Pode ser alvo de processo disciplinar no trabalho? Ou de um processo em tribunal?
Se, por outro lado, decide ficar logo em isolamento, que justificação tem para faltar ao trabalho? Quem lhe fornece essa justificação?
Se decidir ir ao médico, para que lhe passe uma credencial para fazer o teste, o que faz nesse tempo entre o aviso recebido, e o resultado do teste?
E se, no espaço de uma semana, a pessoa receber dois ou três alertas? Tem que fazer o mesmo número de testes? Quem paga esses testes?
Acho que estas seriam as principais dúvidas a ser esclarecidas, antes de instalar a aplicação.
Porque, à falta destas informações, e sem saber muito bem o que fazer, é preferível não ter a aplicação instalada.
Imagem: decoproteste