O filme estreou na passada semana, e vimo-lo no domingo.
Na sequência do anterior, Elle e Noah são agora um casal de namorados que irá enfrentar a distância, e pôr à prova aquilo que realmente sentem um pelo outro.
Na teoria, mais um filme romântico para adolescentes, igual a tantos outros.
Na prática, são várias as reflexões que podemos fazer. E aprendizagens que podemos retirar.
Amizade
Quando os amigos iniciam relações com terceiras pessoas, a amizade ressente-se?
É possível manter as amizades, ou agora a prioridade é apenas o parceiro?
Os amigos serão para sempre amigos, se assim o entenderem e, havendo compreensão, é possível conjugar ambas as relações, sem que os amigos se sintam, de um momento para o outro, excluídos, e sem que os respetivos parceiros sintam que estão em segundo lugar, na lista de prioridades.
O segredo consiste em se ser honesto porque, quando assim não é, uma bola de neve de mal entendidos pode levar a que se estrague tanto a relação amorosa, como a de amizade.
É possível haver amizade entre pessoas de sexo oposto, sem segundas intenções, e a prova disso são Elle e Lee. Mas para quem está numa relação insegura, e à distância, por vezes surge a dúvida. E a dúvida fica ali a corroer, se não for esclarecida, e se a insegurança não der lugar à confiança.
Por muito que os amigos façam planos juntos, poderá haver situações que levam a que se tenha que alterar esses planos, adaptando-os a uma nova realidade. Isso não tem que ser encarado como uma traição à amizade. Se gostamos dos nossos amigos, e os queremos ver felizes, devemos apoiar algo que eles desejem e os faça felizes.
Amor
Por vezes, as nossas maiores inseguranças e receios acabam por se transformar na única coisa que conseguimos ver, e na qual queremos acreditar.
É impressionante como olhamos para as coisas e estamos tão cegos. Ou melhor, vemos aquilo que não existe, mas não conseguimos ver aquilo que é.
Ao interpretar aquilo que captámos, o nosso cérebro cria toda uma história que, apesar de não passar de imaginação, o reflexo da insegurança, é aquela que consideramos real e que, se não abrirmos, realmente, os olhos a tempo, poderá acabar por se tornar real.
Agora imaginem se, numa relação, as duas pessoas agirem assim? Não dará bom resultado.
Mais uma vez, o segredo é o diálogo. Se se começam a esconder inseguranças, a mostrar desconfianças, a fazer de conta que está tudo bem, ao mesmo tempo que se mostra que nada está bem, sem se falar abertamente, nem um nem outro saberão o que se passa na cabeça e no coração do parceiro, e poderá interpretar os sinais de forma errada.
É preciso muito cuidado, numa relação à distância, com o "espaço" que achamos que devemos dar ao parceiro, porque esse espaço depressa pode parecer, ao outro, um afastamento, um desinteresse, um esfriar da relação.
Por vezes, a boa intenção com que fazemos as coisas, de um lado, pode chegar ao outro com uma interpretação contrária, e negativa, sobretudo se exagerarmos.
Por outro lado, se esse "espaço" é algo que fazemos de forma forçada, ou propositada, é porque estamos a ir contra aquilo que sentimos, e não nos fará bem. E se o parceiro nunca desejou ou pediu esse espaço, ainda pior.
Nem tudo o que parece é. Mas se há confiança na relação, não devemos guardar para nós os problemas pelos quais estamos a passar, só para não incomodar os outros.
Vida
Devemos fazer as coisas por nós, e não pelos outros.
Ainda que essas coisas possam incluir os outros.
É válido querer estar mais perto da pessoa que se ama, e planear a vida e o futuro tendo em conta essa vontade, mas não exclusivamente por conta da relação. E talvez seja melhor pensar duas vezes, se essa decisão será a melhor para a nossa vida, para os nossos planos pessoais e profissionais.
Se é o que realmente queremos, ou só nos estamos a desviar, sem querer, mas porque parece o mais acertado?
Devemos fazer as coisas por prazer, e não por obrigação, sempre que for possível.
Porque é esse prazer, esse sentir, essa descontração, que nos levará a mostrar o nosso melhor.
Ainda que não seja perfeito, que seja sentido com emoção, porque o resto surge por acréscimo.
Há momentos em que não se pode agir de forma metódica e mecânica.
Há momentos em que não podemos mostrar aos outros aquilo que achamos que eles esperam de nós, mas aquilo que realmente somos.
Até porque as mentiras não duram para sempre, e o nosso verdadeiro "eu" acabará por vir ao de cima.