"A maquilhagem deve ser discreta, o batom e sombras em cores nude, base, lápis e rímel adequados à fisionomia de cada pessoa". - Será melhor ter um maquilhador à disposição dos funcionários para determinar tudo isto! Não bastaria uma simples menção a "maquilhagem discreta"?
"Não podem ser usados piercings, joias, tatuagens de qualquer tipo em locais visíveis do corpo"- Quanto aos piercings e tatuagens, ainda se pode dar o caso de não estarem em zonas visíveis ou, com jeitinho, se taparem. Já no caso das jóias, quer pulseiras, relógios ou fios/colares, acabam por ficar em zonas visíveis, pelo que até uma simples aliança de casamento, suponho, será proibida!
Ah, afinal não. Desde que seja discreta. - "jóias simples e discretas em quantidade reduzida, e os brincos terão de ser curtos e junto à orelha”
Em que é que isso afecta os utentes mesmo? Os maus profissionais tornam-se melhores desprovidos destes acessórios? Ou terá algum profissional aparecido no hospital de forma tão escandalosa que algum utente teve um ataque cardíaco devido ao choque?
"uso de rabo de cavalo se o comprimento do cabelo estiver abaixo dos ombros" - E não esquecer, claro, o cabelo. É que um cabelo demasiado comprido pode atrapalhar a visão do profissional.
Na verdade, na maioria das vezes, mais ou menos comprido, atrapalha o trabalho e acaba-se por andar com ele preso. Mas haveria necessidade de pôr isso no papel?
Já para os homens, são estas as proibições: chinelos, sandálias e botas, assim como piercings. - pergunto-me se vamos deixar de ver médicos, enfermeiros e auxiliares com aqueles "tamancos brancos" que é costume usarem no hospital quando estão em serviço.
Por outro lado, devem usar "meias lisas e discretas, de preferência azuis escuras". - Atenção fabricantes, reforcem a produção, para que não esgotem.
Penso que tudo isto era desnecessário. Ninguém, penso eu, vai trabalhar num hospital como se fosse para o circo, para uma discoteca ou para a praia, nem tão pouco para o engate. Há que haver bom senso. E, se for preferível, optar por uma farda completa, que não se limite a uma bata branca.
Tenho a certeza de que os utentes têm queixas bem mais graves, de procedimentos e práticas que devem mudar, e às quais deveriam dar mais atenção.
Mas há sempre aquela tendência de sobressair nas "futilidades", para tapar os reais problemas.
Se o Dr. Melendez, da série The Good Doctor, trabalhasse no hospital de Cascais, teria que esconder melhor a sua tatuagem, ou ia para a rua!
Imagem: SAPO Lifestyle