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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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Protecção Excessiva ou Prevenção? – Uma Linha Ténue

Combinaram encontrar-se numa pastelaria e tomar juntos, na manhã seguinte, o pequeno-almoço.

Seria um encontro a dois, entre pai e filha (pensava ele), para poderem estar algum tempo juntos, agora que ele tinha tomado a decisão de deixar o seu trabalho para estar mais perto da sua menina (que há muito tinha deixado de ser menina e se transformado numa adolescente) e, de certa forma, recuperar o tempo perdido.

Enganou-se. Com a filha, veio também a sua ex-mulher. Entre a espontaneidade e entusiasmo da primeira, e a arrogância irritante da segunda, o assunto foi exposto de forma rápida, apanhando-o de surpresa.

Tratava-se de uma assinatura! Uma assinatura numa declaração de autorização de saída do país, para uma viagem a Paris! Segundo ela, a convite de uns primos de uma amiga, iriam as duas, aproveitando para conhecer a cidade, visitar alguns museus e enriquecer-se culturalmente.

Na verdade, não havia convite nem primos, iriam apenas as duas, com a finalidade de seguir a digressão de um famoso grupo de rock põe diversas cidades. Mas isto, o pai só viria a saber mais tarde.

Naquele momento, a sua reacção foi de relutância, informou-a que iria pensar e que depois lhe diria alguma coisa. Causava-lhe uma certa preocupação autorizar a filha, com apenas 17 anos, a sair do país.

Já a mãe, não compreendia tal hesitação – para ela, o ex-marido estava a complicar tudo, a limitar a sua filha, a impedi-la de conhecer o mundo! Além disso, que mal poderia haver numa simples viagem?

Com algumas condições, impostas por quem sabe melhor que ninguém o que pode acontecer, o pai assinou a autorização.

Eu, por exemplo, quando tive que decidir se autorizava a minha filha a ir aos passeios da escola, fiquei com algumas dúvidas. Tanta coisa poderia acontecer. Mas acabei por deixá-la ir a todos e, até agora, com sucesso.

Algumas vezes a deixo ir sozinha da nossa casa até à da avó – a distância é de alguns metros - acreditando nada irá acontecer. Algumas vezes a deixo fazer outras coisas sozinha, com o mesmo pensamento positivo. Outras tantas, prefiro jogar pelo seguro e não arriscar.

A questão que se coloca é a seguinte: até que ponto se distingue protecção excessiva de prevenção? Até que ponto estamos a limitar os nossos filhos, ou simplesmente a evitar possíveis situações de perigo? Até que ponto as duas se confundem?

Principalmente, tendo em conta as notícias que nos chegam todos os dias, tanto de acidentes como de raptos, homicídios, violações e outras, com maior ou menor gravidade, mas que desejamos que nunca “batam à nossa porta”!

De facto, a linha que separa a protecção em excesso da prevenção comedida é muito ténue.

Isto porque uma situação, aparentemente normal, pode não correr da melhor forma, assim como uma eventual situação de risco, pode decorrer sem incidentes.

E como, infelizmente, ainda não possuímos uma bola de cristal, nem poderes mágicos para adivinhar o futuro, e nem sempre o chamado “sexto sentido” emite sinais, ficará ao critério de cada um encontrar o limite de uma e outra, e reger-se pelo bom senso e sentido de responsabilidade, zelando pela segurança daqueles que não queremos perder!