É verdade que a professora é exigente.
Que manda sempre imensos trabalhos de casa, como se só tivesse aquela disciplina para ocupar o tempo.
Que faz testes complicados que nem sempre favorecem as notas.
Que já lhes disse algumas vezes que não os gostava de ter como alunos, porque se portam muito mal, mas...
Também é verdade que é das professoras que melhor ensina naquela escola.
E que, de alguma forma, os alunos reconhecem isso, e gostam da professora tal como ela, apesar de tudo, gosta deles.
A prova disso é que, ao fim de alguns meses com outra professora substituta, já todos ansiavam pelo regresso da sua professora de sempre.
A professora Ofélia é uma mulher com cerca de 60 anos. Mas os anos parecem não passar por ela. Aliás, tem momentos em que parece até mais jovem do que há 20 anos atrás.
É uma mulher de garra, de bem com a vida, alegre, bem disposta.
E uma lutadora.
Há dois anos, quando foi professora da minha filha pela primeira vez, esteve de baixa durante uns meses, para tratar um cancro. Tudo correu bem, e no 8º ano estiveram com ela do início ao fim. Agora, no 9º ano, começaram com ela mas, infelizmente, teve que ser substituída ainda no primeiro período, porque o cancro tinha voltado.
Encontrei-a há dias, e ela disse que já estava tudo bem, e que dia 11 já regressava à escola.
Ontem, era o primeiro dia da semana em que a turma da minha filha tinha aulas com ela.
E prepararam uma festa surpresa, de boas vindas, para celebrar o regresso da professora Ofélia!
Com a colaboração das auxiliares escreveram, antes da chegada da professora, uma mensagem no quadro. E colocaram nas mesas os bolos, salgados, pipocas e tudo o mais que cada um levou.
Quando a professora abriu a porta, deparou-se com um cenário que, por certo, não esperava! E emocionou-se... Até eu me emociono só de imaginar.
Foi nesse momento que ela lhes disse que tinha muitas saudades deles, e que queria muito voltar à escola. Que, apesar de ter outras turmas, havia uma afinidade especial com esta.
E os dois tempos de aula, foram passados em festa, porque não havia espírito para mais nada!